Um dos casos criminais de maior repercussão nacional em 2025 envolveu um adolescente de 14 anos que matou os próprios pais e o irmão de três anos, no município de Itaperuna, no interior do Rio de Janeiro, com o objetivo de viajar para Mato Grosso e se encontrar com a namorada virtual, uma adolescente de 15 anos moradora de Água Boa (a 630 km de Cuiabá).
O crime ocorreu na noite de sábado, 21 de junho de 2025, quando Antônio Carlos Teixeira, de 45 anos, Inaila Teixeira, de 37, e o filho caçula do casal foram mortos a tiros enquanto dormiam. A arma utilizada pertencia ao pai do adolescente.
A descoberta do crime veio à tona na terça-feira, 24 de junho, quando o menor compareceu à 143ª Delegacia de Polícia de Itaperuna, acompanhado da avó, para registrar o suposto desaparecimento da família. A versão apresentada não se sustentou durante as diligências. No dia seguinte, quarta-feira, 25 de junho, os corpos foram encontrados dentro de uma cisterna nos fundos da residência.
Confrontado com as provas, o adolescente confessou os assassinatos e foi apreendido. A Justiça do Rio de Janeiro determinou sua internação provisória por 45 dias, em decisão divulgada na sexta-feira, 27 de junho de 2025.
NAMORADA VIRTUAL E LIGAÇÃO COM MT
As investigações apontaram que o adolescente mantinha, havia cerca de seis anos, um relacionamento virtual iniciado em jogos online com uma adolescente de 15 anos, moradora de Água Boa (MT). Segundo a Polícia Civil, a proibição dos pais para que o filho viajasse até Mato Grosso teria sido o estopim para o crime.
Na quinta-feira, 26 de junho, a Polícia Civil de Mato Grosso confirmou a identificação da adolescente e informou que ela seria ouvida em apoio às investigações conduzidas pela polícia fluminense.
No dia 27 de junho, o HiperNotícias noticiou que a adolescente prestou depoimento em Água Boa, acompanhada da mãe. À época, as autoridades informaram que ainda não havia confirmação de participação direta dela no planejamento do crime, mas que as conversas entre os dois seriam analisadas.
AVANÇO DAS INVESTIGAÇÕES E REVELAÇÕES
Com o aprofundamento das apurações, delegados do Rio de Janeiro e de Mato Grosso passaram a relatar indícios de que o crime foi acompanhado em tempo real pela adolescente, por meio de mensagens trocadas durante os assassinatos.
Em 1º de julho, a Polícia Civil revelou que o adolescente planejava, após o triplo homicídio, viajar a Mato Grosso e executar familiares da namorada. No dia 2 de julho, mensagens analisadas pela polícia indicaram que o crime teria sido antecipado por causa de uma viagem programada pelo pai.
Nos dias 3 e 4 de julho, novas informações divulgadas pelo delegado Carlos Augusto Guimarães, responsável pelo caso no RJ, apontaram que a adolescente teria sugerido estratégias para dificultar a investigação, incluindo a tentativa de incriminar o irmão de três anos. Também foi informado que o adolescente teria se inspirado em conteúdo violento de videogames.
A adolescente foi apreendida em Água Boa e transferida para o Complexo Pomeri, em Cuiabá, conforme noticiado no início de julho.
CODINOME, HERANÇA E DESDOBRAMENTOS
Em 21 de julho de 2025, o caso voltou a ganhar repercussão após a polícia revelar que a adolescente utilizava o codinome “John Wick” nas conversas e que teria cogitado formas extremas de ocultação dos corpos, segundo relato do delegado responsável.
No dia seguinte, 22 de julho, o HiperNotícias destacou que o adolescente não teria direito à herança das vítimas, conforme previsto no artigo 1.814 do Código Civil, que exclui da sucessão herdeiros autores de homicídio doloso contra familiares.
CASO DE REPERCUSSÃO NACIONAL
O caso Itaperuna–Água Boa marcou o noticiário policial de 2025 pela brutalidade dos crimes, pela idade dos envolvidos e pelo papel das relações virtuais no contexto do delito. Os dois adolescentes permanecem internados, à disposição da Justiça.
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