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Cidades Domingo, 04 de Junho de 2023, 07:49 - A | A

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BATALHAS DA PANDEMIA

Médico infectologista relembra processo de testes da vacina contra covid-19 em Mato Grosso

Instituto Butantan ficou responsável pelo ensaio clínico no Brasil da vacina contra o coronavírus e o Estado foi um dos locais escolhidos em 2021 para realização dos estudos

CAROLINA ANDREANI
Da Redação

Mesmo com a redução do nível de alarme da covid-19 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), decretada em maio, os atrasos e destruições causados pelo coronavírus foram inúmeros. O Brasil se mostrou um polo importante para o desenvolvimento de um dos antídotos à doença. O Instituto Butantan ficou responsável pelo ensaio clínico fase 3 da Coronavac, desenvolvimento iniciado na China. Mato Grosso foi um dos locais escolhidos em 2021 para realizarem os estudos.

O HNT foi em busca de outro olhar sobre o contexto pandêmico, o desenvolvimento do ‘antídoto’. Tiago Rodrigues, professor e médico infectologista em Mato Grosso, relembrou o processo de testes da vacina em Mato Grosso e ainda enfatizou que negacionismo e ciência não combinam. Sob a coordenação do investigador principal e médico infectologista Cor Jesus, Tiago e mais dois médicos subinvestigadores fizeram parte do projeto no Estado. Os ensaios clínicos eram os de fase 3, o último antes da vacina se tornar comercializada. O projeto foi realizado em 2021, com duração de um ano, para testar a Coronavac, cujos estudos iniciaram na China. Quem pôde participar foram voluntários que são profissionais de saúde pertencentes ao grupo de risco.

O infectologista explicou como o processo era feito. “Vacinamos essas pessoas [voluntários], alguns recebiam placebo e alguns, vacina. Todo ensaio clínico é assim. A gente não sabe quem toma placebo e quem toma vacina. E aí, depois, a gente checa nesses vacinados se as pessoas que receberam a vacina tiveram menos casos de covid, ou menos casos complicados do que quem tomou só o placebo. Aí você demostra que a vacina funciona. E esses dados não são apresentados por nós. Esses dados são coletados por nós aqui, encaminhados pro Butantan e ele mostra esses resultados”, contou ele.

“O que a gente faz é captar os voluntários e vaciná-los, acompanhá-los durante um ano. A gente não analisa os produtos. Porque isso é perigoso, você deixar o próprio cientista analisar os dados. Porque o cientista pode manipular os dados. Essa análise é feita por uma equipe independente. Contrata-se uma empresa para analisar os resultados, uma empresa que não tenha interesse”, clarificou.

Depois, esses resultados são analisados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que dá o aval de que a vacina realmente funciona e é segura para que seja comercializada.

O professor analisou o lado técnico e profissional de todo o processo. “É muito importante. Quanto mais gente praticando ciência de ponta, melhor pra sociedade como um todo”, disse.

O médico ainda elogiou o coordenador dizendo que, além do Butantan escolher trazer os estudos para Mato Grosso em razão da estrutura que há no estado para teste de vacina para dengue, escolheu também por conta da ‘expertise’ de Cor Jesus, um pesquisador e estudioso de renome nacional. “Como já tinha essa estrutura, já tinha essa equipe, o professor Cor, aí eles aproveitaram também para testar a vacina da Coronavac”, reforçou.

Arquivo pessoal

Equipde de MT do experimento da Coronavac

 

Tiago revelou que participar de um processo histórico é muito gratificante. O médico disse que os estudos dão muito trabalho e acabam tirando a pessoa da rotina. “Mas é um trabalho gratificante. Porque tudo que a gente faz na saúde, remédio, desenvolve cirurgia, cuida de paciente, de tudo que a gente faz, a medida que mais causa impacto na vida da população são as vacinas. A expectativa de vida antes das vacinas era de 40 anos. Então, participar do processo de produção de uma vacina é fantástico”, acentuou o infectologista.

Tiago é professor e sempre tenta mostrar para os alunos que a área médica é, antes de tudo, uma área científica. Por isso, é tão importante a realização de estudos. “A gente é alicerçado em cima da ciência. O que nós vendemos, o que nós oferecemos aos nossos pacientes não é aquilo que a gente acredita, é aquilo que os estudos demostram pra gente que funciona. Isso não quer dizer que é verdade. É o melhor que a gente tem praquele momento. Pode ser que, daqui dez anos, surja um tratamento melhor, mas hoje, esse é o melhor tratamento. Porque se a gente começar a oferecer e vender aquilo que a gente acha que funciona, isso não é medicina, isso é curandeirismo”, refletiu o pesquisador.

NEGACIONISMO

Durante a pandemia, muitas pessoas bateram de frente com as evidências cientificas. Tiago disse que não gosta de politizar o termo, já que a ciência, para ele, não deve ser politizada.

“Nós, que trabalhamos na pesquisa ou pessoas que são pesquisadores de carreira, essas pessoas ignoraram o barulho de toda essa baboseira e fizeram aquilo que elas se propõem: que é estudo cientifico. E obtiveram resultado, independente o político ‘A’ ou o governante, ou o antivacina achar ou deixar de achar. A ciência não tá nem aí pra isso. A ciência testa as coisas pra saber se elas funcionam de fato ou não. Se não funcionar, a gente descarta, se funcionar, ótimo pra população”, salientouTiago.

O médico orientou também que quando as pessoas pensem em saúde, que recorram a profissionais alicerçados na ciência, e não em charlatanismo ou modismo. Tiago também foi enfático ao dizer que não houve um maior apoio e valorização da ciência no Brasil. “Eu acho que foi completamente o contrário. Até dentro do meio médico mesmo. O Conselho Federal de Medicina apoiava um tratamento sem respaldo científico nenhum para covid, uma mancha dentro do Conselho Federal de Medicina. Ele respaldava o malfadado tratamento precoce com hidroxicloroquina e ivermectina, que não era baseado em nenhuma evidência científica. Era baseado em achismo. Então, pioraram as coisas por aqui”.

Apesar de achar que o mundo vive tempos nebulosos com a negação da ciência, o médico disparou que o ser humano é feito de ciclos. “Quando a gente vive tempos nebulosos, como o que a gente tá vivendo, isso gera muitos problemas, esses problemas fazem a gente voltar a recorrer a ciência. E aí você gera uma geração mais racional”, prospectou o médico ao relembrar da idade média que vivia negando a ciência.

“Só que hoje, em um mundo globalizado e digitalizado que a gente vive, a pessoa pra negar fatos científicos ela tem que fazer muito esforço. Porque as informações estão disponíveis pra todos nós”, apontou. O pesquisador disse que o principal problema de quem nega a ciência é quando isso causa impacto na vida do outro. “Se não causa impacto, eu acho que essa pessoa tem que ser simplesmente ignorada”, expressou.

“Imagina um médico antivacina, o impacto negativo que isso vai ter na vida da população? Se pôr um cara desse pra trabalhar em um posto de saúde e ele é contra a vacina. Vai estimular que todas as crianças, todas as pessoas ali daquele bairro não vacinem. Uma tragédia que isso vai ser”, condenou Tiago.

LEIA MAIS: Superintendente da Saúde de VG diz que agilidade na vacinação só foi possível por conta de parcerias

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