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Por um instante, ocorreu ao cliente dizer que, se vivesse no Brasil nos dias de hoje, Hitler já a teria lançado ao crematório, posto que a cor de sua pele representa tudo o que o Füher mais desprezava. Porém, preferiu ser comedido. “É melhor você se informar mais sobre este homem”, aconselhou.
Lembrei-me do episódio do supermercado ao ver a entrevista do cineasta dinamarquês Lars Von Trier, em Cannes, dizendo que tinha simpatia por Hitler e que, “ok, I am a nazi”.
Há dois tipos de pessoas capazes de se manifestar simpáticas a Hitler. O primeiro deles é o ignorante, aquele que nem sabe bem o que está dizendo, caso de nossa gentil atendente do supermercado ou destes neonazistas brasileiros - como falar em pureza racial tendo nascido em um país como o Brasil? No segundo grupo estão os autênticos filhotes do nazismo, uma gente que tem sincera reverência aos ideais e às práticas do nacional-socialismo alemão.
Lars Von Trier não tem o direito de ignorar a história. Portanto, apesar de seus desesperados apelos e desculpas públicas, é, em minha concepção, um nazista da nova geração.
Difícil entender como um dinamarquês pode ter algum tipo de simpatia por Hitler. O Füher invadiu a Dinamarca em um episódio que revela muito de seus métodos e de seu fetiche expansionista. Ao rei, ele sussurrou que era iminente um ataque inglês ao país e que, por isso, iria ocupar a Dinamarca para protegê-la da ira britânica. E que - pasmem! - um não à ocupação alemã seria interpretado como declaração de guerra. Fosse uma conversa entre vizinhos, seria mais ou menos assim: “vou entrar em sua casa e namorar sua mulher, antes que algum galanteador da vizinhança o faça. E se você não aceitar, vou ficar tão ofendido que lhe arrebentarei ao meio”.
Surpreendente também é o caso do estilista John Galliano, flagrado em um bar vociferando a um grupo de judeus que ama o Füher.
Incensado neste mundinho superficial da moda, Galliano parece não ter tido tempo – ou interesse – de conhecer a história. Habita o grupo dos ignorantes. Ele nasceu em Gibraltar – portanto, tem em seu DNA traços gregos, árabes, holandeses, espanhóis, ingleses... – e é um homossexual assumido, condições que, segundo os padrões de qualidade nazistas, não lhe conferem pedigree nem para virar um pote de graxa na mórbida linha de produção de Auschwitz.
(*) ANSELMO CARVALHO PINTO é editor-executivo do Diário de Cuiabá. E-mail: [email protected]
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