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Artigos Quinta-feira, 05 de Junho de 2025, 07:42 - A | A

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Quinta-feira, 05 de Junho de 2025, 07h:42 - A | A

WILSON FUÁH

Monumentos da Memória e Sonhos do Futuro

WILSON CARLOS FUÁH

Cuiabá, cidade solar e centenária, carrega em suas ruas história de vida e becos tortuosos o silêncio de uma história esquecida. Nossos muros não falam, nossas praças não lembram, e nossos monumentos, quando existem, parecem cochilar sob o descaso das administrações que se sucedem. Passa o tempo, mudam os governos, e permanece a ausência de reverência aos grandes nomes que moldaram esta terra com coragem, sabedoria e paixão.

A nova geração de cuiabanos cresce sem conhecer seus heróis. São poucos os que já ouviram falar de Eurico Gaspar Dutra, filho da terra, único presidente da República nascido sob o sol do Pantanal. Muitos sequer sabem que o marechal Rondon, o desbravador dos sertões e defensor dos povos indígenas, teve em Cuiabá sua infância e formação. E que dizer de Dom Aquino Corrêa, poeta, arcebispo, político, homem de fé e de cultura, cuja presença espiritual ainda paira sobre as cúpulas de nossas igrejas?

Onde estão os monumentos que nos façam lembrar desses nomes? Onde está a reverência pública que merecem Dante de Oliveira, símbolo das Diretas Já, e Jorge Bastos Moreno, voz lúcida do jornalismo nacional? Por que nos acostumamos a ter bustos esquecidos e placas apagadas, quando poderíamos ter obras imponentes, vivas, que falem por nós aos visitantes e às novas gerações?

A cidade precisa mais do que concreto e trânsito — precisa de memória visível. Monumentos são mais que estruturas; são guardiões da história. Devem ser erguidos com grandeza e propósito, instalados em praças de destaque, para que saltem aos olhos e toquem os corações. Não para cultuar estátuas, mas para lembrar que existimos, que temos identidade, que viemos de longe.
Sugerimos, entre tantos, que se edifiquem homenagens dignas aos nomes citados. Que não sejam apenas esculturas, mas espaços vivos, com salas temáticas, objetos, documentos, vozes e imagens que perpetuem suas trajetórias. Que crianças possam visitá-los com os olhos brilhando de curiosidade e orgulho.

E por falar em brilho, não podemos esquecer da antiga lenda cuiabana: a Alavanca de Ouro. Reza a tradição oral que, numa noite enluarada, um escravo negro teve uma visão mágica: do fundo da terra surgia uma alavanca feita de ouro, reluzente como o sol. Muitos teriam morrido soterrados em busca desse tesouro místico, e por muito tempo o lugar ficou conhecido como o Buracão, local de assombros e lamentos. Hoje, tentam renomeá-lo como “Ilha da Banana”, apagando da memória coletiva uma das mais marcantes lendas da cidade.

É nesse ponto histórico — no triângulo formado pelo início da Av. Coronel Escolástico, o Largo do Rosário e a Prainha do Palácio das Águas — que deveria nascer um monumento impactante: um escravo negro de pé, segurando a Alavanca de Ouro, como símbolo de resistência, esperança e misticismo. Seria não apenas uma escultura, mas um grito contra o esquecimento, um ponto de luz para quem chega, e de reflexão para quem vive aqui.

Outros episódios, como a Rusga de 1834, também merecem memória em pedra e aço. A Rusga não foi só um levante político; foi a voz de um povo inquieto que se recusava a ser marionete. Monumentos sobre essa página sangrenta de nossa história ajudariam a reforçar que Cuiabá é feita de coragem, e não apenas de calor.

Mas é preciso enfrentar o maior inimigo da cultura: o adiamento. Sempre há quem diga que "não é o momento", que "faltam recursos", que "existem prioridades maiores". E assim, nossos projetos ficam nas gavetas, envelhecendo junto com as promessas de campanha. Não podemos mais aceitar essa espera. Não se trata de luxo, mas de necessidade simbólica. A cultura é a alma de um povo. E um povo sem alma caminha, mas sem rumo.

Cuiabá precisa se reconhecer. Precisa contar sua história com orgulho, em museus, praças, eventos, roteiros turísticos. É preciso transformar a cidade em um livro aberto, onde cada esquina conte um capítulo. Produzir ações que convidem turistas e moradores a descobrirem nossos monumentos é investir no pertencimento e no desenvolvimento.

Porque, no fim das contas, monumentos não são para os mortos — são para os vivos. Para que saibamos de onde viemos, para onde vamos, e por quem devemos seguir lutando.

(*) WILSON CARLOS FUÁH é Especialista em Recursos Humanos e pesquisador das Relações Sociais e Políticas, Graduado em Ciências e Econômicas. Fale com o Autor: [email protected]

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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