A Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa) tem brigado na Justiça e até gastado R$ 6,4 milhões somente com desapropriações no centro de Cuiabá para dar lugar a uma praça. Considerado um projeto polêmico, o Largo do Rosário prevê a retirada de 15 imóveis além do fechamento da avenida Coronel Escolástico.
A praça será edificada onde hoje é a chamada "Ilha da Banana", localizada entre a avenida e a rua Bernardo de Antônio Oliveira Neto, junto ao Morro da Luz. A intenção é criar um espaço de lazer que permita a realização de eventos religiosos ligados a Igreja do Rosário, conforme secretário da Copa, Maurício Guimarães, já anunciou em outras ocasiões.
Para isso, o trecho da avenida Coronel Escolástico, sentido Prainha, deve ser fechado. “Eu não desço o trânsito mais em frente da igreja, ele vai descer do lado do Morro da Luz”, afirma Maurício.
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Já o outro lado da Ilha será destinado à praça cuja avenida será integrada ao Largo. “Eu tenho que tirar todas as casas para preparar a pista. O projeto, como ali é uma baixada, é em níveis, incorporando o Largo do Rosário”, afirma o secretário.
Segundo Maurício, o projeto está sendo condicionado a aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “O conceitual já esta dentro do Iphan”, aponta sem dar muitos detalhes.
O Instituto deve aprovar a criação do Largo para dar início às obras, já que área é considerada entorno de Patrimônio e precisa do aval do Iphan.
De acordo com a superintendente do Iphan, Marina Lacerda, é possível que a rua seja fechada para dar mais amplitude ao Largo, já que a Avenida não faz parte do conjunto arquitetônico tombado como patrimônio.
“O meio de rua não é tombado, não. Estamos vendo no projeto para que feche e deixe marcado aonde é rua e onde sempre foi calçada. Para não perder o desenho urbanístico de Cuiabá”, ressalta.
Ela explica que o fechamento da rua é considerado “alargamento de traçado” e que faz parte da “ideia primaria” da concepção do largo.
“Você emenda, mas deixa marcado com mudança de pavimento, mudança de cobertura no solo de forma que você saiba que ali é uma via”, garante.
O projeto do Largo ainda não tem muitos detalhes divulgados, muito menos, o valor a ser investido. Pelo menos, o secretário Maurício tem evitado falar sobre o assunto. Até o Consórcio VLT, executora do projeto, tem mantido segredo sobre o projeto.
O mistério em torno do projeto se deve a polêmica que envolve a desapropriação da Ilha da Banana. Moradores lutam judicialmente e por enquanto, conseguiram liminar para se manter no local. Com a decisão do juiz Roberto Teixeira Seror, da Quinta Vara de Fazenda Pública, a conclusão do projeto fica travada.
Isto porque enquanto o juiz não definir pela retirada ou não dos moradores do local, a Secopa fica impedida de realizar qualquer obra no local. Com isso, até o caminho do VLT é colocado em xeque, já que será por meio da demolição da Ilha que o veículo terá passagem.
Por enquanto, a Secopa continua na elaboração do projeto que já devia estar em execução, caso o objetivo seja construir o Largo antes dos jogo dos Mundial.
Benedito Addôr 01/10/2013
Se o negócio fosse feito como está na propaganda da própria Secopa, que pode ser assistida num dos telões dentro da própria Secopa; teria somente que desapropriar o Centro Comercial Morro da Luz - que ficaria em torno de 1 milhão e quatrocentos mil reais; então faria uma economia de 5 milhões de reais. Aí, uma pessoa da própria Secopa me disse que existe um plano b, caso do juiz dê sentença favorável aos moradores; seria feito um paredão (muralha) atrás das casas, que serviria de base para um aterro, pois há um declive enorme, considerando que lá é um morro. E o VLT passaria tranquilo. Foi assim que a própria Secopa fez o primeiro projeto, que passa na propaganda - é só consultar no YouTube, colocando VLT Cuiabá-Várzea Grande. É estranho a Secopa fazer esse projeto, incluí-lo na sua propaganda oficial que corre por todo mundo; aí, de repente, ignorar tudo isso e vir com uma outra estória. Há comentários que um grupo de empresários está por detrás de tudo isso, porque querem ganhar dinheiro com a área (é bom não duvidar de nada). Como a verdade sempre aparece; vamos pedir a São Benedito que desvende a situação. Nós que somos devotos do Santo, ficamos sempre feliz por morarmos durante décadas sob os seus pés, considerando que ele está sob os pés de Jesus. Salve São Benedito!
