O dia 10 de setembro tem enorme representatividade para a sociedade: o Dia de Luta Contra a Gordofobia. A data representa o enfrentamento a um dos grandes preconceitos atuais.
Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica, no Brasil, oito a cada dez pessoas com obesidade já sentiram algum tipo de constrangimento por conta do excesso de peso. Esses dados ficam ainda mais latentes, porquanto metade das pessoas entrevistadas afirmam terem sido vítimas de discriminação.
A mesma pesquisa apontou que 68% dos participantes disseram ter tentado perder peso com ajuda especializada, e outros 30% por conta própria. Para o estudo, 18% das pessoas entrevistadas afirmaram fazer uso de medicamento sem prescrição médica, ou substituindo refeições por shakes, produtos ou medicação vendida na internet. Houveram relatos de constrangimento ou discriminação em lojas, no trabalho, e em consultórios médicos. E mais: 72% dos participantes narraram ter sofrido constrangimento dentro da família.
Desde a década de 90, o mundo vive a glamourização da magreza, inclusive, fazendo alusão ao conhecido fenômeno “heroin chic”. A redução da diversidade corporal dita que a magreza extrema se acumula com a palidez, tal como pessoas dependentes de heroína.
A pressão social e cultural para atender um maior número de pessoas tende a se adequar aos padrões de beleza já estabelecidos, com enfoque em pessoas excessivamente magras. Com o período pós-pandemia, para o aquecimento do mercado, houve um retorno sensível para as modelos “high fashion”, trazendo padrões de beleza irreais e inalcançáveis. Os distúrbios alimentares, transtornos de imagem corporal, e outras questões quanto à saúde mental, passaram a ser tema de debates e dos consultórios psiquiátricos.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) apontou que cerca de 4,7% da população brasileira sofre algum tipo de transtorno relacionado à alimentação, como por exemplo a anorexia e a bulimia.
A data, 10 de setembro, é convidativa para a reflexão de que moda não pode, e nem deve, influenciar os corpos de diferentes pessoas. É premente pensar nos exageros que estão sendo cometidos em nome da tal beleza. Aliás, o que é beleza?
O exagero com o grau de sofrimento e desconforto em relação aos pensamentos diários sobre o corpo podem revelar a necessidade de tratamento, evidenciando um possível adoecimento físico e mental.
O paradigma corporal deveria ser medido pela felicidade de quem o possui.
(*) ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS é defensora pública estadual e mestra em Sociologia pela UFMT.
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.