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Política Domingo, 05 de Junho de 2022, 08:00 - A | A

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Domingo, 05 de Junho de 2022, 08h:00 - A | A

CENTENÁRIO DE GARCIA NETO

Último governador antes da divisão de Mato Grosso foi "bombardeado" de todos os lados

Gestor era contra separação, mas trabalhou para alterar projeto de modo que não prejudicasse nenhum dos dois lados

ALEXANDRA LOPES

Reprodução

Onofre Ribeiro

 

O projeto de lei que autorizava a divisão de Mato Grosso para criação do estado de Mato Grosso do Sul foi envolto de polêmicas e ataques à gestão do último governador antes da separação, José Garcia Neto. Contrário à proposta, Garcia 'levou chumbo' de todos os lados. Mas, dispondo de um perfil conciliador e estadista, conseguiu manter diálogo, contribuindo com alterações ao texto original que era tido como incoerente e prejudicial para ambos os estados.

As impressões são do jornalista político Onofre Ribeiro, que foi diretor de Comunicação do governo de Garcia Neto, que concedeu entrevista ao HNT por ocasião do centenário do estadista.

Garcia Neto governou Mato Grosso entre os anos de 1975 a 1979. Naquela época, ele era filiado ao Arena. Mato Grosso apresentava 1 milhão e 200 mil quilômetros quadrados. Um estado enorme, que despertava atenção de poderosos Brasil afora.

No último dia 1º de junho, o gestor, que foi inclusive o primeiro prefeito de Cuiabá, se estivesse vivo, faria cem anos.

O HNT traz abaixo uma síntese do que foi a gestão de Garcia Neto como forma de homenagear o centenário. 

A ideia de divisão sempre esteve presente na política de Mato Grosso. Porém, quando Garcia assumiu, veio à baila um plano do governo federal, que não havia sido comunicado a ele e nem a ninguém, que tinha a intenção de dividir o Estado dentro da chamada geopolítica brasileira.

O diretor de comunicação do governo da época e braço direito de José Garcia Neto, Onofre Ribeiro, relatou que essa história começaria a ser contada muito antes, que no ano de 1971, a França começou a defender uma tese internacional de que a Amazônia não era brasileira e que ela deveria ser internacionalizada.

“E, então, o governo federal que, era um governo militar do presidente Médici, com medo dessa onda virar uma onda internacional irreversível, o governo militar decidiu ocupar a Amazônia. Este ocupar o Amazônia era apoiado em cima do sloga 'Integrar para não Entregar'. Para isso, era preciso que governo federal estabelecesse a separação da região sul da região norte de Mato Grosso”, relatou o jornalista político.

Reprodução

Jornal Garcia

 

“Nós aqui não sabíamos. Isso foi tratado entre o governo federal e as lideranças do sul de Mato Grosso, que eram mais representativas do que as do norte. Por exemplo, os três senadores na época eram todos de Campo Grande. Eles tinham muita força junto ao governo militar”, lembrou Onofre.

Garcia se deparou com projeto 31/77 já em andamento, de maneira muito velada. Tendo que enfrentar uma onda de pressão do sul muito forte, pela divisão, e o norte era reativo a isso. 

“O doutor Garcia, independente da rivalidade, governou tratando as duas regiões igualmente e com equivalência. Ele foi cuidadoso e não sacaneou. Era uma obra aqui, uma obra lá. Foi muito justo com relação a isso”, emendou.

Ainda de acordo com Onofre, a ideia das lideranças do sul era justamente desgastar o governo o tempo inteiro. “Houve um lobby muito grande dos pecuaristas de Mato Grosso do Sul e das lideranças políticas de lá e da imprensa nacional. Um lobby muito grande no sentido de desgastar o governo. Eram críticas muito pesadas diariamente, diariamente, diariamente e diariamente. Foi um governo muito bombardeado”, ressaltou.

PERFIL CONCILIADOR 

Reprodução

José Garcia Neto

Governador José Garcia Neto, em evento político no ano de 1976

Mesmo nesse ambiente de rivalidade, o então governador dava mostras de um perfil conciliador, ainda que as lideranças do sul tivessem melhor trânsito político em Brasília, junto ao governo federal. O governo federal defendia a divisão.

“Nós temos que lembrar que estava num governo militar, onde a democracia não era o forte. Os acordos políticos valiam mais do que a Constituição ou qualquer outra coisa. Essa reação do doutor Garcia, que era contra a divisão, irritava muito o Palácio do Planalto. O doutor governou também sob uma certa oposição do Palácio do Planalto. O governo dele dentro, dessa história da divisão, levava chumbo do sul, chumbo do norte, do governo e da população local, que tinha medo que ele fracasse no projeto contra a divisão. Ele governou dentro da trincheira. Levando tiro de todo lado”, destacou.

