O presidente do Condomínio Rural de Piscicultores, Junior Vidotti, afirmou ao HiperNotícias que o frio ocorrido na Baixada Cuiabana nos últimos dias foi a causa das mortes de aproximadamente 90 toneladas de peixes da espécie tílapia na Usina do Manso, na cidade de Chapada dos Guimarães (65 km de Cuiabá). O prejuízo financeiro, segundo o piscultor, bateu a casa de R$ 700 mil.
“O fator predominante para a mortalidade dos peixes foram baixo volume das águas da Lagoa do Manso. Todos os anos ocorre esse fenômeno da inversão térmica ocasionado pelo frio, mas dessa vez foi muito mais forte. Nunca o lago esteve tão baixo. Produzimos piscicultura há anos e nunca tivemos esse tipo de problema. A estima é que houve um prejuízo financeiro”, disse o psicultor à reportagem.
As mortes dos peixes vieram à tona depois que pescadores da região publicaram, na última segunda-feira (5), vídeos com uma grande quantidade de peixes mortos. Para fazer a retirada dos animais, os pescadores utilizaram uma grande rede de pesca e um barco.
Entretanto, o presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (PEIXE BR), Francisco das Chagas de Medeiro, empresa responsável pela cadeia de produção dos piscicultores nacional e de Mato Grosso, diz que além do fenômeno natural, a morte dos peixes ocorreu devido à violação ambiental da Usina Hidrelétrica da cidade.
“Furnas reduziu o reservatório de Manso em menos de 20% da sua capacidade total. Isso foi uma ação criminosa da Usinade Furnas. Isso (a morte dos peixes) não é um problema de produtores, isso é um problema de furnas. Diante disso, nós estamos sugerindo aos produtores a entrarem na justiça para serem ressarcidos", disse Francisco Medeiro.
O que diz a Secretaria de Meio Ambiente
A reportagem procurou a Secretaria estadual de Meio Ambiente (Sema), que, por meio de nota, informou que o caso será apurado e que existe a possibilidade de os peixes podem ter morrido por falta de oxigênio.
“Cabe esclarecer que no vídeo que circula nas redes sociais parece um criadouro particular em tanque rede, que nada tem a ver com a ictiofauna natural da região. Outra observação é que o fenômeno aparenta ser ocasionado por desestratificação térmica - que significa a falta de oxigênio na superfície por troca térmica da superfície com água mais profunda”.
Veja vídeo
O que diz a Usina Hidroelétrica
Por meio de nota, a Usina Hidrelétrica de Manso rebateu as declarações do presidente da Associação Brasileira de Psicultura e afirmou que não possui nehuma relação com as mortes dos peixes.
Leia a nota na íntegra
Furnas informa que não causou violação ambiental e não tem qualquer relação entre a morte de peixes verificada em alguns pontos de tanques-rede utilizados pela piscicultura no reservatório do Aproveitamento Múltiplo de Manso e a operação da usina hidrelétrica.
Conforme apontado pela SEMA-MT, a morte dos peixes nos tanques-rede foi devido às bruscas variações de temperatura experimentadas nos últimos dias na região. Em situações de confinamento (tanques-rede), a grande concentração de indivíduos e a não possibilidade de deslocamento para áreas com melhores condições de temperatura da água pode acarretar na mortandade de peixes, como relatado nos vídeos citados.
FURNAS cumpre estritamente as determinações dos órgãos reguladores na operação dos empreendimentos hidrelétricos sob sua concessão e está operando conforme despacho do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Os níveis dos reservatórios e a energia despachada são programados pelo ONS, responsável por operar o conjunto de reservatórios brasileiros de forma integrada, com o objetivo de garantir a segurança energética.
A empresa desenvolveu diversos programas ambientais desde a implantação do empreendimento, entre os quais Monitoramento da Ictiofauna, Limnológico e da Qualidade da Água.
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