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Artigos Terça-feira, 06 de Dezembro de 2011, 11:18 - A | A

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Terça-feira, 06 de Dezembro de 2011, 11h:18 - A | A

Bola na área, lágrimas rolando

Parece imperativo ensurdecer o adversário fora de campo, gritar sua sanha, afirmar em alto quem é que manda no jogo (a torcida!). É como se cada indíviduo fosse competente o bastante para cruzar o caldeirão do diabo e defraldar a bandeira do seu time

HONÉIA VAZ

Divulgação

Lá vai, lá vai, lá vai, lá vaiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, a bola!!! Lá vem, lá vem, lá vem, lá vem ela!!!. Para mim futebol ora oscila para aquele lado, ora para este lado. Nada mais. Mas, eu sofro tanto quanto o pessoal que ama a bola rolando. Aliás, muito mais, por que a tortura é pelos dois lados em jogo. Eu quero dormir ou ler, e não tem fone de ouvido que segure o “ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh, fdp, essa perna esquerda só serve pra subir em ônibus...Veadoooo, chuta uma vez na sua vida!”. Nesta hora o elemento não vale nada, “Mundico desgraçado”. Isto por que o cara já fez aquela tabelinha de 1.000 gols!
Vou para o quarto, pois de lá, imagino, dá para “passear na Internet”. Que nada, poucos minutos depois do “crepúsculo do jogo” e logo vem o bombástico “Gol! Gol! Gol! É gol! Gollllllllllllll...! Puta que pariuuuu...!”. E um tiro! ”Meu Deus mal começou e...O povo já está brigando! Se fossem fogos de artíficio vinha de muito, é tiro destes baderneiros! Coisa de bola”, penso e começo a olhar pela janela, para descobrir os envolvidos no crime, quando Denardin restabelece a verdade, esclarecendo premeditadamente aquele solitário foguete de alguém que mal esperou a conclusão das chuteiras e saiu para a calçada dos vizinhos fazendo zoeira do gol (não realizado, alguns segundos depois se saberia) . De qualquer forma, “não é guerra, é só futebol", alivia-me o locutor.

Nada que outro mais convincente não me antene novamente no perigo que futebol é: “ripa na chulipa e pimba na gorduchinha”, me informa uma voz. ”Epa!”, penso nervosa, sem tempo para qualquer reação à sequência desportiva envolvente: “Ai garotinho...”. ”Sai daí que o Jacaré te abraça...”. “No carocinho do abacate”. E aquele rouco e prolongado “animalllllllllll”. Eu hem...

Depois disso tudo, o êxtase é confirmado pela saraivada da torcida de lá, mandando artilharia pesada para mostrar que estão ali para rasgar a camisa do adversário, se preciso for.

Mais uma dor de cabeça para mim, que nada tenho com isso e sou obrigada a ouvir, tanto enganos quanto acertos. “Pow! Pow!Pow!Porororopow!”. De lá e de cá, por que a bola passou raspando ou entrou. Sei que uns viram gol, outros redonda saindo pela linha de fundo. As coisas se misturam ainda mais, porque aqueles que têm TV com imagem riscando somado aos que têm aparelho que dá sempre defeito na hora do “vamovê” também se juntam a soltar pow, pow, pow, powporopowpow para não ficar para trás. Aparelho de televisão bom, nada, mas empolgação...! No lugar de comprar uma tipo Plasma 42”, gastam a dinheirama toda com a foguetaiada dos infernos.Só bombão e cada vez mais modernos: tem que chove estrela, forma o jogador entrando com a bola no gol, e o que escreve “perna de pau” no céu e só é visível para os adversários (tecnologia da CIA).

Agora problema mesmo - com “Golllllllllllllllllllllllllllll” ou os ledos “pow, pow, pow, powporopowpow!” – surge para o pessoal que: está na churrasqueira (naquele segundo de costas para o televisor); se levantou para pegar o arroz (é sempre mulher que vai, coisa de machista que acha que elas “não entendem mesmo nada de futebol”); ou foi ao banheiro.

