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Artigos Sexta-feira, 10 de Julho de 2020, 08:47 - A | A

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Sexta-feira, 10 de Julho de 2020, 08h:47 - A | A

NEILA BARRETO

Adauto Junqueira Botelho, quem foi?

NEILA BARRETO

ARQUIVO PESSOAL

NEILA BARRETO

O Hospital Adauto Botelho localizado no bairro Coxipó, em Cuiabá-MT, foi destaque na imprensa, neste período da pandemia sobre o corona vírus. Desde que foi inaugurado em 1957, o Centro já registrou mais de 57 mil prontuários de internação e atendimento e, assim como as outras unidades, conta com o trabalho de uma equipe multidisciplinar responsável pelos cuidados na saúde e oficinas terapêuticas, como parte do tratamento de homens, mulheres, crianças e adolescentes. Para o acompanhamento há médicos psiquiatras, nutricionista, fisioterapeutas, clínico geral e enfermeiros.

Conforme a historiadora Loiva Canova, da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, a origem do Hospital Adauto Botelho: “ Sabe-se, de informações do trabalho de Lambert e Oliveira, que no ano de 1909, Dom Aquino Corrêa, governador do Estado, “mandou construir um casarão à margem esquerda do Rio Coxipó, para manutenção de um pelotão de polícia”. Junto a esse casarão de polícia, que servia para guardar presos políticos, geralmente soldados do exército paraguaio, ficavam também os loucos”.

“ Informações dão conta de que a “ fase de reclusão dos doentes em Mato Grosso, deu-se por volta de 1920 quando todos os loucos, sem exceção, foram deslocados para o casarão na Chácara às margens do Rio Coxipó. O lugar mais parecia um estábulo e nessa época não havia em Cuiabá mão-de-obra especializada no tratamento das doenças mentais. No governo de Mário Corrêa, há citação que informa a primeira fala tratando não mais da construção de pavilhões anexos a Santa Casa, mas das obras de um hospício de alienados: Prosseguem-se as obras do Hospício de Alienados contratacdos com o sr. Luiz Taborelli por 99:999$000, o qual se acha em fhase de acabamento”. A leitura do documento posterior levou-me a crer que no ano de 1931 foi construída ou reformada a Colônia dos Alienados do Coxipó da Ponte. Fundado em 1931, ainda em 1938, estava o hospital subordinado à Polícia, o que naturalmente torna a denominação imprópria, pois, não se admite um Hospital sem direção médica, melhor seria a denominação de Abrigo, informa Canova.

Ao tratar sobre a institucionalização da loucura em Cuiabá, Lisle Maria da Silva diz que a provável data da construção do hospital Adauto Botelho teria sido o ano de 1950. “O Hospital Adauto Botelho tem sua origem na transferência dos pacientes do antigo Asilo dos Alienados, às margens do rio Coxipó, para localização atual, à direita da BR-364 no Coxipó da Ponte”. Nos anos de 1970, o Adauto Botelho era o único hospital da cidade e aglomerava aproximadamente 600 pacientes.

O hospital carrega o nome de um dos mais importantes médicos brasileiros, Adauto Junqueira Botelho nascido no município de Leopoldina, em Minas Gerais, em 12 de maio de 1895, filho de Francisco de Andrade Botelho e de Maria Nazareth Junqueira Botelho. Viveu a infância no ambiente rural do município onde nasceu e fez o curso secundário no Ginásio de Barbacena, conforme informa Christobaldo Motta de Almeida, da Academia Mineira de Medicina.

De origem de família de latifundiários mineiros em Leopoldina, Minas Gerais, Adauto Botelho tem vários membros da família Junqueira Botelho ocupantes de importantes cargos políticos, como seu próprio pai que foi Senador, e seu avó, José Monteiro Ribeiro Junqueira, que foi presidente distrital de Leopoldina (1894), deputado estadual pelo distrito do Sul de Minas (1895), presidente da Câmara Municipal de Leopoldina (1897), e deputado federal do Partido Republicano Mineiro (1903-1930). Outros parentes de Adauto Junqueira Botelho também tiveram projeção no cenário político como seus primos Antero Andrade Botelho, deputado federal de Minas Gerais (1897-1899, 1903-1923,1935-1937), e Antônio Augusto Ribeiro.

