A falta dos demais depoentes incomodou a defesa do parlamentar. "Servidores públicos tem o dever funcional de prestar depoimento. O Conselho não terá elementos suficientes para decidir da existência ou não do próprio fato", argumentou o advogado Cléber Lopes, que apelou para a relatora, Jack Rocha (PT-ES).
Brazão tinha pedido para que, entre outros, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), e Elcio Queiroz, acusado de ser um dos executores de Marielle, testemunhassem no Conselho de Ética. Eles optaram por não participar. Todas as pessoas chamadas são apenas convidadas - isto é, não têm a obrigação de comparecer - para dar o testemunho.
Durante o seu relato, Marcos Rodrigues Martins minimizou a participação de Brazão em projetos de lei que tratavam de políticas fundiárias, elemento apontado pela Polícia Federal para o assassinato de Marielle.
"O primeiro (projeto de lei) é de março de 2015, foi de autoria do Poder Executivo, aí alterado pelo vereador Brazão", argumentou inicialmente. Depois, ele disse que a nova redação de outro projeto de lei "passou pelo trabalho de mais de dez comissões", não apenas a do então vereador. Martins trabalhou diretamente com ele na Comissão de Assuntos Urbanos, então presidida por Brazão.
A delação do ex-policial militar Ronnie Lessa, autor confesso das mortes e delator, porém, diz que a atuação de Marielle para barrar projetos do tipo iria contra "os interesses dos Brazão no tocante a políticas fundiárias, em especial, em áreas de milícia".
A proposta "flexibilizava as exigências legais, urbanísticas e ambientais para a regularização dos imóveis", diz a PF. A bancada do PSOL foi contra o projeto, mas ele acabou aprovado. Depois, a lei foi declarada inconstitucional.
Mais cedo, o deputado federal Tarcísio Motta (PSOL-RJ), fez o seu testemunho. Convidado pela relatora, ele disse que Marielle era o principal obstáculo para as milícias no Rio.
"Marielle era obviamente aquela que representava a maior ameaça aos interesses políticos da milícia naquele momento", afirmou. "(O projeto de lei) serve como exemplo cristalino como a bancada do PSOL se tornou um obstáculo para os objetivos econômicos e políticos da milícia do Rio de Janeiro."
Como mostrou a Coluna do Estadão, o caso de Chiquinho Brazão no Conselho de Ética deve acabar apenas em setembro. Isso significa que ele continua como deputado federal até lá, o que pode somar mais de R$ 400 mil em salários para ele e os 25 funcionários do gabinete no período.
(Com Agência Estado)
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