"O dinheiro precisa servir, não governar", disse o papa a embaixadores no primeiro discurso importante sobre o assunto desde sua eleição, em março. Ele também defendeu que os governos assumam maior controle sobre suas economias e protejam os mais fracos.
A crise econômica, segundo o papa, criou medo e desespero, reduziu a alegria de viver e contribuiu com a violência e a pobreza, já que mais gente tem sobrevivido de maneiras "indignas". Existe, acrescentou o papa, "a necessidade de uma reforma financeira por critérios éticos, o que produziria por sua vez uma reforma econômica para benefício de todos".
"Criamos novos ídolos. O culto ao bezerro dourado de antigamente encontrou uma imagem nova e insensível no culto ao dinheiro e na ditadura de uma economia que não tem rosto e carece de qualquer objetivo verdadeiramente humano", afirmou.
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O antecessor de Francisco, Bento 16, também costumava defender mudanças nos sistemas econômicos, mas costumava fazer isso num denso linguajar intelectual. Francisco pareceu manifestar opiniões muito pessoais, forjadas na sua experiência com comunidades carentes da Argentina, seu país natal.
Desde o início do seu pontificado, o papa tem manifestado o desejo de que a Igreja defenda mais os pobres e seja mais austera. O mesmo, sugeriu ele, deveria valer para os governos nacionais.
"Enquanto a renda de uma minoria está crescendo exponencialmente, a da maioria está desmoronando", afirmou. "O desequilíbrio resulta de ideologias que preservam a autonomia absoluta dos mercados e a especulação financeira, e assim negam o direito do controle aos Estados, que estão por sua vez encarregados de zelarem pelo bem comum."
Sobre os mercados financeiros, ele disse: "Uma tirania nova, invisível e às vezes virtual está estabelecida, a qual impõe unilateral e irremediavelmente suas próprias leis e regras." Em muitos casos, afirmou Francisco, o valor das pessoas é definido por sua capacidade de consumo.
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