O assassinato da adolescente Isabele Guimarães Ramos, 14 anos, foi o caso de mais repercussão da mídia mato-grossense, em 2020. O crime, ocorrido no condomínio de luxo Alphaville I, em Cuiabá, foi destaque também na mídia nacional sendo exibida três vezes no Fantástico. A morte, que chegou a ser um dos assuntos mais comentados no Twitter no Brasil, chamou atenção da população e depois de mais de cinco meses ainda não se sabe a real motivação da morte da jovem.
Nesta reportagem, o HiperNotícias lembra tudo que ocorreu após a morte de Isabele, no dia 12 de julho deste ano. A morte, a apreensão da menor e a luta da família da vítima por justiça serão mostrados a seguir.
Isabele foi morta em um domingo com um tiro no rosto efetuado por sua amiga, à época com 14 anos. Neste dia, a mãe da vítima, Patrícia Helen Guimarães Ramos, relatou que a filha acordou por volta das 13 horas, tomou café da manhã e preferiu não almoçar. Na sequência, ele foi à casa da amiga, após ser convidada pela mesma.
A jovem disse que foi a casa para fazer uma torta de limão. Logo depois da chegada de Isabele, chegou o namorado, de 16 anos, da jovem investigada. O jovem trazia consigo duas armas, sendo uma dela uma pistola Imbel 380. O objeto foi utilizado para matar a adolescente.
Além dos citados acima, estava na mansão o namorado da irmã da investigada, o pai e sua esposa e mais dois irmãos da suspeita. De acordo com a Polícia Civil, na residência havia seis armas expostas e qualquer pessoa, inclusive as visitas, poderia ter acesso.
Na casa, o namorado da investigada desmuniciou (tirou as munições do carregador) a pistola e todos tiveram acesso às armas. As pistolas, segundo depoimento do pai da jovem, teriam sido usadas pelo adolescente em campeonato de tiro.
Às 20h43 Patrícia ligou para Isabele dizendo para ela ir para casa. A filha disse que estava preparando risoto com as amigas, que iria comer e ir embora na sequência. Às 21h59, o namorado da investigada municiou a arma novamente, as colocou no case (maleta onde se acondiciona armas) e se despediu da jovem.
Logo depois, a adolescente investigada subiu as escadas entrou em seu quarto e colocou o case sobre a escrivaninha. Na sequência, ela abriu a maleta, pegou a pistola e se dirigiu ao banheiro onde Isabele estava fumando um cigarro eletrônico.
Alan Cosme/HiperNoticias

Em um primeiro momento, a morte de Isabele Guimarães Ramos, 14 anos, foi investigada pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)
A adolescente investigada entrou no cômodo, apontou para a cabeça da vítima e atirou em uma altura de 1,44 metros do chão, com alinhamento horizontal e a uma distância entre 20 e 30 centímetros do rosto da vítima. Isabele foi atingida no nariz e morreu ainda no local. O pai da atiradora tentou socorrê-la, mas a vítima não resistiu e teve a sua morte confirmada ainda no cômodo.
A morte de Isabele foi registrada, segundo a Polícia Civil, exatamente às 22 horas. Imediatamente, a Polícia Civil foi acionada e o delegado Olímpio Fernandes, que estava de plantão, foi atender o local de crime. O homicídio foi publicado em primeira mão pelo HiperNotícias.
Na casa, a autoridade policial encontrou oito armas, sendo duas sem registro. Diante disso, Olímpio prendeu o empresário em flagrante pelo crime de porte ilegal de arma de fogo. Porém, o policial arbitrou fiança de R$ 1 mil e o empresário teve a liberdade provisória concedida.
No dia 13 de julho, começa a ser compartilhado vídeos da adolescente investigada em treinamentos esportivos. Nas gravações, é possível ver a habilidade da jovem com arma.
LEIA MAIS: Adolescente que matou amiga praticava tiro esportivo; vídeo mostra habilidade com arma
No dia 14 de julho, a adolescente investigada e o empresário, pai da jovem, prestaram depoimento ao delegado Olímpio na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). As oitivas tiveram início às 14 horas e foi encerrada às 22 horas aproximadamente. O advogado Rodrigo Pouso, que até então fazia a defesa da família acompanhou pai e filha.
No dia 17 de julho, a Polícia Civil cumpre mandados de busca e apreensão na casa da atiradora. A casa do sogro da adolescente investigada, também foi alvo. Na casa dele, os agentes encontraram 18 armas, todas registradas.
LEIA MAIS: Polícia cumpre mandados no Alphaville e casa de sogro de jovem
No dia 19 de julho, a morte de Isabele é destaque no Fantástico pela primeira vez. Na reportagem, o Brasil conhece Patrícia, mãe da vítima, a qual relatou que sua filha “saiu de casa para fazer um bolo e saiu carregada pelo IML (Instituto Médico Legal)”.
