Assessoria
Você deve estar se perguntando “o que agiotagem tem a ver com investimentos e planejamento financeiro? ”
Apesar de ser ilegal, esta prática é muito comum, principalmente em cidades do interior. Quando a bomba explode, prejudica consideravelmente o patrimônio pessoal e familiar dos envolvidos.
A ideia deste texto é alertar as pessoas que esta prática envolve grandes riscos e mostrar como ela pode ser prejudicial no acumulo de patrimônio ao longo prazo. Além, é claro, de ressaltar que é um ato ilegal e criminoso.
Para exemplificar, utilizarei um caso real que ocorreu recentemente numa das cidades no qual atuamos, com débitos acima de 40 milhões de reais.
Algumas considerações:
· Não tenho interesse em julgar as pessoas envolvidas, não cabe a mim falar quem errou ou acertou;
· Meu ponto de vista é restritamente financeiro;
· Desenvolvo assunto em torno da ilegalidade da prática e os efeitos nefastos sobre os patrimônios das pessoas;
O que é agiotagem?
Simplificando o termo, agiotagem é empréstimo rápido, fácil e sem burocracia. Tal simplicidade gera um custo muito maior do que mercado. Em outras palavras, agiotagem é empréstimo de dinheiro com cobrança de juros exorbitantes. O agiota ou usuário é aquele que empresta dinheiro e cobra juros elevados.
Geralmente, eles são procurados por pessoas que já não conseguem se financiar no mercado, por isso, estes indivíduos se submetem a pagar taxas muito acima do mercado. Agem normalmente com um contrato verbal, no qual combinam as taxas de juros e garantias envolvidas (imóvel, veículos, máquinas, etc.). As garantias eventualmente ajudam a mascarar este tipo de transação, como por exemplo, uma venda simulada de um imóvel.
Existem vários modus operandi para prática de agiotagem, mas na essência, carrega a característica acima.
Caso real
Recentemente, um grande grupo econômico atuante no setor de construção civil, caiu na derrocada e ficou com déficit superior a R$ 40 milhões.
Como funcionava: o empresário possui uma rede de lojas e para financiar suas operações e crescimento, ele captava recursos de pessoas no mercado (vou tratar como investidores) prometendo pagar uma taxa de juros (2% ao mês) em determinado período.
Conheci algumas pessoas e inclusive alguns clientes, que tinham recursos emprestado ao empresário. Quando perguntava, se eles confiavam no empresário, recebia um ‘sim’ quase que de imediato.
Quando perguntava qual embasamento técnico utilizado para sustentar a decisão e ressaltava a ilegalidade e os riscos, obtinha com frequência tais respostas:
“Ele me paga 2% ao mês, utiliza meu recurso e de mais pessoas para comprar cimento em grande escala pagando R$ 14,00 e vende a R$ 22,00, ainda sobra muita margem para ele”
“É pessoal tradicional da cidade, tem bom histórico e reputação”
“Numa eventualidade ele tem patrimônio”
“Qualquer coisa pego em mercadoria”
Este eram principais argumentos...
Mas como tudo na vida muda e com as mudanças drásticas e desordenadas que ocorreram no governo federal, o que era mel se transformou em fel e troue infelicidade a várias pessoas.
Os investidores devem ter em mente que todo retorno acima do mercado é explicado por alto risco. Baixo retorno, baixo risco.
Uma pessoa ou empresa que capta recursos através de agiotas, é um sinal vermelho, já que a mesma não consegue captar recursos no mercado regulado.
A pergunta que fica é: como e quando as pessoas que tinham recursos nessa empresa irão receber?
O que importa agora é o aprendizado, ou seja, práticas erradas tendem a trazer grandes prejuízos a longo prazo.
Seu plano de Investimentos
Ganhar dinheiro não é nada fácil, por isso, dê valor ao patrimônio que foi adquirido com muito trabalho e esforço. Como diz um velho ditado americano:
“There is no free lunch”
Muitas coisas ‘fáceis’ e outras até ‘milagrosas’ irão aparecer ao longo da sua vida, no entanto, manter-se firme no seu plano de investimentos vai evitar que você caia nestas armadilhas.
Como profissional da área financeira, sinto-me na obrigação de alertar às pessoas quanto a periculosidade de práticas como esta.
Foque no seu plano de investimentos, ele vai ajudar você evitar a cometer erros simples, que prejudicam a evolução do seu capital a longo prazo.
E lembre-se: “não existe almoço de graça”
*RONAN GRINGS é Administrador de Carteira de Valores Mobiliários pela CVM – Comissão de Valores Mobiliários- Head de Alocação de Ativos da Tutors Multi Family Office, realizando a gestão de patrimônio de pessoas e famílias no Estado de Mato Grosso, graduado em Gestão Financeira.
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