Os confrontos, com aviões e tanques, resultaram em cenas de violência em Ancara e Istambul. Milhares de pessoas, muitas das quais agitando bandeiras turcas, enfrentaram os soldados rebeldes, subindo nos tanques implantados nas ruas ou recebendo Erdogan no aeroporto de Istambul.
Pouco antes da meia-noite (18h de Brasília), um comunicado das "forças armadas turcas" anunciou a proclamação da lei marcial e um toque de recolher em todo o país, após a mobilização de tropas em Istambul e na capital Ancara.
Os líderes do golpe justificaram a "tomada do poder", pela necessidade de "garantir e restabelecer a ordem constitucional, a democracia, os direitos humanos e as liberdades e deixar a lei prevalecer".
'Traição'
Em Marmaris (oeste), onde estava de férias, o presidente Erdogan lançou imediatamente um apelo à população para se opor ao golpe, em um discurso transmitido ao vivo na televisão a partir de um celular.
"Há na Turquia um governo e um presidente eleitos pelo povo (...) e se Deus quiser, vamos superar este desafio", afirmou.
"Aqueles que foram às ruas com tanques serão capturados", garantiu em sua chegada a Istambul, denunciando "uma traição" liderada por soldados golpistas, a quem ele acusa de estar ligados a Fethullah Gülen.
Muitos líderes militares criticaram publicamente durante a noite os golpistas, denunciando "um ato ilegal" e apelando os rebeldes a retornarem às suas casernas.
Cerca de 200 soldados, que estavam entrincheirados na sede do Estado-Maior, renderam-se. E o general Dündar prometeu "limpar o exército de membros de estruturas paralelas", em uma referência óbvia aos partidários de Fethullah Gulen.
Desde a chegada ao poder de Erdogan, a hierarquia militar foi purgada várias vezes.
O exército deste país membro da Otan, com 80 milhões de habitantes, realizou três golpes de Estado (1960, 1971, 1980) e forçou um governo de inspiração islâmica a deixar o poder sem violência em 1997. No início da tarde deste sábado, os tiros esporádicos tinham cessado em Istambul e Ancara, onde o Parlamento turco se reuniu em sessão extraordinária.
Na capital, aviões de caça haviam voado durante à noite a baixa altitude, e o Parlamento foi alvo de uma série de ataques aéreos. Mais tarde, um avião lançou uma bomba perto do palácio presidencial.
As condenações internacionais se multiplicaram. O presidente americano Barack Obama pediu apoio ao governo turco "eleito democraticamente", a União Europeia exigiu um "rápido retorno à ordem constitucional" e Israel expressou seu apoio "ao processo democrático".
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, elogiou, por sua vez, o "forte apoio" à "democracia" demonstrado pela sociedade política e civil na Turquia, e Moscou considerou que a tentativa de golpe aumentava "os riscos para a estabilidade regional e internacional".
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