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Artigos Segunda-feira, 12 de Março de 2012, 19:17 - A | A

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Segunda-feira, 12 de Março de 2012, 19h:17 - A | A

Chorinho, um novo lugar!

Em Cuiabá, uma família com sobrenome “Chorinho” vem fazendo história, mudando essa realidade. Marinho e Fátima comandam uma das casas mais badaladas da competitiva noite cuiabana, o Chorinho. Casa de bambas que carrega praticamente sozinha uma misssão ..

RAONI RICCI

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Quem diria. Uma geração sobre forte influência dos embalos do sertanejo universitário, do funk e do axé music (sem preconceito) se rende ao charme e a irreverência do samba. Há alguns anos, quando tentava arranhar alguns acordes no cavaquinho e no violão em rodas de amigos, me sentia frustrado. Cartola, Chico, Vinícius, Tom, Paulinho da Viola e tantos outros soavam indiferentes aos ouvidos. Pensava que ou eu era retrógrado demais, ou deveria ter nascido na época errada.

Mas o tempo provou que nem um e nem outro. Tudo era uma questão de oportunidade. Infelizmente, a rádio e a televisão destinam nenhum ou pouco espaço para o samba, o choro, a bossa nova, criando um abismo entre as gerações.

Em Cuiabá, uma família com sobrenome “Chorinho” vem fazendo história, mudando essa (antiga) realidade. Marinho e Fátima comandam uma das casas mais badaladas da competitiva noite cuiabana, o Chorinho. Casa de bambas que carrega praticamente sozinha a missão de perpetuar o samba genuinamente brasileiro na Capital mato-grossense.

São quase 20 anos de casa, mas a última década é sem dúvida a mais importante de todas, na minha ótica. Nos últimos anos, o Chorinho conseguiu colocar à mesma mesa antigos e novos chorões, interrompendo um caminho que parecia sem volta. Hoje é fato! O samba renasce em Cuiabá e o seu coração é o Chorinho.

De lá, das rodas dos velhos chorões, surgiram novos chorões, que hoje formam diferentes bandas, como a Orquestra de Buteco, Samba de Moage, Conversa de Botequim, Triêro e muitos outros que representam a nova geração do samba cuiabano.

Para alguns a invasão jovem no ambiente antes unicamente dos saudosistas de outros carnavais não passa de modismo. Já escutei isso de um ou dois amigos. Para um ou outro caso, pode até ser, mas para a massa que vai pontualmente ao Chorinho não.

Digo isso com a propriedade de um bom entendedor, mas que não se satisfaz com meia palavra. Não sou frequentandor antigo do Chorinho, mas ultimamente assíduo e observador.

Diferente de quando mais novo fico hoje extasiado de felicidade ao olhar em volta e ver todos, dessa e de outroas gerações, cantando com muita emoção “O mundo é um moinho”, clássico de Cartola, sem errar uma só frase. Quando vejo que Chico e Vinícius estão na ponta da língua, que Tom e Paulinho já não soam tão indiferentes. Isso não é modismo, é amor. É sinal de que o samba não morreu.

Agora, 19 anos depois, o Chorinho vai mudar de lugar. A lei e alguns vizinhos, nem sempre entendem a poesia que vem da casa dos bambas. Sai do Jardim Tropical para ir levar sua boemia para próximo do Choppão, na Rua Estevão de Mendonça.

Se por um lado a imposição do destino causa tristeza, por outro, o futuro motiva, pois o samba não pode parar. Que a magia no dedilhar do sete cordas de Marinho e o sorriso e postura de Fátima no comando do novo lugar sejam ingredientes para o sucesso. Do samba, da família Marinho, e nosso, o público.

Para encerrar essa ladainha, faço meu os versos de Chico Buarque, que disse na musica Paratodos, tudo o que tinha que ser dito:

“Vi cidades, vi dinheiro. Bandoleiros, vi hospícios. Moças feito passarinho, avoando de edifícios. Fume Ari, cheire Vinícius. Beba Nelson Cavaquinho. Para um coração mesquinho. Contra a solidão agreste. Luiz Gonzaga é tiro certo. Pixinguinha é inconteste. Tome Noel, Cartola, Orestes, Caetano e João Gilberto. Viva Erasmo, Ben, Roberto. Gil e Hermeto, palmas para todos os instrumentistas. Salve Edu, Bituca, Nara, Gal, Bethania, Rita, Clara, Evoé, jovens à vista”.

E viva a democracia do choro!

(*) RAONI RICCI é jornalista em Cuiabá.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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jasper ottoni amarilha 13/03/2012

Raoni, há muito estão querendo mistificar o estilo musical chorinho no Brasil, como sendo o máximo da música brasileira.Não concordo.Esse pessoal do choro, não passa de um bando de saudosistas que vivem tocando uma música quadrada e desprovida de evolução hamônica. Reconheço o choro como mera referência musical, porém, a bossa nova que muitos renegam, foi e continua sendo um dos pilares da música mundial. Eu há muito deixei de tocar violão em Cuiabá, por conta de músicos que não conseguem tocar corretamente as músicas do Tom Jobim e a batida do João Gilberto.Esse tal de chorinho é uma tristeza. Se vcê pegar um disco do João Gilberto e ouvir com atenção, vcê vai perceber que não existe música mais bela e perfeita que a bossa. Abraços.

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Rodrigo Rodrigues 12/03/2012

Exelente artigo,paranbens ao senhor Raoni. Há muito tenho dito da importância que o chorinhos bar tem na tradição da música brasileira. Espero que tenham muito mais sucesso na nova casa, e não perca a simplicidade e a sofisticação. Em uma cidade que peca pela falta de uma politica cultural, é um alivio que a cada dia mais jovens se interessam pela música barsileira, e o chorinhos bar tem mantido acesso a chama por gerações e gerações.

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Neusa Aparecida 12/03/2012

Caro jornalista Raoni, o Chorinho é ótimo pra vc que vai lá de vez em quando. Tenha um Chorinho ao lado da sua casa, com um barulho infernal, com carros estacionados na sua garagem, com bêbados e drogados fazendo arruaça 5 vezes por semana no seu bairro, um estabelecimento que não respeita o código de posturas da prefeitura, o lixeiro que não passa devido ao excesso de carros estacionados indevidamente na rua, enfim, talvez depois de analisar tudo isso vc ajude a levar esta poesia que vem da casa dos bambas pra perto da sua casa. Sucesso ao Marinho, pois ele é um cara do bem.

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3 comentários

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