“Eu sabia que eles eram todos praticantes de tiros. Mas, eu não sabia que eles tinham um arsenal de armas em casa. Muito menos, eu sabia que armas circulavam na casa de forma deliberada, muito menos armas carregadas, senão, eu nunca teria deixado a minha filha frequentar a casa deles. Minha filha saiu de casa para fazer um bolo e voltou carregada pelo IML”, disse a mulher na entrevista.
LEIA MAIS: "Ela foi fazer bolo e saiu carregada pelo IML", diz mãe de adolescente morta no Alphaville
Dezenove dias depois da morte, 31 de julho, o HiperNotícias divulgou com exclusividade o vídeo do depoimento da adolescente investigada. Na gravação, a jovem simulou ao delegado Olímpio como matou a amiga.
“Quando eu fui bater na porta do banheiro, o case caiu da minha mão. Eu fui pegar ele (o case) com uma mão e a arma com a outra. Aí eu subi eles e quando estava colocando a arma, ela disparou (sic)”, relatou a adolescente, ao descrever o exato momento em que a arma disparou.
Após a publicação do vídeo, o Ministério Público de Mato Grosso, por meio da Vara da Infância e Juventude, ingressou com uma ação contra cinco sites de notícias de Cuiabá por terem divulgado a gravação. De acordo com o órgão, as matérias jornalísticas divulgadas pelos veículos de comunicação foram “despropositadas”, “abusivas” e “ilegais” por terem contrariado as normas da Estatuto da Criança e Adolescente (ECA).
Nesta mesma data, a reportagem também divulgou a primeira versão do pai da adolescente sobre a morte da Isabele. O empresário disse que a jovem teria batido a cabeça e não sido baleada. Além disso, no áudio, que o HiperNotícias obteve com exclusividade, o homem ainda afirma que a vítima perdeu muito sangue e que estava desacordada.
No dia que completou um mês da morte da adolescente, amigos e familiares de Isabele fizeram uma carreata que homenageou a vítima. A homenagem aconteceu em frente ao condomínio onde a jovem foi morta.
No dia 14 de agosto, a hastag #justicaporbele foi o assunto mais comentado no Twitter. A campanha cobrou justiça pela morte de Isabele. Foram mais de 152 mil registrados. Diversos usuários da rede social se demonstram contrariados com o desenrolar do caso, que até o momento não foi totalmente esclarecido.
Tchélo Figueiredo

Policiais civis e agentes da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) realizam a reconstituição do caso Isabele
Um mês depois do crime, a Polícia Civil e a Politec realizaram, por mais de seis horas, a reconstituição da morte de Isabele. A reprodução simulada dos fatos teve início às 19h33 de terça-feira (18) e foi encerrada às 01:45 já na madrugada de quarta-feira (19).
Participaram da ação, o pai e sua esposa, os três filhos do casal e todos os amigos da família que estavam na casa no dia 12 de julho, data da morte de Isabele.
A única exceção foi a adolescente de 14 anos apontada como a autora do disparo. A justificativa é de que a jovem foi diagnosticada com crises de ansiedade e estresse. O atestado médico foi assinado pela psiquiatra da infância e adolescência Ana Cristina Gonçalves, no dia 17 de agosto.
LEIA MAIS: Depois de mais de 6 horas, termina a reconstituição da morte de Isabele
No dia 2 de setembro, a Polícia Civil concluiu que a morte da adolescente constitui homícidio doloso, isto é, com intenção de matar. Para a polícia, a jovem, autora do disparo, assumiu o risco de matar a amiga. Já o pai da adolescente foi indiciado por homicídio culposo e outros três crimes.
Em setembro, a infratora foi apreendida. A internação da adolescente, pelo prazo de 45 dias, foi determinada pela juíza Cristiane Padim, da Vara da Criança e da Juventude de Mato Grosso. A decisão atendeu a um pedido do Ministério Público Estadual (MPE), que entendeu que a adolescente cometeu ato infracional análogo ao crime de homicídio doloso.
Porém, ela ficou apenas 12 horas e foi liberada. Ela teve o habeas corpus concedido pelo desembargador Rui Ramos.
Ainda em setembro, a adolescente começou a ser ouvida pela Justiça mato-grossense.
Em novembro Isabele completaria 15 anos, em homenagem a jovem, a família e amigos realizaram mais uma carreata. "Hoje minha filha completaria 15 anos e infelizmente não posso comemorar. Ainda não tive nem coragem ou forças para voltar ao cemitério, nem para providenciar o jazigo. Hoje e sempre meu coração se volta a todas as mães que tiveram seus filhos covardemente assassinados", diz trecho da publicação da mãe de Isabele no Instagram.
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.