No cenário atual, onde o poder permeia diversas esferas de convivência, a presença de indivíduos que sofrem da chamada Síndrome do Pequeno Poder se tornou um desafio frequente. Esse comportamento pode ser observado em diferentes ambientes, como no trabalho, em círculos sociais ou até mesmo em relações familiares.
A dificuldade em lidar com esses indivíduos vai além de um simples desconforto: afeta o bem-estar emocional, as relações interpessoais e, em muitos casos, o funcionamento saudável de equipes e grupos.
A Síndrome do Pequeno Poder descreve o comportamento de pessoas que, ao alcançarem alguma posição de autoridade, mesmo que pequena, tornam-se impositivas e excessivamente rígidas. Um chefe que cobra além do necessário, um líder de grupo que se sente superior ou até alguém que, por um capricho momentâneo, assume um controle inexistente são exemplos comuns desse fenômeno.
Muitas vezes, essas atitudes são motivadas por insegurança. A necessidade de "provar" sua capacidade em uma posição de liderança pode levar a posturas autoritárias e até cruéis. Esse comportamento também se relaciona ao efeito Dunning-Kruger, onde indivíduos com pouca competência superestimam suas habilidades e agem de forma prejudicial sem perceber os impactos negativos.
O comportamento autoritário de quem sofre dessa síndrome é prejudicial em vários contextos. No ambiente de trabalho, ele desmotiva equipes, reduz a produtividade e cria um clima de tensão e hostilidade. Já nas relações pessoais, a dinâmica é igualmente complexa: amigos ou familiares que abusam do poder comprometem a harmonia, gerando ressentimento e afastamento.
Um dos principais obstáculos ao lidar com essas pessoas é a ausência de autocrítica. Elas dificilmente reconhecem o impacto de suas atitudes, acreditando que estão apenas exercendo seu papel de forma legítima. Essa inflexibilidade torna o diálogo difícil e o ambiente de convivência, muitas vezes, insustentável.
Embora desafiador, é possível adotar estratégias para minimizar os impactos desse comportamento. Definir limites claros é essencial para comunicar, de maneira respeitosa, mas assertiva, quando o comportamento ultrapassa o aceitável.
Além disso, manter uma comunicação objetiva e utilizar argumentos racionais pode evitar embates emocionais que agravem o conflito. Quando o comportamento se torna insustentável e a pessoa não demonstra abertura para mudanças, limitar o contato ou priorizar a própria saúde mental pode ser necessário.
A Síndrome do Pequeno Poder reflete uma dinâmica de insegurança e necessidade de validação, mas seus efeitos são profundos e prejudiciais. Lidar com esses indivíduos exige paciência, estratégia e, acima de tudo, a capacidade de preservar o próprio bem-estar. Promover ambientes de convivência mais empáticos e equilibrados é um desafio coletivo, mas também um passo essencial para evitar que o poder, mesmo pequeno, se transforme em um instrumento de opressão.
* O efeito Dunning-Kruger é uma homenagem aos psicólogos David Dunning e Justin Kruger, da Universidade Cornell, os primeiros a identificar este viés em 1999, através de um estudo onde demonstraram a relação entre o conhecimento e a autoconfiança. Eles perceberam que pessoas com baixa habilidade em uma tarefa tinham uma maior probabilidade de se auto-perceber como competentes, enquanto as mais habilidosas tendiam a se sentir inseguras e a subestimar seus próprios conhecimentos.
*CLAUDIA CADORE é jornalista e advogada
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Cibele 04/06/2025
Excelente análise!
1 comentários