Um vem correndo enquanto sobe o calção (gente, será que se limpou?). A travessa de arroz voa da mão (ela vai ter que fazer outro, porque os bonitos dizem que, além de não entender de futebol, ainda tem mão mole).O espeto já viram, né, nesta ora já furou alguém - emoção futebolística é um troço perigoso, tem hora!

E a conclusão deste momento (apesar de toda merda, comida no chão e churrasco assassino) é que foi “...para foraaaa, rarara... Tecico chutaaaaaaaa, mas a canhoteira dêxa ele na mão. Circo armado, perna de pau no espetáculo!”. E estas coisas todas que cada locutor diz do seu jeito, e em grande estilo, simplesmente para nos avisar que a bola passou perto da trave, mas não entrou no gol por que o jogador deixou a desejar, entendeu?

Fato é que parece imperativo ensurdecer o adversário fora de campo, gritar sua sanha, afirmar em alto e bom som quem é que manda no jogo (a torcida!). É como se cada indíviduo fosse competente o bastante para cruzar o caldeirão do diabo e defraldar a bandeira do seu time com um único chute inesquecível, soprado ou gritado para o camisa 10, num campeonato acirrado de empates muito xingados, e acima de tudo torcido e retorcido. “Deixa comigo”, assume cada torcedor na dica elevada a reza, que com fé põe a bola direitinho lá, e faz de cada um na arquibancada técnico de “catigoria”. Isso acho lindo!

E me emociona mais duas faces do mundo do futebol: uma é a imagem fotografada na memória dos cidadãos na arquibancada ou de frente à TV e mesmo assim segurando o radinho de pilha grudado na orelha. Este está entre os primeiros momentos que entendi, racionalmente, a importância da Comunicação. Não basta ver ao vivo e a cores, tem aquela narração especial. E cada um se sintoniza no Saldanha ou Nogueira que melhor lhe diz as coisas que estão rolando olho no olho. A segunda é esta mesma releitura que o povo anseia escutar, e que coloca na voz, coração, poesia e até feitiço: “se macumba ganhasse jogo, o campeonato baiano terminava sempre empatado”, diz um. "Para Mané Garrincha, o espaço de um pequeno guardanapo era um enorme latifúndio", informa o outro. Deleite aos meus ouvidos!

Fora disso, acho que futebol tem partidas longas - 1h30! Mais que isso, sinceramente, é tortura - “O quêêêê, prorrogação?!”. Mas admito que nas letras, faladas e escritas, grandes gênios me fizeram amar o futebol e entender uma série de contextos culturais, políticos e sociais da nossa nação. “O brasileiro precisa se convencer de que não é um vira-latas e que tem futebol para dar e vender, lá na Suécia. Uma vez que se convença disso, ponham-no para correr em campo e ele precisará de dez para segurar, como o chinês da anedota. Insisto: - para o escrete, ser ou não ser vira-latas, eis a questão”. Até por que, tenho certeza, “campeão moral é um título que serve para consolar almas penadas”.

Puxa vida, que chique, que rico este relato de um jogo que alça tantos a milionários pela maestria e destreza desta arte única. Que é jogado tanto quanto por uma infinidade de meninos pobres brasileiros, igualmente maestros e biliardários no drible com a bola.

Aí fica difícil segurar a emoção... E mesmo que eu quisesse, a poesia não deixa lágrimas sem rolar: “um dia, antes do derradeiro apito, ela (a bola) há de morrer, com um gol, no fundo do meu coração”.

(*) HONÉIA VAZ é jornalista em Cuiabá-MT e colaboradora de HiperNotcias. E-mail: [email protected]

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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honeia vaz 06/12/2011

Ah, me esqueci de perguntar: você é palmeirense?

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honeia vaz 06/12/2011

Caro, as frases são de locutores de rádio. Não minhas. abraços

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José Bonifácio 06/12/2011

Já elogiei algumas vezes a Honéia pelos seus artigos. Hoje, me desculpe prezada articulista, mas me cabe expressar que não escrevestes nada que significa um jogo de futebol, mesmo usando palavras e frazes de baixa categoria para compor o texto, que são usuais pelos adeptos desta modalidade desportiva.

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3 comentários

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