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Artigos Segunda-feira, 20 de Abril de 2015, 19:37 - A | A

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Segunda-feira, 20 de Abril de 2015, 19h:37 - A | A

Tiradentes e nós

O brasileiro teve que trabalhar 151 dias em 2014, até o dia 31 de maio, exclusivamente para alimentar a sanha dos governos

JOSÉ ANTONIO LEMOS

Mayke Toscano/Hipernoticias

José Antonio Lemos

 

 

Abril, mês em que comemoramos a figura de Tiradentes é também o mês em que encerra o prazo para a declaração do Imposto de Renda e o recolhimento aos cofres públicos do saldo ainda devedor eventualmente apurado. É bem provável que esta coincidência de datas seja apenas mais uma daquelas finas ironias que a história vez em quando oferece desafiando o poder de reflexão das pessoas. Aproveitemos.

 

Tiradentes morreu porque conspirou contra o Quinto cobrado pela Coroa Portuguesa e que significava 20% do que ouro produzido! Por essa causa rebelou-se contra a Coroa, propôs a independência do Brasil, e foi traído, enforcado, com seu corpo esquartejado. Seus restos foram exibidos em diversos pontos bem visíveis pelo povo, e sua cabeça exposta na praça pública de Vila Rica. Em 2014, segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), no ano da Copa, o brasileiro arcou com uma carga tributária de 41,37%. Trocando em miúdos isso significa que de tudo o que produzimos, entregamos, em média, mais de 41% para o governo, isto é, para os governos federal, estaduais e municipais somente para manter uma máquina político-administrativa perdulária, improdutiva e que se mostra cada vez mais voraz e cada vez mais corrupta. Traduzindo em dias trabalhados, o brasileiro teve que trabalhar 151 dias em 2014, até o dia 31 de maio, exclusivamente para alimentar a sanha dos governos, inclusos Executivo, Legislativo e Judiciário. Só ficou livre em junho para vibrar com a Copa e com a nossa heptagoleada seleção canarinho. Podemos esperar que neste 2015, vamos invadir o mês de junho “carregando pedras feito penitentes, erguendo estranhas catedrais”, como já cantou um  dia o Chico Buarque dos bons tempos.

 

Não se trata de atacar este ou aquele governo. A voracidade fiscal vem de muito tempo. Em 1947, quando tínhamos o cuiabano Eurico Gaspar Dutra como Presidente, a mordida do governo ficava em 13,8% do PIB e em 1962 era 15,8%, tendo chegado aos “insuportáveis” 18,7% em 1957, quando da construção de Brasília. Em 1992 já girava em torno dos 26% e de lá para cá disparou, chegando em 1994 aos 29,8%, 35,84% em 2002 e para mais de 41% no ano passado. Quanto será este ano? Governar assim é fácil, principalmente quando não se tem a menor preocupação em oferecer a infraestrutura e os serviços públicos de qualidade em troca de tão generosa contribuição. Só que agora a situação é pior. Não bastasse a expropriação voraz do produto do trabalho brasileiro hoje ela vem com o deboche e o escárnio da parte de bandidos, delatores ou não, elevados à condição de “heróis da pátria” que somos obrigados, impotentes e envergonhados, a engolir cotidianamente em nossas salas diante de nossos filhos e netos. Até onde vamos?

 

Tiradentes virou herói nacional com a República. Mas sua imagem também foi sendo pouco a pouco adaptada aos interesses do poder. Virou o herói da Liberdade, da Independência e da Democracia, sem referência à sua principal luta, contra a opressão fiscal a que era submetido o povo brasileiro pelo governo da época. Transformaram-no em um herói aceitável, cooptado com suas barbas longas como as de um profeta e sua túnica angelicalmente alva como se fosse um daqueles doces e meigos santinhos de papel.

 

Tiradentes, patrono dos nossos valorosos policiais militares é um herói atualíssimo que precisa ser resgatado na essência de sua mais importante luta. Quem dera sua figura inspirasse um pouco de bravura aos seus conterrâneos, impelindo-os a exigir que a coisa pública seja um dia tratada, não como um butim apropriado por uma minoria, mas com o devido respeito republicano, em favor de todo o povo brasileiro.

 

*JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS é arquiteto e urbanista, é professor universitário.

 

 

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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Carlos Nunes 22/04/2015

Realmente o herói nacional é o Tiradentes...o único que, quando foi preso, assumiu toda a culpa, disse que só ele era responsável, e que todos os seus companheiros eram inocentes; por isso só ele foi enforcado no Rio de Janeiro, esquartejado, e o seu corpo distribuido em várias partes da cidade. Diferente dos dias de HOJE, em que ninguém assume nada...aliás a maioria diz que NÃO SABIA DE NADA. Quando chegam nos líderes políticos atuais e apertam...vão logo dizendo Não sei de nada. HOJE o brasileiro tem que trabalhar 151 dias para alimentar a sanha dos governos, e não HÁ BOM RETORNO DO DINHEIRO PAGO - a Saúde por exemplo está um SALVE-SE SE PUDER, qualquer brasileiro, os mais pobres mais ainda, pode morrer por FALTA DE ATENDIMENTO, ATENDIMENTO TARDIO, OU FALTA DE VAGA EM UTI; a Segurança está um SALVE-SE QUEM PUDER, pode morrer fusilado numa saidinha de banco, se sacar uma quantia maior; além disso...em cada cidade, em cada bairro, tem uma porção de bocas de fumo. A Band, recentemente informou que na Cracolândia chegou agora o heroina; além de drogas sintéticas mais fortes. Bem, sem, bom retorno do dinheiro pago nos impostos...os governantes continuam botando a banca com o Nosso Dinheiro - o governo federal sustenta uma super-estrutura de mais de 39 Ministérios, com milhares de cargos de confiança, bem remunerados, para afilhados de padrinhos políticos; enquanto exige que o povo brasileiro faça sacrifícios, e olha que o tal do Ajuste Fiscal está só no comecinho...imagine que chegar aos 100% das metas.

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alexandre 21/04/2015

Tirandentes morreu por causar da "DERRAMA" vc tinha que pagar 20 % do ouro extraído para a Coroa Portuguessa, hoje em dia a carga tributária e aumento de tarifas dá mais que esses 20 % e o povo nao reclama

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2 comentários

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