Em reconhecimento às ações de preservação do patrimônio cultural mato-grossense, a artesã, artista popular e incentivadora da cultura tradicional ribeirinha, Domingas Leonor da Silva, foi outorgada com a mais alta honraria da Universidade Federal de Mato Grosso: o título de Doutora Honoris Causa. A aprovação de seu nome foi feita de forma unânime em votação realizada na sessão do Conselho Universitário (Consuni) de quarta-feira (13). O título será entregue em 10 de dezembro, data em que a UFMT celebra 49 anos.
Nascida na comunidade de São Gonçalo Beira Rio, em 21 de fevereiro de 1954, Domingas da Silva defende por meio da arte, os costumes e comportamentos tradicionais cuiabanos, com o intuito de mantê-los vivos e vibrantes nas memórias e no cotidiano das pessoas. Segundo o relator da Comissão Especial, o Pró-reitor de Cultura, Extensão e Vivência, professor Fernando Tadeu de Miranda Borges, “os saberes da senhora Domingas Leonor da Silva sobre o modo de viver do ribeirinho, os segredos da arte em cerâmica, da culinária regional e a manifestação disso tudo em poesia garante a preservação, transformando em arquivo vivo uma fonte de oralidade das mais preciosas”, destacou.
Em 1993, Dona Domingas fundou o grupo de dança “Flor Ribeirinha”, levando para o mundo o conhecimento de duas das maiores expressões culturais de Mato Grosso, o siriri e o cururu. Com o intuito de preservar e transmitir as tradições da região, o grupo já se apresentou em diversos países, incluindo a França, Alemanha, Bélgica e China, tendo conquistado o título de campeão mundial do Festival Internacional de Arte e Cultura, em Istambul, na Turquia.
Na arte em cerâmica, o trabalho de Dona Domingas Leonortambém é marcante. A sua participação em exposições tornou a atividade ainda mais representada no país e os segredos da produção artesã foram aprendidos com sua avó, Maria Antonia da Silva e sua mãe, Joana Maria da Silva. Além disso, a homenageada aprendeu e transmitiu outras diversas expressões artísticas, sociais e culturais, como, por exemplo, a arte da benzeção.
Em 2020, ano em que a UFMT celebra 50 anos, Domingas da Silva comemora 50 anos de vida profissional e os 27 anos de fundação do Flor Ribeirinha. Durante a sessão, o conselheiro Vinicius Santos Fernandes declamou poema intitulado “Ode à Dona Domingas”. Leia:
Ribeirinha é Domingas
A flor mais bela do cerrado
Do siriri, do cururu
Do rasqueado
Que São Gonçalo abençoou
E firmou de pé.
Ribeirinha é a moringa
Que mata a sede de arte
Cheia de amor por toda parte
Que a olaria da alegria moldou na fé
Ribeirinha é a vida
Para a canoa mágica
Que os sonhos do mundo um dia viveu
É peixe na bananeira assado
Sabor dos encantados
Bênçãos correntes que vem do céu.
Ribeirinhas são as crias do siriri
Filhos tocam o ganzá
Para mãe tocar o tamborim
Com rimas aos versos seus
Somos flores
Porque crianças são flores
Animando todos os amores
Sob o luar claro que Nandaia nasceu.
Ribeirinhos são saberes
Que o povo Coxiponé concebeu
É a chita simples e miudinha
É o agito dos seres e da bainha
Para os primeiros passos
Que Flor Ribeirinha deu.
Ribeirinha é a flor
Que a benzendeira encantou
Para o mundo aplaudir de pé
É o coração que pulsa arte
É o clamor por toda parte
Doutora que a Dona Domingas é
Rainha da cultura e do povo
Força da tradição e do novo
Mulher do conhecimento e fé.
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Benedito costa 16/11/2019
São essas coisas que deixam o Cuiabano orgulhoso das pessoas que ajudam a levar o nome da cidade e do estado para outros lugares do Brasil e do mundo. Parabéns a ela pelo seu nome ter reconhecimento, ainda mais por uma instituição que ainda tem credibilidade
1 comentários