O vereador Daniel Monteiro (Republicanos) defendeu nesta terça-feira (18), em entrevista à Rádio Capital FM, que a Câmara de Cuiabá continue pagando os salários dos parlamentares afastados pela Operação Perfídia — Chico 2000 (PL) e Sargento Joelson (MDB) — até que haja decisão judicial definitiva. Segundo ele, interromper os repasses antes da conclusão do processo pode gerar um impacto milionário aos cofres públicos em caso de absolvição.
“Se a Câmara deixa de pagar agora e lá na frente declaram que eles são inocentes, vai ter que pagar o retroativo. Vai pagar R$ 1 milhão para cada um deles. Agora, se forem culpados, devolvem o salário. A Justiça tem que cobrar”, argumentou Monteiro.
A declaração ocorre em meio ao debate jurídico sobre a possibilidade de corte de vencimentos dos dois parlamentares, afastados no âmbito das investigações sobre suposto esquema de corrupção envolvendo pagamento de propina dentro da Casa.
Para reforçar seu posicionamento, Monteiro citou o caso de uma juíza de Mato Grosso que ficou 12 anos afastada e teve o direito reconhecido a receber R$ 5,7 milhões em salários retroativos.
“O princípio brasileiro é a presunção de inocência. A Constituição fala isso. Se nós não gostamos, vamos mudar a Constituição. Agora, se a gente apela para o lado moral, fica complicado, porque cada um tem a sua moral. A minha, inclusive, recomenda que a gente pague só para 27 vereadores. Mas a minha moral não prevalece. Prevalece o bom direito”, falou o parlamentar.
Ele também chamou atenção para as consequências práticas de cortar os salários dos parlamentares antes de uma sentença. “O Chico é um cara de 70 anos, que possivelmente não vai encontrar emprego em lugar nenhum, porque a gente sabe do preconceito no mercado de trabalho contra idosos. E aí, daqui um ano, se disserem que ele é inocente, vai fazer o quê? Ele comeu como, bebeu como, levou sustento pra casa dele como durante 12 meses?”, questionou.
A Câmara ainda aguarda o envio oficial do inquérito da Operação Perfídia para avaliar eventual abertura de comissão processante contra os parlamentares afastados.
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