Neste domingo (17.08), no sétimo dia da série América Clima e Mercado, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) percorreu o estado de Illinois, nos Estados Unidos da América (EUA), para analisar os desafios da safra local. A programação contou ainda com a presença do biólogo e apresentador Richard Rasmussen, que compartilhou suas percepções sobre sustentabilidade, comparando as realidades de Illinois e Mato Grosso.
O diretor administrativo da Aprosoja MT, Diego Bertuol, explicou que a equipe visitou regiões do oeste, centro e leste de Illinois e observou lavouras em boas condições de desenvolvimento. Ele destacou, entretanto, que há preocupações dos produtores locais com as temperaturas noturnas, que podem comprometer a produtividade do milho.
“Neste domingo, nós percorremos o estado de Illinois, passando pela região oeste, central até o leste, onde conseguimos ver as condições das lavouras. Na soja, vimos um padrão com bom enchimento de grãos. Quando olhamos para o milho, os produtores nos relataram que houve um bom índice pluviométrico e bem distribuído. Porém, a preocupação deles neste mês de agosto é com respeito às temperaturas noturnas muito altas, que podem afetar o enchimento de grão e, consequentemente, a produtividade.”
O produtor Adam Rader, proprietário da Fazenda Família Rader, em Bloomington, destacou a safra atual em função da regularidade das chuvas. Ele relembrou os recordes alcançados no ano passado e explicou como as diferenças de solo dentro da propriedade influenciam a média final de produtividade.
“Comparando a safra do ano passado com a atual, dá para dizer que estamos muito animados, sobretudo por causa das chuvas, que foram muito regulares. No ano passado, tivemos ótimas produtividades no milho e na soja. Para este ano, estávamos esperando os mesmos resultados, mas tivemos noites mais quentes, o que acelerou o processo de maturação do milho, e ainda não sei como isso vai afetar os números. No ano passado, tivemos recordes de produtividade: chegamos a 77 sacas por hectare de média em nossos 1.100 hectares, o que consideramos um resultado excelente. Temos áreas menos férteis que reduzem essa média. Em algumas áreas, chegamos a 93 sacas por hectare, mas a média cai para a casa dos 70 por causa desses talhões mais fracos. Aqui na área em que estamos, a fertilidade é excelente chegamos a ter 60 cm de terra preta, com boa drenagem. Outras parcelas em que também plantamos são bem menos férteis, e são esses solos que reduzem nossa média. Mas continuamos trabalhando para melhorar a fertilidade dessas áreas”, disse o produtor norte-americano.
Apesar de estarem em países diferentes, Illinois e Mato Grosso são líderes mundiais na produção de grãos. No entanto, as diferenças de clima, solos e práticas de sustentabilidade marcam realidades bastante distintas. O biólogo e apresentador Richard Rasmussen chamou atenção para a ausência de áreas de preservação em Illinois, contrastando com a realidade brasileira.
“Olha só a disposição aqui da lavoura do milho: em seguida vem o feno e, imediatamente ao lado, está o rio. Imagina se isso aqui fosse no Brasil, seria completamente diferente. Teríamos uma mata ciliar, uma APP, protegendo o rio, ou seja, é gigantesca a diferença na questão da sustentabilidade.”
Em Illinois, são cultivados cerca de 9 milhões de hectares de soja e milho, enquanto em Mato Grosso a área chega a 13 milhões de hectares. Porém, em solo mato-grossense, mais de 60% do território permanece preservado, sendo que 40% dessa preservação está dentro das propriedades rurais. Já em Illinois, apenas 10% da área total do estado está preservada.
Rasmussen reforçou esse contraste ao comparar a paisagem agrícola de Illinois com a do Brasil.
“Aqui eu vim percorrendo a estrada toda. No Brasil, onde tem lavoura, você vê grandes porções de florestas associadas, que são as reservas legais. Aqui você não vê nada, é apenas um mar de milho. Um mar de milho sem qualquer tipo de floresta. Você vê um pouquinho só de mato em volta das casas. Somente 10% da área total do estado de Illinois é preservada. Isso, porque o maquinário não chega, não consegue chegar nesses 10%. São colinas, várias que são inacessíveis para plantar. Só por isso.”
O diretor administrativo da Aprosoja MT, Diego Bertuol, ressaltou que os números de produtividade em Illinois impressionam, mas que Mato Grosso alia bons resultados à sustentabilidade, além de realizar duas safras ao ano.
“Na safra de 2024 Illinois teve uma produtividade de 70 sacas por hectare e Mato Grosso 66 sacas. Porém, o que vemos de diferença é a sustentabilidade. E Mato Grosso ainda faz duas safras, o que garante competitividade e resultados ainda maiores, garantindo a segurança alimentar.”
Por fim, o biólogo e apresentador Richard Rasmussen destacou que está produzindo um material exclusivo sobre as diferenças entre Brasil e EUA, com foco especial na sustentabilidade.
“Eu vim aqui justamente para isso. Vou estar produzindo um material extra voltado totalmente para essa questão da diferença de sustentabilidade de lá para cá. E agora nós vamos.”
A série América Clima e Mercado segue nesta segunda-feira (18.08) para o estado de Indiana, onde a equipe continuará o monitoramento das lavouras e as análises de produtividade.
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