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Um caso escabroso ocupava os noticiários e, logo a seguir, outro o substituía sem que a Nação esboçasse qualquer reação. Foram oito anos de elogio à incultura e às práticas mais condenáveis que pudessem manchar a vida pública.
Outros temas, é verdade que de forte nevralgia popular, motivavam a sociedade a se manifestar vigorosamente. Passeatas em defesa do meio ambiente e de um clima saudável ou favorável ou contrária à união homossexual se sucediam com enorme repercussão. Protestos contra a violência urbana e comícios com o aborto como tema, igualmente mobilizavam “heartsandminds”.
Até aí tudo muito bem, pois todos esses momentos correspondem a um Brasil antenado, democrático, que conhece a legitimidade da pressão e da contrapressão. Seria absurdo o mundo inteiro discutir se posicionar sobre meio ambiente, casamento homossexual, violência, aborto, enquanto, porventura, aqui não pulsasse a opinião de cada grupo social.
Estranho era a corrupção tomar conta do cotidiano e os protestos se limitarem à tribuna parlamentar, à palavra da OAB, ao posicionamento de ONGs preocupadas com transparência e seriedade. Estranho mesmo era o silêncio do povo, que se limitava às conversas nos bares, nos locais de trabalho, nas horas vagas.
Nada de manifestações de rua. Com os sindicatos e a UNE cooptados pelo governo, nascia a figura grotesca dos “caras pintada” chapa branca.
Escândalos uns atrás dos outros e silêncio na praça. Conivência dos chamados “movimentos sociais” e sentimento de impotência por parte da maioria dos brasileiros.
Pois agora, estimulados por convocações via twitter e facebook, brasileiros, em número crescente, saem de casa para protestar contra esse imposto draconiano e informal que é a corrupção. Quase todas as capitais brasileiras deram o ponto de partida. Outras cidades também.
Os movimentos não são partidários nem eleitoreiros. Nascem de consciências em alerta, com predominância da juventude, contra o apodrecimento das instituições brasileiras. Nascem sem líderes carimbados e, inclusive, correm o risco de generalizar, misturar o joio com o trigo, desenvolver uma aversão pela política que não seria boa para a democracia brasileira.
Problemas devem ser resolvidos. Defeitos são para serem corrigidos. E confio bastante que o bom senso e o equilíbrio prevalecerão. Importa, neste momento, que a corrupção já não passa batida em nosso país. Importa que as pessoas começam a combater, de corpo presente, a impunidade. Importa que um país de economia moderna e democracia consolidada não poderia mesmo fundar-se na acomodação dos seus filhos e filhas honrados.
Muito melhor assim.
(*) ARTHUR VIRGILIO é diplomata, foi líder do PSDB no Senado e escreve para HiperNoticias.
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José Bonifácio 15/10/2011
Credo Artur, como voce virou zé mané heim? Não tem vergonha do que escreves?
1 comentários