Dos 24 deputados da Assembleia Legislativa, 12 eram eleitos pelo sul de Mato Grosso. Os parlamentares do MDB faziam oposição natural ao partido do governador que era da Arena.

“Ele tinha os 12 do sul trabalhando pela divisão e tinha os MDB que eram contrários a ele, como, por exemplo, Carlos Bezerra. Então, ele tinha uma posição forte do sul e uma posição natural do MDB. Mas ele conciliava muito bem, não tinha conflitos”, colocou.

“Os conflitos que havia eram típicos da política da época. Debaixo da mesa, todo mundo chutava a canela e, mais aqui, em cima da mesa, está todo mundo com cara de bom menino.  Ele era muito bom conciliador, não teve crises públicas”, ressaltou.

Com a bancada federal, não era diferente. Eram oito deputados dos quais quatro eram  do sul de Mato Grosso.

MODIFICOU TEXTO PARA NÃO PREJUDICAR OS ESTADOS

Os técnicos do Ministério do Interior, que estavam conduzindo as articulações da divisão do ponto de vista funcional, iam e vinham a Cuiabá o tempo inteiro, fazendo levantamentos, planejamentos para estruturar o projeto de lei da divisão. Em abril de 1977, o governo federal do presidente Ernesto Beckmann Geisel entregou ao governo o projeto da lei complementar 31/77, que dividiria o Estado.

Contudo, o texto foi feito pelos técnicos sem a devida consulta ao governador e nem aos técnicos do governo de Mato Grosso.

“Foi um projeto burocrático. Quando o doutor Garcia recebeu o projeto, ele reuniu o secretariado dele e nós fomos para Brasília, ficamos uma semana no escritório de representação de Mato Grosso em Brasília, avaliando a lei. Ele era muito incoerente, coisa de técnico, né?  O Estado que ficaria com terra remanescente, por exemplo, herdaria todas as dívidas que foram feitas anteriormente para o território inteiro. A divisão de patrimônio dos dois estados era, de certo modo, um divórcio litigioso", contou Onofre.

“Modificou o texto. Favoreceu muito o sul, por exemplo. O projeto de lei não falava nada de como que ficaria as finanças dos dois estados e que agora ficariam absolutamente pobres. O doutor incluiu na lei um programa de desenvolvimento de Mato Grosso e um programa Mato Grosso do Sul, que na época dava dois bilhões de cruzeiros anuais para os dois estados pra administração de custeio para investimento. O sul de Mato Grosso diz que não queria, não precisava disso. Independente, o governador acabou colocando trezentos milhões por ano para o sul de Mato Grosso. E colocou um bilhão e setecentos pro norte. Esses trezentos milhões foi à revelia do sul, que não queria. A lei modificada foi encaminhada para o presidente Geisel, que acatou integralmente”, lembrou.

Apesar das mudanças, não houve divergência com Garcia Neto. O presidente Geisel demonstrou respeito a Garcia, muito por conta da sua liderança política.

“E a lei passou do jeito que o doutor encaminhou. Isso foi que viabilizou Mato Grosso e que viabilizou o Mato Grosso do Sul. A lei ficou redonda. Esse gesto eu considero de tudo que ele fez, o maior gesto da gestão dele foi pegar o projeto de lei da divisão feito pelos técnicos de Brasília adaptar à realidade dos dois estados e deu condição de governabilidade e horizonte e desenvolvimento dos dois estados. Esse pra mim foi o maior gesto da gestão dele”, finalizou.

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Comente esta notícia

Yuri Gomes 05/06/2022

Nossa sorte foi ter Acontecido a Divisão de Mato Grosso, pois ficamos livres dos políticos Campo-grandenses que dominavam o Estado ( Pedrossian, Fragelli, Derzi, Italivio Coelho, e outros), e o nosso Mato Grosso pós 1978 ,tivemos bons Governadores como foi o Frederico Campos, Julio Campos ( o melhor de todos) Jaime Campos, Dante, Blairo Maggi e agora o Mauro Mendes. E com isso o Norte pobre ficou um Estado rico, próspero e desenvolvido. E o Sul que dizia ser Rico hoje está estagnado e pouco desenvolvido.

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Carlos Nunes 05/06/2022

Pois é, o próprio Garcia Neto relatou como foi a divisão...Foi chamado em Brasília e comunicado pelo Presidente: Senhor Governador, MATO GROSSO está dividido. Quem dividiu? Os Políticos do Sul de Mato Grosso, Campo Grande. Aliás, os eleitores daqui votavam na maioria nos políticos de lá. Muitos ex-governadores, e outros políticos importantes, depois que deixaram os cargos, foram morar até por lá, entre eles: Pedrossian, Fragelli e outros.

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2 comentários

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