Benedito Addôr 30/09/2013
Sr. Douglas M.; gostei do seu comentário; há bom pouco tempo, eu também não entendia nada de patrimônio histórico; foi conversando com muitas pessoas (advogados, historiadores, funcionários públicos, etc.) que fiquei a par do assunto razoavelmente. O negócio é que no Brasil, fazem muitas leis, Decretos, Normas, Instruções, e depois não cumprem nada. Seria bom o Sr. ler a Instrução Normativa do Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico da Cidade de Cuiabá, no seu Artigo 2º que trata da preservação assegurada. Essa Instrução foi feita em 1.994 para regulamentar e estabelecer Normas pelo IPHAN/MT e IPDU da Prefeitura Municipal. Afinal de contas, o que está escrito sobre a preservação VALE OU NÃO VALE? Bem, está escrito, mas agora estão dizendo que não vale nada. Diversos advogados já examinaram o Artigo de todas a maneiras e constataram que preservação assegurada é preservação garantida. A não ser se tivesse escrito meio assegurada ou quase assegurada; e incluiram até o Entorno. Cuiabá possui cerca de 10 Entornos, todos os imóveis que estão aí localizados, os proprietários podem ir até ao IPHAN/MT e pegar uma Declaração. Não vão porque nem sabem que isso existe - o direito é igual para todos. A preservação só não está assegurada em áreas fora do Conjunto Arquitetônico e do seu Entorno. Os advogados concluiram que, no momento, em que incluiram o E DO SEU ENTORNO, todo o entorno ficou incluido também, vale o que está escrito. A não ser se mudasse esse Artigo, depois de 19 anos.
Douglas M. 30/09/2013
Essa ilha da banana é a coisa mais feia que tem no centro de Cuiabá.Sr. Benedito Addor tem que pensar no coletivo deixa de ser egoista, essa casa foi construida nos anos 60 foi um erro ser tombada pelo patrimonio histórico.
Benedito Addôr 30/09/2013
Diversos moradores receberam, durante anos, Declarações do IPHAN/MT dizendo uma coisa e agora dizem outra. O assunto é polêmico: como fica a tal da "boa" FÉ PÚBLICA desses documentos, ou documentos dados pela esfera federal não tem valor nenhum. Mesmo na nova Declaração que fala em Entorno, o Artigo 2º da Instrução Normativa fala que "a preservação é assegurada (garantida)" do Entorno também. Aí falam na festa de São Benedito, quer dizer que as pessoas vão ter que deixar as casas porque, uma vez por ano (no primeiro domingo de julho), é realizada uma festa que dura 4 dias. A minha vizinha, Dona Rita, devota de São Benedito, não aguentou o terrorismo da Secopa, que chegou na sua casa, onde mora há mais de 30 anos, e foi dizendo que a casa dela não é mais dela - teve um AVC grave e está muito debilitada. Prá quem conheceu Dona Rita, uma pessoa trabalhadora que lavava roupas para ter o ganha-pão, é triste ver que, atualmente mal mexe o pescoço e o pé. Acho que ela vai ser a mártir da ilha da banana. E não é que, há pouco tempo, a Secopa enviou um funcionário que queria, porque queria, que a família assinasse um papel para desligar a luz da casa. Foi difícil a família convencer a pessoa que é impossível desligar a luz, porque constantemente a Dona Rita é ligada a aparelhos que mantém a sua vida (a famíla gravou toda a essa história, registrando o fato com imagens e sons). Estive, recentemente, na Secopa, e pude assistir num dos telões na entrada, a propaganda oficial onde as casas continuam no mesmo lugar e o VLT passsa tranquilo aonde fica o Centro Comercial Morro da Luz. A mesma encontra-se no YouTube, é só colocar VLT Cuiabá-Várzea Grande. Parece que São Benedito dá uma forcinha para os moradores ficarem no local, pois a área frontal à Igreja do Rosário já teve duas tentativas de desapropriação: uma em 1981; outra em 1991; e nessa terceira, o governador já teve que fazer dois decretos, um para retificar o outro. Aliás o meu nome é Benedito, porque nasci num primeiro domingo de julho, época da festa, e o meu avô paterno também chamava Benedito. Salve São Benedito! Bons tempos eram aqueles onde a festa era realizada na casa da Bem-bem. Tem que arrumar um local para fazer a festa; o próprio Mestre disse: a casa do meu Pai é uma casa de oração; e expulsou os vendilhãos do templo. Recentemente li um livro feito por um pesquisador sobre a vida do santo - São Benedito era o santo do silêncio; quando começa o barulho na aldeia onde morava, ele fugia, ia para montanha rezar e meditar; então quando vejo o pessoal colocar caixas de som com alguns milhares de decibéis; penso, São Benedito já deve estar longe; só volta quando o barulho terminar.
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