A leitura sobre a votação é positiva para o mercado financeiro porque adiciona mais fraqueza na já vista como frágil pré-candidatura ao pleito presidencial do senador Flávio Bolsonaro (PL). No fim da segunda-feira, Flávio classificou sua participação nas eleições como "irreversível", o que causou deterioração nos ativos na primeira parte da sessão. Pela tarde, a indicação sobre a proposta da anistia ajudou a moderar os ânimos. Mas o quadro segue bastante instável e o 'trade' político está ofuscando os fundamentos econômicos, que são propícios a uma queda dos juros.
Os agentes avaliam que Flávio não tem força suficiente para enfrentar o presidente Lula, que em eventual segundo mandato, tende a adotar política fiscal mais expansionista. Já sobre Tarcísio de Freitas (Republicanos), tido como o nome mais competitivo da direita e mais propenso a realizar um ajuste fiscal crível em 2027, a avaliação é que sua candidatura presidencial está em banho maria.
No fechamento, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 oscilou de 13,754% no ajuste anterior para 13,76%. O DI para janeiro de 2029, que chegou a operar em máxima intradia de 13,485% perto da abertura, avançou de 13,143% no ajuste anterior para 13,19%. O DI para janeiro de 2031 marcou 13,465%, vindo de 13,393% no ajuste. A máxima deste vértice no dia foi de 13,715%.
"A resposta do Congresso e do centrão à candidatura de Flávio e a questão da dosimetria da pena são temas correlacionados, mas Flávio está segurando a postura de que vai ser candidato. A questão política é o único driver dos mercados locais hoje", afirma Laís Costa, analista de renda fixa da Empiricus Research, para quem o mercado ainda avalia a possibilidade de que a concorrência do filho de Bolsonaro à presidência seja um blefe. "Estamos com a direita dividida".
Mais perto da fase final do pregão, Flávio declarou que só não será candidato caso seu pai seja, e que procurou o ex-ministro da Economia de Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, antes de se anunciar como pré-candidato. Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, afirmou ter feito um compromisso com líderes da Câmara sobre o PL da Dosimetria para deliberar o tema na Casa, caso os deputados votem o projeto.
Economista-chefe da Mirae Asset, Marianna Costa aponta que os DIs, assim como os demais ativos domésticos, melhoraram o comportamento após o anúncio da votação do projeto da Dosimetria, mas ressalva que o cenário de incertezas segue inspirando cautela. "A dosimetria favoreceria sim uma negociação com Flávio. Mas o cenário hoje está muito embaralhado. Tarcísio está de molho".
Lá fora, a curva dos Treasuries operou sem direção única ao longo da sessão, às vésperas de decisão do Federal Reserve (Fed), que deve reduzir o juro básico americano em 0,25 ponto porcentual nesta quarta. O mercado também acompanhou sinais mistos do relatório Jolts, que mostrou abertura de 7,67 milhões de vagas em outubro, ante 7,658 milhões em setembro.
Segundo a BuysideBrazil, os dados dos últimos dois meses apontaram recuperação consistente do mercado de trabalho, com maior número de geração ante os meses anteriores, enquanto a proporção de vagas em relação a desempregados voltou a superar 1%. Por outro lado, o levantamento também trouxe sinais de moderação: "a taxa de demissões voluntárias caiu para 1,8% em outubro, enquanto as demissões aceleraram para o nível mais alto em mais de um ano", observa a consultoria.
Por aqui, a expectativa majoritária para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) da quarta-feira é de manutenção da Selic em 15%, sem indicações explícitas sobre quando será o início do ciclo de cortes. "Se vai ter queda de juros à fora, isso deveria ser bom para o Brasil. Mas o BC não deve afrouxar o discurso", diz Costa, da Empiricus.
(Com Agência Estado)
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