Em linha com o aumento das preocupações sobre o quadro fiscal - já que um eventual novo governo Lula tenderia, na visão do mercado, a adotar política de gastos mais expansionista, ao passo que Tarcísio poderia implementar um ajuste nas contas públicas -, os vértices intermediários e longos da curva a termo operaram nos maiores níveis desde outubro na sessão.
A parte curta subiu, mas em menor intensidade, refletindo ainda o tom conservador da última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, enquanto a falta de sinalização do comitê sobre o início de ciclo de cortes seguiu minguando apostas de redução em janeiro.
Encerrados os negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro avançou de 13,672% no ajuste de terça para 13,815%. O DI para janeiro de 2029 aumentou de 13,099% no ajuste anterior para 13,330% - maior patamar de fechamento desde 14 de outubro. O DI para janeiro de 2031 marcou 13,635%, também maior nível desde 14 de outubro, vindo de 13,386% no ajuste. A curva dos Treasuries abriu levemente nesta quarta, mas o cenário externo ficou em segundo plano diante do estresse causado pelo quadro político local.
Ainda digerida pelo mercado e discutida nas mesas de renda fixa, pesquisa Genial/Quaest publicada nesta terça mostrou que o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro tem vantagem sobre Tarcísio entre eleitores de oposição ao presidente Lula. No fim desta tarde, Flávio disse que se reuniu com empresários na Faria Lima na última sexta-feira para mostrar que sua candidatura é "viável", e também para "acalmar animosidades" sobre Tarcísio. Na noite de terça, reiterou que sua disputa na eleição é "irreversível".
Sem nenhum fato concreto, mas avaliando sinalizações de ambos os lados do espectro político, os investidores estão pessimistas com a aparente resistência do senador em desistir de sua candidatura, ao mesmo tempo em que veem o nome de Tarcísio perdendo força, o que levou ao aumento dos prêmios de risco embutidos nas taxas futuras. Isso porque o governador é tido como o candidato que teria maior competitividade contra Lula e também como o mais propenso a equilibrar a política fiscal em 2027.
Economista-chefe da CM Capital Markets, Carla Argenta afirma que o mercado está cada vez mais atento às eleições do ano que vem. Argenta menciona não somente o levantamento publicado ontem, mas um conjunto de elementos que tem feito os investidores começarem a considerar que Tarcísio não será o candidato da oposição. "É o fator que impulsionou a parte longa da curva, com o mercado enxergando a maior probabilidade de um governo Lula 4. São movimentos políticos na pressão dos juros", disse.
"Os dados de todas as pesquisas pavimentam este caminho para que o mercado não consolide mais o cenário de uma candidatura de Tarcísio. É um conjunto de levantamentos, boatos e mudança de percepção dos agentes", observa Argenta, acrescentando que o próprio chefe do Executivo paulista nunca anunciou oficialmente que iria concorrer à presidência.
Segundo a economista-chefe da CM, o imbróglio político reforça sua perspectiva de que a Selic não será reduzida na primeira reunião de 2026 do Copom, mas sim em março. "Vamos avaliar se o Relatório de Política Monetária RPM traz alguma mudança das expectativas do Banco Central, mas não parece que vai cortar a partir de janeiro", comentou.
Em revisão de cenário divulgada nesta quarta, o PicPay reduziu sua projeção para a Selic ao final do ano que vem, de 12,5% para 12%, mas também descarta flexibilização em janeiro. O corte deve ocorrer em março, mas está condicionado à consolidação da desaceleração da atividade, continuidade do arrefecimento dos núcleos de inflação e ausência de novos choques adversos, diz a instituição.
(Com Agência Estado)
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