"Não luto pelo meu mandato por vaidade ou apelo ao poder como é próprio dos que não têm caráter. Luto pelo povo do meu país, pelo seu bem estar", declarou.
Em um momento emocionado de seu discurso, Dilma disse que já esteve perto da morte por duas vezes: quando foi presa, na ditadura militar, e quando tratou um câncer, em 2010. Ela disse que, agora, não teme a própria morte, mas a morte da democracia.
"Por duas vezes, vi de perto a face da morte: quando fui torturada por dias seguidos submetida aos que nos faziam duvidar da humanidade e do sentido da vida, e quando uma doença grave e extremamente dolorosa poderia ter abreviado minha existência. Hoje, só temo a morte da democracia, pela qual muitos de nós aqui neste plenário lutamos com o melhor dos nossos esforços", afirmou Dilma.
'Ruptura democrática'
A presidente afastada reafirmou que não cometeu nenhum dos crimes de responsabilidade pelos quais é acusada e disse que o país corre o risco de uma "ruptura democrática".
Depois de fazer referência aos ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubtscheck e João Goulart, alvos de tentativas de retirada do poder, disse que a "ruptura democrática" se dá agora sob pretextos constitucionais "embasados por uma frágil retórica jurídica".
"O que está em jogo no processo de impeachment não é o meu mandato", afirmou. Segundo ela, "o que está em jogo são as conquistas dos últimos 13 anos", e listou iniciativas do governo dela, como valorização do salário mínimo, programas de médicos e de casa própria.
Eduardo Cunha
Dilma fez críticas à atuação do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), alvo de um processo de cassação na Casa. Para ela, o processo de impeachment é resultado de uma "chantagem" de Cunha, que, segundo ela, agiu em retaliação depois que o processo de cassação foi aberto no Conselho de Ética da Câmara.
"Todos sabem que este processo de impeachment foi aberto por chantagem explícita do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, como chegou a reconhecer em declaração à imprensa um dos próprios denunciantes. Exigia aquele parlamentar que intercedesse para que deputados do meu partido não votassem pela abertura do seu processo de cassação. Nunca aceitei na minha vida ameaça ou chantagem. Se não o fiz antes, não o faria na condição de presidenta."
Segundo ela, na gestão de Cunha, além de a Câmara não ter dado apoio a medidas para combate à crise econômica, ainda apresentou "pautas-bomba" que aumentavam os gastos do governo.
"Deve ser ressaltado que a busca de equilíbrio fiscal desde 2015 encontrou forte resistência na Câmara, à época presidida pelo deputado Eduardo Cunha. Os projetos enviados foram rejeitados parcial ou integralmente. Pautas-bombas foram apresentadas e algumas aprovadas, afirmou.
Apelo
No final de sua fala, Dilma disse que não nutriria ressentimento por senadores que votassem pelo impeachment, mas pediu a eles que votassem pela democracia.
"Votem sem ressentimento. o que cada senador sente por mim importa menos do que aquilo que todos nos sentimos pelo povo brasileiro. Peço votem contra o impeachment, votem pela democracia", declarou.
"Faço um apelo final a todos os senadores. Não aceitem um golpe que, em vez de solucionar, agravará a crise brasileira. Peço que façam justiça a uma presidente honesta que jamais cometeu qualquer ato ilegal na vida pessoal ou nas funções públicas que exerceu”, concluiu Dilma.
O julgamento
A sessão foi aberta às 9h38. Depois disso, o presidente do julgamento, ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, pediu ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para introduzir a presidente afastada no recinto. Dilma sentou-se no extremo da mesa, à esquerda de Lewandowski. Ela começou a discursar às 9h53 e conclui às 10h39, 46 minutos depois.
As regras do julgamento estabeleceram 30 minutos para o pronunciamento de Dilma – período que acou sendo prorrogado por mais 16 minutos. Em seguida, ela começou a ser interrogada pelos senadores. Até a última atualização desta reportagem, 47 senadores estavam inscritos para fazer perguntas, pelo tempo de 5 minutos cada. Dilma teria o tempo que for necessário para responder as questões.
A presença de Dilma no julgamento marca a fase final do processo, iniciado em dezembro do ano passado, quando o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aceitou uma denúncia apresentada pelo advogado Hélio Bicudo, pela professora Janaína Paschoal e pelo jurista Miguel Reale Jr.
A decisão final, pela condenação ou absolvição da petista, deve ocorrer entre terça e quarta-feira (31), após debate entre acusação e defesa e novas manifestações do senadores. São necessários 54 votos entre os 81 senadores para o afastamento definitivo da petista.
Convidados
Para a sessão desta segunda, Dilma convidou 18 ex-ministros, entre os quais Ricardo Berzoíni, Carlos Gabas, Jaques Wagner e Juca Ferreira, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda. Os convidados ficaram na galeria do Senado, acima do plenário.
Na semana passada, entre quinta (25) e sábado (27), os senadores ouviram as testemunhas de defesa e de acusação no processo. Ao longo de três dias, os parlamentares fizeram inúmeros questionamentos aos depoentes, colheram informações e pediram esclarecimentos.
Tom do discurso
Afastada do mandato há 110 dias, Dilma passou o último fim de semana no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, preparando o discurso que leu para os senadores nesta segunda.
Na sexta-feira passada (26), Lula esteve em Brasília e, segundo relatos de assessores e senadores petistas, se reuniu com Dilma no Alvorada.
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Carlos Nunes 29/08/2016
Vai dizer isso para o trabalhador desempregado, entre os 12 milhões de trabalhadores desempregados também, que outro dia num telejornal disse: "quero ver a Dilma desempregada também." Vai ficar desempregada, já, já. Se hoje fizesse um Plesbicito: Dilma SAI ou Dilma FICA...ia dar Dilma sai, na certa. Pra que gastar dinheiro com Plesbicito, se Impeachment sai mais barato. Depois do Impeachment, no "after day", quando a blindagem estiver acabado...ih, vai aparecer tanto delator premiado atrevido, que vai apontar tantas coisas. A blindagem do Poder afastou vários delatores, como um campo de força daqueles filmes de ficção...tirou o campo de força, vai ser denúncia de tudo quanto é lado. Tomara que tenha sido honesta, como sempre afirmou...senão, a casa cai; a Verdade, nada mais do que a Verdade, aparece. Torço para que isso seja verdade, foi honesta, não sabia de nada, da maior roubalheira da história do Brasil...roubaram debaixo das barbas de todo mundo, e não sabiam de nada?
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