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Cidades Domingo, 09 de Maio de 2021, 08:00 - A | A

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Domingo, 09 de Maio de 2021, 08h:00 - A | A

DIA DAS MÃES SEM O FILHO

"Até agora estou tentando entender", diz mãe de chef assassinado

JOYCY AMBRÓSIO
DA REDAÇÃO

Duas semanas antes do Dia das Mães, a jornalista Rose Velasco perguntou ao filho qual seria o cardápio do domingo (8). O gastrônomo João Guilherme Velasco, 25 anos, sugeriu uma peixada, no entanto ele lembrou à família, que vive em Cuiabá, que não participaria da comemoração do dia especial, pois o restaurante em que trabalhava em Sinop (479 km de Cuiabá) iria estar com alta demanda naquela ocasião.

Reprodução/Arquivo pessoal

CHEF JOAO VELASCO.png

João Guilherme no restaurante em que trabalhava.

Desde que o filho caçula se formou em gastronomia não participava mais de datas comemorativas, algo que Rose já estava acostumada. “Mas ele sempre ligava depois do almoço, fazia vídeo chamada. Conversava comigo, com os avós, com a irmã dele. Ele sempre teve esse carinho, sempre se preocupou em dar atenção à família”, contou a mãe ao HNT.

O destino mudou os planos dos dois. Nem ao menos uma ligação João Guilherme poderá fazer à mãe neste domingo, pois foi assassinado com três tiros na noite do último dia 28, quando deixava o local de trabalho.

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A mãe se pergunta o que o filho teria feito para alguém se achar no direito de cessar a vida dele. “Até agora eu estou tentando entender qual o motivo, o que ele fez de tão grave assim para alguém, a ponto de perder a vida da forma como perdeu”.

Rose criou João Guilherme e a outra filha, Fernanda Velasco, sozinha, sem a ajuda do pai. 

Reprodução/Arquivo pessoal

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João Guilherme, a mãe e a irmã Fernanda Velasco

“Eu separei ainda grávida do João Guilherme e foi uma separação bem complicada [...] Aí eu fui morar em um apartamento e ele nunca teve nem a presença, nem o apoio do pai. Então, tudo que ele fez, tudo que ele adquiriu foi mérito dele e com o apoio da família. João sempre foi muito querido pela família, as tias, todo mundo. Nunca faltou apoio", contou.

João Guilherme era um menino simples. De acordo com a mãe, ele nunca usou joias ou teve preocupações em ter as coisas. Os bens do gastrônomo eram um smartchwatch e um Iphone, sendo o celular dado de presente por ela mesma. “Ele levava uma vida simples, tinha o básico para viver”.

O que filho de Rose gostava mesmo era de viajar e conhecer novos lugares. “Sempre que ele estava de férias gostava de viajar, mas nunca teve ambição de comprar isso ou aquilo. O dinheirinho dele era para viajar, para passeios, coisas mais culturais”.

Mesmo com 25 anos, João ainda não tinha carteira de habilitação e a mãe puxava a orelha. “Eu peguei várias vezes no pé dele para tirar a carteira de habilitação, mas ele nunca quis”.

Novos planos

Em setembro, o gastrônomo iria tirar férias do trabalho em Sinop. Estava com passagem comprada para Salvador e quando retornasse ia comunicar a chefe que voltaria para Cuiabá e buscaria por novos rumos profissionais. "Este ano já estava tudo certo para ele voltar para Cuiabá. Daí eu sugeri a ele de ir para Portugal, depois que já estivesse vacinado e com tudo certo, para também ter uma evolução profissional. [...] Então, já havia tudo planejado, porque eu sempre quis o melhor para os meus filhos, o crescimento pessoal e o profissional”, relatou.

Para Rose, João Guilherme sempre será o filho disciplinado, organizado e asseado. De cabelo bem aparado e barba feita, que estava contente por ter voltado a frequentar a academia. 

“Para ajudar a pagar o estudo, ele fez parte do time de vôlei do colégio, ele conseguiu a bolsa e aí jogava. Ele fazia tudo com muita dedicação, com amor, atenção e disciplina. Sempre cuidadoso com as coisas dele, organizado com as roupas, os uniformes, os equipamentos. Ele era uma pessoa preparada para viver em qualquer lugar. Não era muito dependente de mãe para cuidar das coisas dele, ele mesmo cuidava”, lembra. 

A última vez que a jornalista visitou o filho, na semana em que o perdeu, encontrou a casa dele limpa. “As domas (roupa de chef) estavam limpas, os sapatos, tudo muito bem arrumado. Ele sempre foi muito caprichoso”.

O que resta para Rose agora são as memórias de uma mãe orgulhosa. “Ainda me resta a felicidade de ver o carinho que as pessoas têm por ele, a amizade, os amigos. Onde eu estive, com quem eu falei, todo mundo sempre elogiando, sempre falando que ele vai deixar saudade".

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A comida sugerida pelo filho seguirá sendo o prato oferecido por Rose no Dia das Mães. “Eu quero fazer a peixada, a família vai estar reunida. É o momento da gente matar a saudade, de rever fotos, é o que gente está fazendo para aliviar um pouco a perda”.

Ela pretende seguir até o fim para descobrir a verdade, “doa a quem doer”. Rose quer saber qual foi a motivação do assassino de João Guilherme e descobrir quem fez ela sentir, da pior forma possível, “que o amor de mãe por um filho é realmente insubstituível”.

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