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Cidades Sexta-feira, 22 de Outubro de 2021, 14:02 - A | A

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Sexta-feira, 22 de Outubro de 2021, 14h:02 - A | A

FINS MADEIREIROS

Área explorada da Amazônia em Mato Grosso é 38% ilegal

Dos 234 mil hectares de florestas nativas exploradas para fins madeireiros no Estado, 88,3 mil foram realizados de forma ilegal.

MÁRCIA TOMAZ
DA REDAÇÃO

Mato Grosso foi responsável pela exploração ilegal de madeira em 88,3 mil hectaresda da Amazônia entre 2019 e 2020, o que corresponde a 38% da área.  Os dados fazem parte de um Mapeamento da Ilegalidade na exploração no Estado de 2020, divulgado nesta sexta-feira (22) pela Simex, Instituto Centro de Vida (ICV), Imazon, Idesam e o Imaflora.

Dos 234 mil hectares de florestas nativas exploradas para fins madeireiros no Estado, 38% foram realizados de forma ilegal, ou seja, sem autorização válida pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema). E os outros 62% foram de forma legal, como aponta o documento.

Contundo, o patamar de ilegalidade ainda é alto e representa um aumento de 10% em relação ao ano passado, que somou 37% do total da exploração madeireira feita de forma ilegal entre 2018 e 2019.

As áreas exploradas legalmente tiveram um aumento de 6% em relação ao período anterior. O documento traz uma leve redução quando comparado a anos anteriores, ou seja, de cada dez hectares explorados no Estado para atender aos mercados nacional e internacional de madeira, em torno de quatro não foram autorizados pela Sema. Mato Grosso é o maior fornecedor de madeira nativa do Brasil e responsável por metade da produção na Amazônia.

“Assim como Mato Grosso respondeu por metade da área explorada para fins madeireiros na Amazônia, os dados de comércio e transporte de madeira mostram que entre 40% e 50% da produção de madeira nativa da Amazônia tem origem nas florestas mato-grossenses. Com toda sua relevância socioeconômica e referência para os outros estados amazônicos, o setor florestal mato-grossense tem o desafio de se ver livre das práticas ilegais. O que é fundamental para garantir a sustentabilidade do próprio setor ao longo do tempo, para valorizar os produtos madeireiros e acessar melhores mercados”, explica o engenheiro florestal, coordenador de Inteligência Territorial do ICV, Vinicius Silgueiro.

O setor madeireiro é base econômica de 44 municípios de Mato Grosso e gera cerca de 90 mil postos de empregos diretos e indiretos. Entretanto, os pesquisadores alertam que existem muitos desafios para o setor diante das práticas ilegais que ainda mantêm altos índices no Estado.

“Para contornar esse cenário de ilegalidade, as soluções passam por ampliar a transparência e assegurar a integração dos sistemas estaduais de monitoramento e controle florestal ao Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor). É necessário promover o engajamento do setor florestal e de mercados consumidores no combate à exploração madeireira ilegal e na valorização do manejo florestal sustentável”, comenta Vinicius.

A pesquisa aponta que para a análise da legalidade das explorações mapeadas em 2020, foram verificadas 482 autorizações de exploração florestal emitidas pela Sema. Do total explorado no período, 62%, o correspondente a 145,9 mil hectares, foi realizado legalmente, ou seja, com autorização válida e dentro da área autorizada.

Entre os dez municípios com maior área florestal explorada legalmente, somando 68%, estão Aripuanã e Colniza, com 31% da área total. Outros 32% foram distribuídos em 29 cidades.

Exploração ilegal

O documento demonstra que a área total explorada ilegalmente, que somou 88,3 mil hectares, 61,6 mil hectares (70%) incidiu em imóveis rurais cadastrados, seguido pelas áreas sem categoria fundiária definida, com 12,5 mil hectares (14%), além de 6 mil hectares em terras indígenas (7%), 4,7 mil hectares em unidades de conservação (5%) e 3,5 mil hectares em assentamentos rurais (4%). Entre os municípios com mais indíces de ilegalidade em 2020, Marcelândia ocupando o primeiro lugar.

“A maior parte da exploração madeireira ilegal se dá em imóveis rurais já cadastrados, então é possível autuar e responsabilizar os envolvidos com a exploração madeireira ilegal, utilizando inclusive tecnologia para autuação remota, como a Sema/MT tem feito recentemente no combate ao desmatamento”, comenta Vinícius Silgueiro.

Os imóveis ilegalgalmente cadastrados somam um total de 496. Desses, 100 imóveis responderam por 60% da área explorada ilegalmente nessa categoria. Da área total explorada de forma ilegal em imóveis cadastrados, 67% estão em imóveis que já possuem Cadastro Ambiental Rural (CAR). Os dez municípios com mais áreas florestais exploradas ilegalmente representam 67% do total de exploração ilegal em 2020 em Mato Grosso.

 A Secretaria de Estado de Meio Ambiente se manifestou sobre o assunto por meio de nota. Alegou que o governo do Estado combate os ilícitos ambientais e autua todo desmate ilegal identificado, seja por fiscalização presencial, ou por imagens de satélite de alta resolução que monitoram todo o território estadual. Em 2021, o investimento da pasta para combate do desmatamento ilegal e incêndios florestais foi de R$ 73 milhões.

"Houve redução das áreas desmatadas de forma ilegal nos últimos anos. Em comparação com as autorizações emitidas, passamos de 5% do desmatamento lícito no ano de 2019, para 25% de desmatamento dentro da legalidade, respeitando o Código Florestal, em 2021", pontuou a pasta.

Também ponderou sobre a redução em termos gerais do desmatamento na Amazônia. O Estado reverteu a curva crescente do desmatamento ilegal e reduziu em 21% os alertas de desmatamento no último período apuratório, de agosto de 2020 a julho de 2021. "Nosso resultado é quase cinco vezes maior do que a média de redução dos estados da Amazônia Legal, que é 4,3%".

Por fim, informou que, de 2004 a 2020, Mato Grosso obteve uma redução de 85% no desmatamento de suas florestas, mantendo 62% do seu território preservado e 6% em restauração, dos cerca de 903 mil km² de território estadual.

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