Procurado, Marçal informou, por meio de nota, que não organizou a expedição e que o evento se tratava de uma caminhada entre amigos. A defesa também questionou o fato de um parecer da Polícia Civil apontado ausência de dolo não ter sido considerado (veja mais abaixo).
Na decisão, a juíza afirmou que os elementos apresentados justificam o prosseguimento do caso. A magistrada entendeu que a denúncia está "formalmente em ordem" e acompanhada de elementos que garantem o "lastro probatório mínimo" necessário para a instauração do processo.
Com base nas apurações do inquérito policial, a juíza descartou o arquivamento e determinou que Marçal seja citado para apresentar defesa no prazo legal.
Antes da abertura da ação penal, o MP havia proposto um acordo que permitiria encerrar o caso mediante o pagamento de 180 salários mínimos (cerca de R$ 273 mil). Como a defesa do influenciador não se manifestou nos autos, a Justiça deu andamento ao processo.
Na denúncia, o MP afirma que Marçal liderou deliberadamente a expedição fora da temporada recomendada, em meio a condições climáticas adversas e mesmo após alertas de guias experientes. Segundo a promotoria, ele incitou os participantes a seguir trilha acima, "constrangendo aqueles que esmoreciam, dando-os por fracos e incapazes".
O órgão sustenta que os envolvidos foram expostos a perigo direto e iminente, com risco de morte, e que só não houve uma tragédia graças à intervenção dos bombeiros.
Com o recebimento da denúncia, a juíza estabeleceu prazo de dez dias para que Marçal apresente sua resposta à acusação por escrito.
Por meio de nota, a defesa de Marçal afirmou que a decisão da juíza segue o rito processual, mas reforçou que o influenciador não organizou a expedição e que o evento se tratava de uma "caminhada entre amigos, sem qualquer organização formal". A defesa também disse ter recusado um acordo de não persecução penal por envolver o reconhecimento de responsabilidade, o que "não condiz com a verdade".
Ainda segundo a nota, um relatório da Polícia Civil concluiu pela ausência de dolo e recomendou o não indiciamento, mas o parecer teria sido desconsiderado pelo MP. "Seguimos confiando na Justiça e na expectativa de uma decisão justa e imparcial", conclui a defesa.
Relembre caso
Em janeiro de 2022, o Corpo de Bombeiros de São Paulo resgatou 32 pessoas que, lideradas por Marçal, tentaram escalar a montanha de 2.420 metros de altitude. O grupo liderado por ele descumpriram um alerta da Defesa Civil sobre as más condições meteorológicas naquela ocasião.
À época, Marçal afirmou que não mandou ninguém subir a montanha e que cada um foi responsável pelos próprios atos. A excursão fazia parte de um curso motivacional do ex-coach chamado "o pior ano da sua vida".
Após o resgate pelos bombeiros, Marçal começou a ser investigado pela Polícia Civil de São Paulo por suspeita de homicídio privilegiado tentado. Por meio do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), o ex-coach tentou trancar o inquérito, mas não conseguiu.
A excursão no Pico dos Marins garantiu um holofote nacional a Marçal. Ainda em 2022, ele foi pré-candidato à Presidência da República e disputou uma cadeira da Câmara dos Deputados. A postulação ao Planalto fracassou porque o PROS, partido dele à época, preferiu apoiar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na disputa pelo Legislativo, ele recebeu 243.037 votos - o suficiente para ser eleito - mas teve a candidatura indeferida por falhas na documentação enviada ao TSE.
(Com Agência Estado)
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