Joseph Schumpeter, um dos maiores economistas do século XX, na sua monumental análise da evolução do capitalismo, cunhou o conhecido conceito de "destruição criativa" para descrever o processo pelo qual a inovação revoluciona mercados, eliminando modelos obsoletos e abrindo espaço para novas formas de produção e organização. Essa dinâmica é essencial para o progresso econômico e social, impulsionando a renovação constante dos sistemas produtivos.
No entanto, Schumpeter jamais comentou um fenômeno inverso que ameaça tanto organizações públicas quanto privadas: a inação destrutiva.
A inação destrutiva ocorre quando instituições resistem a mudanças necessárias, perpetuando estruturas falidas e práticas e processos ineficientes. Ao contrário da destruição criativa, que gera evolução por meio da substituição de modelos ultrapassados, a inação destrutiva aprisiona organizações em um estado de estagnação, corroendo sua capacidade de adaptação e inovação.
O setor público sofre com a inação destrutiva quando burocracias obsoletas são mantidas por apego à tradição ou interesses arraigados no corporativismo e no patrimonialismo. Políticas públicas que já não atendem à população ou incentivos fiscais que não cumprem as suas finalidades originais são prorrogados indefinidamente, enquanto avanços tecnológicos e soluções modernas são ignorados. É a cultura do “nesse setor, sempre foi assim”.
Por sua vez, no setor privado, empresas que ignoram as transformações do mercado e se recusam a reinventar seus processos acabam sendo superadas por concorrentes mais ágeis e inovadores. É o caso frequente em empresas familiares em que tal comportamento é inspirado por um temor reverencial de afrontar as tradições ou ferir a sensibilidade das gerações fundadoras. Não se atentam que preservar propósitos e princípios não os obriga a estratificar produtos e processos.
O grande paradoxo da inação destrutiva é que ela não apenas impede o progresso, mas também acelera o declínio. Instituições que não se transformam não permanecem simplesmente estáticas – elas se deterioram, perdem relevância e deixam de cumprir sua função. Em um mundo de mudanças aceleradas, a falta de ação pode ser tão prejudicial quanto a adoção de estratégias equivocadas.
O antídoto para a inação destrutiva está na disposição de promover rupturas construtivas. As organizações precisam cultivar uma cultura de inovação e ter a capacidade de abandonar práticas defasadas. Isso exige lideranças empreendedoras, capazes de reconhecer que, muitas vezes, o maior risco não é a mudança, mas a imobilidade. Envolve também uma governança bem estruturada e com visão estratégica para distinguir a inovação do modismo e a mudança estrutural da maquiagem cosmética.
Superar a inação destrutiva é, portanto, um imperativo para a sobrevivência e evolução das organizações, sejam elas públicas ou privadas.
(*) LUIZ HENRIQUE LIMA é professor e conselheiro independente certificado.
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