Steffano Scarabottolo |
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O tempo que os brasileiros passam nas redes cresceu 208% em 2012, o que significa que ficamos 535 minutos por mês navegando nas redes sociais, enquanto a média mundial foi de 361 minutos.
Segundo alguns estudiosos, a Internet gera uma dependência, não química, mas comportamental. Essa é a opinião de médicos e psicólogos que no momento se dedicam a esses estudos.
Exatamente como nos cassinos, em que o tempo perde a sua dimensão, de muito ultrapassado pelo prazer auferido pelos jogadores.
Alguns desses lugares mantêm os seus tetos com as cores entre um amanhecer e um anoitecer, exatamente na tentativa de nos descondicionar da relação espaço-tempo.
Tudo é pensado em termos de neurociência, apesar de não nos darmos conta disso. Logicamente, relógio, como era de se esperar, não faz parte desse cenário.
O mundo está se transformando, paulatinamente, num grande cassino. O advento da era digital, maravilha do mundo moderno, transformou grande quantidade de habitantes deste planeta em jogadores compulsivos.
E o que é pior, o vício se instala muito cedo, logo após os primeiros anos de vida, época em que, até pouco tempo atrás, as crianças enchiam os parques e os jardins para os folguedos próprios da idade.
Os plays dos prédios e condomínios se esvaziaram subitamente , assim como praças e jardins, e o que vemos são crianças ensimesmadas, atracadas nos seus modernos jogos eletrônicos existentes nos seus computadores, iPads, iPhones, fliperamas, etc.
O fato é tão alarmante que há, em alguns lugares do mundo, serviços de desintoxicação digital.
São clínicas especializadas com profissionais multidisciplinares para esse tratamento, que é ambulatorial.
Pode ser realizado em grupo ou individualmente, e o tempo mínimo para uma desintoxicação digital é de seis meses.
Muitos sintomas físicos poderão ser causados por esse fator, sendo a insônia a mais frequente.
A ansiedade de não poder ficar antenado durante as vinte e quatro horas do dia causa sofrimento a essas pessoas.
Foi criada uma série de recomendações para ajudar o usuário compulsivo da Internet a deixar esse hábito, entre elas: deixar seus aparelhos desligados durante as refeições, ao dormir, durante o trabalho, porém, por se tratar de uma dependência, é difícil a sua prática.
Nos Estados Unidos alguns hotéis orientam os seus novos hóspedes, já que são tratados como convidados, tamanha distinção em escolhê-los, a deixar toda a sua parafernália eletrônica na recepção.
Paralelamente, tem aumentado no mundo o número de cassinos reais. Há uns poucos países atualmente em que o jogo é proibido.
Nova York, até então sujeito à proibição da jogatina, já conta com um grande espaço no “Queens”, com quatro mil e quinhentas máquinas de jogo eletrônico.
Difícil imaginar, por exemplo, daqui a trinta anos o que acontecerá num mundo tão condicionado a esse tipo de entretenimento.
Seremos todos uns bandos de jogadores compulsivos obsessivos reais ou virtuais?
Essa é a pergunta que não quer calar.
* GABRIEL NOVIS NEVES é médico, professor fundador da UFMT e colaborador de HiperNotícias. E-mail: [email protected]
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