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Cuiabanália Domingo, 03 de Julho de 2016, 17:03 - A | A

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Domingo, 03 de Julho de 2016, 17h:03 - A | A

FESTEJOS DE SANTO

As heranças do passado que se atualizam todo ano nos festejos de santo

RAYANE ALVES

Herança do catolicismo da península ibérica, as festas de santos sempre fizeram parte do calendário brasileiro. Elas sempre foram uma forma de homenagear os santos católicos, mas são também momentos de reunião que servem para formar o senso de coletividade. E apesar de remeter às tradições do passado, os festejos populares são sempre readaptados ao presente, atualizando a vida coletiva.

 

Fablício Rodrigues

são benedito

Uma das mais tradicionais em Cuiabá, a festa de São Benedito é um importante meio de formação de laços sociais nas comunidades 

“Pensamos a tradição como algo enraizado em um tempo longínquo, e por isso, fixo. Mesmo associadas a este passado, as festas são vividas, executadas de forma diferente e adaptadas ao cenário brasileiro. É importante pensarmos: existe a possibilidade de uma expressão cultural continuar ativa no presente sem se alterar? E o avesso dessa pergunta também é importante: é possível mudar sem guardar algo do passado? E as transformações não necessariamente esvaziam os significados da vivência”, comentou a doutora em antropologia, Patricia Silva Osorio.

 

Na história, o ciclo festivo junino que ainda contam com as festas do mês de julho remonta às tradições do catolicismo ibérico. No Brasil essas festas foram introduzidas pelos portugueses e ao longo do tempo foram adaptadas ao contexto brasileiro. Tais eventos festivos inserem-se no calendário de comemoração a santos católicos, como São João, Santo Antônio e São Pedro, por exemplo.

 

Em Cuiabá essas festas podem ter como cenário, a quadra do bairro, a paróquia da Igreja, mas, especialmente, os quintais.

 

Thiago Leon

festa de sao benedito

 

“Nosso cenário é extremamente rico no que toca à realização das festas de quintal realizadas durante todo o ano nas casas das famílias. A motivação para festejar liga-se à devoção, ao pagamento de promessas e também à celebração de laços de parentesco, vizinhança e amizade. Logicamente o calendário festivo nem sempre está restrito à data oficial de comemoração do aniversário do santo, este calendário oficial é adaptado segundo às necessidades do festeiro, ou da associação responsável pela organização do evento festivo”, explica a antropóloga.

 

O padre Deusdédit de Almeida explica que a igreja cultiva a tradição do culto aos santos -- e não a adoração, que é feita exclusivamente a Deus -- porque eles são 'os heróis da fé', que apontam o caminho de Deus pelo exemplo e vivência do cristianismo.

 

“A igreja apresenta os santos como exemplo à nossa vida, fé, esperança e pessoas caridosas com o próximo. Os santos não são para serem admirados e sim para serem seguidos, porque são os profetas da igreja”.

 

Marcos Lopes/HiperNotícias

Capela São Benedito/Igreja do Rosário/estátua/alavanca

O santo negro era descendente de escravos e pobre. Não é à toa que seu culto em Mato Grosso cresceu justamente entre os escravos no período colonial

A invocação a São Benedito, por exemplo, é uma das mais antigas no estado devido à grande devoção ao santo negro nascido na Itália, no seio de família pobre e descendente de escravos oriundos da Etiópia. Em Cuiabá, a festa nasceu entre os excluídos, não alfabetizados, negros e pobres, que não tinham nenhuma representatividade social, assim como o santo.

 

Com o passar do tempo o evento passou a contar com a participação de outras classes sociais e até mesmo pessoas da elite. A devoção ao santo venceu as barreiras da exclusão, minimizando assim, as diferenças sociais, unindo diversas classes e etnias, em um só tempo e espaço para reverenciar São Benedito. Por esses motivos, o tema é assunto abordado em livros e em dissertações de mestrado e doutorado.

 

E pra quem pensa que os festejos não são coisa séria, principalmente por pessoa que não conhece o ritual e a organização, a antropóloga Patricia Osorio faz uma ressalva: "as festas são 'brincadeiras sérias'".

 

“Eu reforço a ideia de que as festas são “brincadeiras sérias”, porque falam sobre religião, afirmação de relacionamentos sociais, como os laços de parentesco e vizinhança, sobre o sentimentos de pertencimento ao lugar, ao bairro, à comunidade, à cidade, ao país... Ou seja, são veículos privilegiados para a erupção de sociabilidades e para vínculos identitários”, concluiu.

Thiago Leon

festa de sao benedito

 

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