Há exatos 50 anos, a então Alemanha Oriental surpreendeu o mundo ao erguer uma parede de 162 km em apenas 24 horas. O Muro de Berlim, como ficou conhecido, foi construído para impedir que os moradores da parte comunista do país fugissem para o lado capitalista. Mas o paredão de 4 metros de altura, que simbolizou a divisão do mundo em dois blocos, também cortou o país ao meio, separando famílias inteiras e deixando feridas que continuam abertas até hoje na Alemanha, mais de 20 anos após a sua queda.
A construção do muro começou na madrugada de 13 de agosto de 1961. As Forças Armadas da Alemanha comunista derrubaram postes e colocaram barricadas de arame farpado pelas ruas de Berlim para separar os dois lados da cidade.
Principal símbolo Guerra Fria, o muro dividiu por 28 anos a Alemanha em dois blocos: a República Democrática da Alemanha - que seguia o regime socialista liderado pela União Soviética - e a República Federal da Alemanha - sob o regime capitalista.
O objetivo da construção era evitar a fuga de alemães do lado comunista para o mundo capitalista, caminho feito por quase 3 milhões de pessoas desde o final da 2ª Guerra Mundial - eles tentavam escapar de problemas de abastecimento e da situação econômica cada vez pior na Alemanha oriental.
Após a construção do muro, o fluxo de migração caiu drasticamente: estima-se que cerca de 5.000 pessoas conseguiram atravessar a barreira entre 1961 e 1989, ano da queda do paredão.
A barreira foi reforçada diversas vezes ao longo dos anos e chegou a possuir não apenas um, mas dois muros de 162 km de extensão, separados por um corredor de 100 metros de largura extremamente militarizado. A zona ficou conhecida como “corredor da morte”.
“Muro da vergonha” segue vivo
A construção do muro só foi possível por causa da “apatia” da sociedade alemã na época.
Humilhados pela derrota na 2ª Guerra Mundial, a população não realizou protestos nem manifestações contra o muro. Muitas famílias terminaram separadas por décadas sem que nada fosse feito, diz ele.
A maior conseqüência do “Muro da Vergonha”, como era chamado no ocidente, foi o desenvolvimento desigual entre as duas regiões do país. Até hoje, a parte mais ao leste da Alemanha sofre com indicadores sociais e econômicos muito abaixo do restante do país, que viveu um verdadeiro “milagre econômico” durante os anos de reconstrução no pós-guerra.
A diferença é tanta que o contribuinte alemão chega a pagar um imposto conhecido como “taxa de solidariedade” para ajudar na reconstrução da economia no lado oriental. O que vai durar pelo menos até o ano de 2019.
Em uma pesquisa publicada em 2010 pelo jornal Bild, um dos mais lidos da Alemanha, 23% dos alemães do leste e 24% dos moradores do lado ocidental disseram que gostariam que o muro ainda existisse. Na mesma pesquisa, outros 16% afirmam que seria melhor se a Alemanha voltasse a se dividir. Enquanto isso, 10% dos cidadãos de Berlim afirmaram que a decisão de separar os dois lados da cidade foi “absolutamente adequada”.
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