Adauto Botelho diplomou-se médico pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1916. Trabalhou no serviço de Clínica Pediátrica e no Laboratório de Análises da Cadeira de Psiquiatria da Faculdade onde estudou, então regida pelo Professor Henrique Roxo. Lecionou também na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Foi aprovado e nomeado Docente Livre da Cadeira de Clínica Psiquiátrica, em 1917, apresentando a tese: “Pressão do Líquor nas Doenças Mentais”. No início da década de 30, juntamente com dois colegas elaborou os estatutos da Sociedade Brasileira de Radiologia e Eletrologia, com sede no Rio de Janeiro. Exerceu, no Hospício Nacional de Alienados, o cargo de Diretor do Pavilhão de Observação e, em seguida, o de Diretor Geral. Em 1938, assumiu a Direção da “Assistência aos Alienados” e criou o Centro Psiquiátrico de Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, conforme informa, Motta de Almeida.

Atuou em vários estados realizando pesquisas sobre a enfermidade, inclusive, em Mato Grosso, a partir de 7 de junho de 1938, foi autorizado pelo interventor Júlio Muller uma reforma dos serviços de saúde no estado conforme as especificações do D.N.S. Foram realizados o processo de treinamento do quadro técnico, bem como, a seleção criteriosa de profissionais mediante concurso público. Ocorreu a realização de cursos de especialização no Instituto de Higiene de S. Paulo. Paralelamente a essas ações, o governo federal colocou em plano a construção do Centro de Saúde de Cuiabá.

Foi o primeiro Diretor do Serviço Nacional de Doenças Mentais criado em 1941, e ali permaneceu por quinze anos, podendo comprovar a sua capacidade de trabalho, seu excepcional tino administrativo e sua alta responsabilidade no trato com os interesses do Estado, do que resultou o desenvolvimento da assistência neuropsiquiátrica em todo o Brasil.

Membro da Academia Mineira de Medicina, ocupa a Cadeira 43 e publicou diversos livros, a exemplo, Adauto e Pedro publicaram o livro “Vícios Sociais Elegantes”, que teve enorme repercussão na sociedade e nos meios ligados à especialidade. Portador de uma capacidade de trabalho incomum, fundou, com um grupo de colegas, a Faculdade de Ciências Médicas do Rio de Janeiro. Foi membro da Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e Medicina Legal. Atuou como Professor de Psiquiatria em cursos de Pós-graduação e foi Diretor do Instituto de Psiquiatria da Universidade do Brasil. Por iniciativa do Professor Adauto, em 1954, foi inaugurado em Cariacica, no Espírito Santo, o Hospital Colônia que tem o seu nome. Escreveu artigos nos Arquivos do Manicômio Judiciário do Rio de Janeiro e nos Arquivos do Serviço Nacional de Doenças Mentais, do qual foi editor. Publicou inúmeros trabalhos referentes a Psiquiatria e Neurologia, em revistas médicas do Rio de Janeiro, entre os quais: “Hemiatrofia facial progressiva”, “Eteromania”, “Estados mistos da Psicose Maníaco-Depressiva”, “Centros Psíquicos Extra Corticais e Perturbações Mentais”, “Valor Semiológico do Líquido Cefalorraquiano”, “Ensino e evolução da Psiquiatria”, “A Epilepsia e seus Distúrbios Mentais”, “Os males da Emoção”.

Foi membro titular da Academia Nacional de Medicina. Faleceu no Rio de Janeiro em 04 de fevereiro de 1963. Os pesquisadores, médicos, estudantes da psiquiatria podem recorrer aos arquivos: http://ppghcs.coc.fiocruz.br/images/dissertacoes/dissertacao_fernanda_freitas.pdf; https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22131/tde-15032004-083412/publico/02-Capitulo_2.pdf e http://www.acadmedmg.org.br/ocupante/cadeira-43-patrono-adauto- para conhecerem mais sobre Adauto Junqueira Botelho. Vale a pena conferir a sua importância para a medicina psiquiátrica, inclusive justificando o seu nome para um importante hospital ao Estado de Mato Grosso.

 

(*) NEILA BARRETO é jornalista, escritora, historiadora e Mestre em História e escreve às sextas-feiras para HiperNotíciasE-mail: [email protected]

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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