O presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, alertou que grandes clubes do futebol brasileiro podem falir nos próximos dois anos. Em entrevista à Jovem Pan Esportes, no sábado (3), ele citou os casos de Cruzeiro e Botafogo, que enfrentaram colapsos financeiros e se tornaram Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs), com novos proprietários.
Dresch foi questionado sobre as gestões ruins dos grandes clubes do Brasil e deixou claro que pensa muito no assunto, além de expressar que o futebol brasileiro vai passar por uma “transição dolorosa” nos próximos anos.
“É um assunto que eu reflito muito, eu penso muito nisso. Eu vejo o futebol brasileiro passando por uma transição dolorosa, isso aí não tenho dúvida. Nos próximos três anos no máximo, vamos ter vários clubes enormes, gigantes, de Série A, de Série B, indo à falência”, afirmou Cristiano.
Ao dar essa declaração, Cristiano citou os maiores casos de falência de grandes clubes do país. Botafogo e Cruzeiro precisaram se tornar SAF para voltar a figurar entre os maiores times do Brasil.
“A gente vai ter a repetição dos casos do Cruzeiro e do Botafogo, dois clubes grandes que chegaram ao ponto de não ter dinheiro para pagar contas simples, de não ter dinheiro para pagar contas básicas. Nós estamos vivendo esse momento de transição. Eu não vejo outra saída para o futebol brasileiro senão a transformação dos clubes em empresas (SAFs)”, continuou Dresch.
O caso do time carioca foi tão complicado que os irmãos Moreira Salles tiveram que financiar um projeto para que se tivesse real noção das dívidas totais do Botafogo. Hoje, a SAF possui um dono: o empresário americano John Textor, que possui outros clubes de futebol ao redor do mundo.
Já o caso do time mineiro não foi tão diferente. O time se afundou em dívidas após o rebaixamento em 2019 e foi comprado por Ronaldo Fenômeno em dezembro de 2021, por R$ 400 milhões. Em 2024, Ronaldo revendeu o Cruzeiro para o dono da rede varejista Supermercados BH, Pedro Lourenço, conhecido como ‘Pedrinho BH’, por R$ 700 milhões no total.
Cristiano também fez questão de dizer que, fora Flamengo e Palmeiras, clubes que são bem geridos internamente, o restante dos clubes deve se tornar SAF por uma questão de responsabilidade financeira, já que, no modelo atual presidencialista que os clubes adotam em grande maioria, os líderes eleitos por conselheiros dos próprios times só pensam no agora e não se preocupam com a dívida feita por eles, já que, na maioria das vezes, esses débitos viram problema da próxima gestão.
“A gente vai ter casos que não vão se transformar, clubes como o Flamengo e Palmeiras, que já estão estruturados de uma forma associativa, mas com responsabilidade, com compliance, com organização, com gestão, talvez não venham a ter a necessidade de se transformar em SAF”, continuou o presidente do Cuiabá.
Continuando sua fala, ele exemplifica sobre clubes que faturam muito e não pensam na saúde financeira a longo prazo do clube.
“Vai ter uma evolução a partir do momento que a gente tiver na mesa o dono. O dono do dinheiro. A pessoa que, caso o plano que ele executar não dê certo, vai doer no bolso dele lá no final do ano. Em algum momento do ano ele vai ter que pagar a conta que ele criou. A gente não pode ter na frente de instituições aí que faturam 600, 700, 800, 1 bilhão de reais por ano, pessoas que estão ali somente pensando no hoje, que não têm preocupação nenhuma com o que vai acontecer com o clube daqui a três anos, que não têm responsabilidade nenhuma com o que vai acontecer com o futuro do clube”, falou.
Por fim, o presidente e sócio proprietário do Cuiabá Esporte Clube, Cristiano Dresch, afirmou que o clube nunca funcionou no modelo associativo, que, segundo ele, é um “modelo falido”.
“O Cuiabá nunca foi um clube associativo, nunca teve conselho deliberativo, nunca teve pessoas que não estão no dia a dia do clube tomando decisões. Então acho que isso aí facilita muito a gestão do clube. Isso aí transforma o dia a dia do clube, muito parecido com uma empresa comum, apesar de que a gente lida com um jogo que tem um resultado imprevisível. Mas a gestão, a organização, o planejamento e a responsabilidade são totalmente diferentes do que a gente está vendo aí hoje no Brasil”, finalizou Cristiano Dresch, presidente e sócio proprietário do Cuiabá Esporte Clube.
O Cuiabá Esporte Clube joga fora de casa nesta terça-feira (6), contra o CRB, no estádio Rei Pelé, em Maceió, Alagoas. Caso o Dourado vença, ele pode assumir a liderança da Série B do Campeonato Brasileiro.
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