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Brasil Sexta-feira, 31 de Agosto de 2012, 11:18 - A | A

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Sexta-feira, 31 de Agosto de 2012, 11h:18 - A | A

BOTOTERAPIA

Terapia com botos ajuda a tratar crianças deficientes na Amazônia

Bototerapia leva grupos mensalmente para ter contato com os animais

PORTAL G1/NATUREZA

Uma nova técnica para ajudar no tratamento de crianças e jovens com deficiência têm atraído público cada vez maior no estado do Amazonas. Criada há sete anos pelo fisioterapeuta Igor Simões Andrade, a bototerapia se propõe a levar os jovens a travar contato com os animais, parentes dos golfinhos que habitam rios na região.

As crianças interagem, brincam e acabam conhecendo mais sobre o meio ambiente dos botos, o que ajuda a trazer auto-estima e a amenizar efeitos de certos problemas, segundo Andrade. Acompanhados dos pais, os jovens são levados em grupos de cinco ao encontro dos botos, uma vez por mês.

Diogo Lagroteria/Divulgação

Crianças com deficiência interagem com botos; recuperação de auto-estima é uma das metas da terapia

"A terapia pode, por exemplo, ajudar uma criança muito agitada, que não dorme, hiperativa. Ela entra em contato com o animal e com o tempo acaba cochilando no barco, coisa que nunca aconteceu. Para cada caso, tem uma coisa que favorece o tratamento", diz o fisioterapeuta.

A ideia é levar gratuitamente jovens deficientes que não teriam condições de pagar um tratamento como este, pondera Andrade. Podem ser crianças com hemofilia, leucemia, cegas, surdas, com problemas motores ou com autismo, por exemplo. Elas são levadas de barco até o local onde ocorre a bototerapia.

Já houve pacientes do Hemoam (Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas), de escolas de educação especial de Manaus e de outros estabelecimentos, diz Andrade.

A bototerapia não visa substituir tratamentos tradicionais, necessários para crianças paraplégicas, hemofílicas ou com outros problemas. "Nós queremos ajudar a criança, complementar. Por exemplo, uma criança com autismo e que não tinha foco, não prestava atenção em nada, o pai hoje diz que houve uma melhora geral, que ela têm mais foco", afirma o fisioterapeuta.

Segundo o veterinário Diogo Lagroteria, um dos integrantes do projeto, a preservação do boto, que está ameaçado, é uma das preocupações do grupo. A equipe atua para conscientizar as comunidades de pescadores. "A espécie [usada na terapia] é o boto-vermelho, e há uma pressão da caça muito grande. Os pescadores usam a carne do boto como isca para pegar outros peixes."

O local onde ocorre a bototerapia fica a cerca de 30 quilômetros de Manaus, nos arredores do Parque Nacional de Anavilhanas, na margem esquerda do Rio Negro. O grupo tem apoio e patrocínio de um hotel de selva localizado na região, segundo Lagroteria.

Além das crianças, parentes e auxiliares são levados de barco para o rio no dia da bototerapia. O grupo costuma ter de 12 a 15 pessoas, segundo Andrade.

Analista ambiental do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais), o veterinário Lagroteria ressalta que o trabalho da bototerapia segue normas para o baixo impacto com os botos.

O grupo desenvolveu as regras em um estudo, criado para ajudar no turismo como boto, prática comum em hotéis na região. A ideia é que o turismo seja feito de forma controlada, sem que o animal seja molestado nem haja grande interferência na sua vida.

"Estimamos quanto alimento deve ser dado, para não deixar o boto dependente do ser humano. Também estimamos que não é todo dia que pode haver interação, para o animal não criar vínculo afetivo", diz Lagroteria. Uma das ideias principais do estudo é que o boto consiga sobreviver sozinho, mantenha as habilidades de caça para buscar alimento e não dependa das pessoas, afirma o veterinário.

A técnica utilizada por Andrade na terapia é o rolfing, que trabalha com a manipulação de tendões, músculos e outras partes do corpo, segundo o fisioterapeuta. "O músculo pode comprimir o nervo ciático, por exemplo. Ele visa alinhar a pessoa, organizar o joelho, descomprimir o pescoço e outras atividades, buscando um equilíbrio para o corpo."

A demanda nos últimos anos está tão grande que tem havido "overbooking", pondera o criador do projeto. Ele ressalta que não há como atender a todos que procuram a terapia, e que se houvesse mais patrocínio seria possível atender mais gente.

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Álbum de fotos

Diogo Lagroteria/Divulgação

Diogo Lagroteria/Divulgação

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