O julgamento de Wendel dos Santos Silva, condenado nesta quinta-feira (18) pelo feminicídio de Lediane Ferra da Silva Panos, foi marcado por trechos de falas carregadas de misoginia, revelados pela promotora de Justiça Andreia Monte Alegre Bezerra de Menezes. (Assista a declaração da promotora ao final).
Durante a audiência, a representante do Ministério Público destacou como o réu tentou justificar o assassinato com ataques às leis de proteção às mulheres e com insultos à vítima. Segundo a promotora, Wendel afirmou que “essa maldita lei que defende as mulheres [existe] para ficar humilhando os homens”, além de culpar a legislação pelo fato de ter sido preso após episódios de violência. Em outro momento, disse que “’as vagabunda’ [sic] trai e o homem tem que ficar calado, porque se fala alto com elas, elas mandam prender”, numa tentativa de transformar sua própria conduta criminosa em vitimização.
Andreia Monte Alegre ressaltou que o condenado demonstrava ódio e ressentimento à proteção legal das mulheres. “O senhor publicou isso depois de matar Lediane, nas suas redes sociais?”, questionou a promotora, recebendo a confirmação do acusado.
Além das postagens, Wendel também enviou mensagens de WhatsApp a uma amiga da vítima, instantes após o crime. Em uma delas, escreveu: “Oi, vagabunda, está satisfeita agora?”, numa tentativa de atribuir a amiga a culpa dos atos dele. A promotora destacou que esse tipo de atitude mostra frieza e intenção deliberada de humilhar a memória de Lediane e seus familiares.
Durante a oitiva, a promotora contestou o discurso do réu, que insistia em relatar supostos comportamentos da vítima para justificar sua violência. “O senhor falou tantas coisas dessa vítima, que não está mais aqui para se defender. Se o senhor sofria tanto, por que não tomou a iniciativa de terminar esse relacionamento? Por que ficou cinco anos com ela até matá-la a facadas?”, questionou. Enqaunto o réu baixava a cabeça e de monstrava chorar.
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Segundo a acusação, Wendel manteve um relacionamento marcado por agressões, ameaças e controle, que culminou no feminicídio consumado a golpes de faca. O Ministério Público reforçou que a tentativa do réu de inverter a narrativa, colocando a vítima como responsável, reflete o padrão de violência de gênero que a legislação brasileira busca combater.
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