Mayke Toscano/HiperNotícias |
As mudanças são tardias no olhar de muita gente, entre as quais me inscrevo, mas ocorrem no tempo coerente com o estilo de Silval – de deixar que as coisas maturem o mais que puderem ou que se resolvam por geração espontânea.
Esse “timing” de Silval é uma característica importante da sua personalidade, mais que de seu estilo político. Lembre-se que ele é oriundo de garimpo, e naquele ambiente social, naquele microcosmo, muita pressa pode significar risco de morte, o tempo todo. Além do mais, o garimpeiro é alguém muito perseverante, que deposita todas as suas energias na busca de algo difícil de encontrar e à custa de muito sacrifício.
Eu próprio demorei um bom bocado para entender essa característica do governador, embora tenha estado muito próximo a ele por um bom tempo, no passado.
Ocorre que o tempo político é próprio, e na maioria dos casos não depende da intenção do dirigente. Por isso, creio, há uma distorção entre o timing do governador e tempo político real.
Se Silval conseguir de fato compor um secretariado que seja mais a sua cara (e não falo só de assessores que usam ternos bem cortados e gel no cabelo), isto ocorrerá já na segunda metade de seu governo conquistado pelo voto, e a menos da metade do seu tempo real de exercício de poder – levando-se em conta que ele assumiu o cargo, por herança, em 31 de março de 2010. Se ocorrer de ele deixar o cargo – também por herança – a Chico Daltro, em 31 de março de 2014, a metade de governo efetivo teria sido junho ou julho passado.
A diferença da primeira para a segunda metade do governo é que no primeiro caso, conta-se um dia a mais, e, no segundo, um dia a menos.
Essa contagem regressiva que se inicia em janeiro ainda sofre a pressão da sucessão estadual, já que o político, por dever de ofício, deve terminar uma eleição planejando a próxima.
Contagem que vai ganhar clima de final de campeonato levando-se em conta que também se contará os dias que faltam para a Copa do Mundo, ao mesmo tempo em que se torcerá bravamente para que as obras iniciadas sejam concluídas no prazo.
Também estarão sendo observadas outras ações do atual governo, que aposta suas fichas no programa MT 100% Integrado – ligando todos os municípios mato-grossenses por pelo menos uma via asfaltada.
Na área da gestão e da política, contudo, dificilmente Silval conseguirá retirar a marca já consolidada de um governante fraco, sem pulso, que perdeu o controle da máquina.
Há ilhas demais em seu governo. Há guetos demais entre seus assessores. Há disputas muito explícitas pelos contratos públicos. E há, essencialmente, muitas dúvidas se o governante não toma uma atitude mais enérgica porque não sabe como fazê-lo ou porque, no fundo, as considera convenientes.
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Lucas de Oliveira nascimento 05/12/2012
É uma pena, mas é verdade. Parabéns pela coragem de assinar esta matéria.
1 comentários