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Artigos Segunda-feira, 15 de Setembro de 2025, 09:26 - A | A

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Segunda-feira, 15 de Setembro de 2025, 09h:26 - A | A

VIVALDO LOPES

Agricultores americanos reclamam de MT

VIVALDO LOPES

Em longa reportagem na edição da última sexta feira (12), o Wall Street Journal, o maior jornal americano de negócios, detalha trechos de carta entregue pela Associação Americana de Soja, à Agência de Representação Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), na ação contra supostas práticas comerciais ilegais do Brasil. A American Soybean Association (ASA, na sigla em inglês) reclama que a China suspendeu todas as compras de soja dos produtores americanos desde que o governo dos EUA promoveu aumento das tarifas alfandegárias sobre as importações feitas pelo país asiático. Em retaliação, os chineses aumentaram em até 27,5% as tarifas sobre a soja americana, suspenderam todos os contratos de compra e aumentaram as importações de soja do Brasil, especialmente de Mato Grosso, maior produtor e exportador de soja do país.

Em artigo anterior, neste mesmo espaço, anotei que a ASA, já havia enviado carta à Casa Branca lamentando que os sojicultores americanos são os maiores prejudicados pela tsunâmica elevação das tarifas comerciais impostas pelo governo americano e os produtores agrícolas brasileiros são os mais beneficiados. Naquela carta, a associação afirma, em tom dramático, que os fazendeiros americanos estão “... à beira do precipício comercial e financeiro”, pois não conseguem vender ao seu maior cliente, a China, maior comprador de soja do mundo.

A angústia dos sojicultores americanos aumenta ainda mais, pois daqui a três semanas começa a colheita da safra 2025 e os chineses não fizeram nenhuma reserva de compra de soja dos EUA. Ao contrário, aumentaram as compras de fornecedores brasileiros e mato-grossenses.

A ASA fala que na verdade o drama dos produtores de soja teve início em 2018, ainda no primeiro mandato do Presidente Trump, quando ele aumentou as tarifas sobre produtos chineses e estes retaliaram suspendendo compras agrícolas dos EUA. Passaram a comprar soja do Brasil e da Argentina e nunca mais retomaram ao mesmo patamar de compras anterior a 2018.

Mato Grosso surge no radar da associação em meio a reclamações e algumas acusações infundadas. A associação faz, involuntariamente, elogios à expansão da produção de soja em Mato Grosso ao afirmar que, a partir da ocupação de áreas de pastagens, otimização de áreas degradas, ocupação de novas terras virgens do cerrado e progresso tecnológico, os produtores mato-grossenses aumentaram de forma expressiva a produtividade agrícola, para atender a crescente demanda chinesa.

A representação dos fazendeiros de soja diz que estudo encomendado à Universidade de Illinois mostra que o Brasil tem 112 milhões de hectares de pastagens e áreas degradadas, dos quais boa parte pode ser utilizada como reserva para expansão da produção de carne bovina e soja. Além disso, afirma que as sanções tarifárias, somadas a diversos outros fatores, proporcionaram à soja de Mato Grosso “vantagem competitiva significativa no mercado global da oleaginosa”, e causaram “danos irreparáveis e duradouros à indústria da soja dos EUA”. O estudo da Universidade de Illinois demonstra que “...além da expansão da produção, o Brasil e Mato Grosso tiveram estímulos para aumentar sua produção agrícola e promover expressivos investimentos para melhorar a infraestrutura logística”.

A ASA ataca os agricultores de Mato Grosso ao afirmar que até 2006, a expansão da produção de soja no estado foi impulsionada pelo desmatamento da floresta amazônica. Alegam que a Moratória da Soja, de 2006, não conteve a expansão de área e produção, pois suas diretrizes nunca foram devidamente cumpridas e “... devem ser encerradas ou significativamente flexibilizadas em janeiro de 2026 após decisão do Supremo Tribunal Federal que autoriza as autoridades de Mato Grosso retirar incentivos fiscais de empresas aderentes à Moratória da Soja”. Tal fato, na visão dos americanos “coloca em risco o plano de proteção do bioma amazônico”.

A constatação final da ASA é quase um lamento: “a produção brasileira de soja continua crescendo e ameaçando a viabilidade das exportações de soja dos EUA no mercado mundial...” e, para a associação dos produtores americanos de soja, mais tarifas contra produtos procedentes do Brasil, resultantes da investigação baseada na Seção 301 “... não resolverão os danos causados à soja dos EUA”.

Ressalto que os alegados danos causados aos fazendeiros americanos resultaram de decisão unilateral do presidente Donald Trump.
Ao longo das últimas décadas a cadeia produtiva da agropecuária de Mato Grosso atingiu alto nível de competitividade, transformando a economia do estado em potência agropecuária global. A ponto de incomodar grandes concorrentes como os sojicultores americanos que, diante da incontestável queda de capacidade competitiva, esperneiam e reclamam das escolhas do seu próprio governo que fortaleceram a agropecuária brasileira, seu maior concorrente agrícola. Na linguagem do futebol, isso tem nome: chororô de mau perdedor.

(*) VIVALDO LOPES é professor, economista e ex-secretário de Fazenda de Cuiabá e de Mato Grosso.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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