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Artigos Segunda-feira, 20 de Outubro de 2025, 09:10 - A | A

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Segunda-feira, 20 de Outubro de 2025, 09h:10 - A | A

VANESSA SUZUKI

Coragem para recomeçar

VANESSA SUZUKI

Vivemos uma era de insatisfação generalizada no trabalho. Jovens e veteranos, cada qual a seu modo, parecem deslocados.

De um lado, as novas gerações são criticadas por sua fluidez — mudam de emprego com facilidade, buscam conforto e propósito mais do que estabilidade. Não se conectam às culturas corporativas e trocam o crachá sem remorso, mesmo que isso signifique ganhar menos.

Para muitos, o trabalho é apenas um meio temporário de financiar experiências, e não mais o eixo em torno do qual se constrói uma vida.

Mas há um outro tipo de desconexão, mais silenciosa e dolorosa, que raramente é discutida: a dos profissionais com mais de 35 anos que permanecem presos a empregos que já não fazem sentido.

São pessoas que acumularam conhecimento, experiência e maturidade, mas que se veem imobilizadas pelo medo — medo de arriscar, de perder o pouco de segurança conquistada, de enfrentar o desconhecido.

Enquanto os jovens saem correndo das empresas sem olhar para trás, os mais velhos permanecem nelas por inércia. Acomodam-se em rotinas que já não inspiram, sustentam uma lealdade que a própria empresa não exige mais, e confundem prudência com resignação.

O resultado é uma forma sutil de exaustão: vidas profissionais longas, porém murchas; carreiras que continuam apenas por hábito.

O tempo, que poderia ser aliado, torna-se carcereiro. E assim muitos passam os melhores anos de maturidade — quando têm mais discernimento, repertório e serenidade — cumprindo tarefas que já não os representam.

É preciso coragem para recomeçar, mas coragem não é privilégio da juventude. Há uma potência imensa em quem já viveu o bastante para saber o que realmente importa.

Esses profissionais maduros conhecem o mercado, entendem as pessoas, sabem onde erraram e onde acertaram. Têm exatamente o que falta aos mais novos: consistência, paciência, visão. O que lhes falta é apenas o impulso — a centelha de desprendimento que as novas gerações têm de sobra.

O medo de inovar é compreensível, mas o conformismo é mortal.
Quem permanece onde já não há sentido troca a possibilidade de um futuro verdadeiro pela ilusão da segurança. E segurança, no mundo de hoje, é conceito cada vez mais frágil.

Talvez seja hora de inverter os papéis: que os jovens aprendam com a experiência dos mais velhos — e que os mais velhos aprendam com a leveza dos jovens. Porque a maturidade só se realiza quando é capaz de ousar novamente, sem o peso do passado e nem o pavor do futuro.

Afinal, o trabalho só tem valor quando é expressão de vida, e não mera sobrevivência.

(*) VANESSA SUZUKI é jornalista e anfitriã na plataforma Airbnb desde 2019.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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