A presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso (CEDM), Gláucia Amaral, cobrou uma investigação “rigorosa” sobre a suposta agressão do vice-governador Otaviano Pivetta (sem partido) contra a sua esposa, a advogada Viviane Cristina Kawamoto Pivetta.
LEIA MAIS: Briga de casal leva vice-governador à delegacia em Santa Catarina
Em nota divulgada na tarde desta quinta-feira (29), a conselheira disse que espera que os órgãos investigadores de Santa Catarina, onde o caso teria ocorrido, apurem os fatos.
“Em primeiro lugar, esperamos rigor nas investigações que, provocadas pela lavratura de boletim de ocorrência, devem concluir pela ocorrência ou não dos crimes à eles imputados”, diz trecho da nota assinada por Gláucia.
A solicitação da investigação ocorre mesmo depois da esposa de Pivetta ter publicado na tarde desta quinta-feira (29) um vídeo nas suas redes sociais negando ter sido agredida pelo vice-governador.
Na gravação, de pouco menos de um minuto, a mulher pediu respeito à intimidade do casal e explicou que houve apenas uma discussão com o marido.
“Estou passando para tranquilizar e dizer que está tudo bem. Nós tivemos uma discussão de casal, não foi uma agressão, nunca houve agressão. Estou passando para pedir respeito, que as pessoas não passem para frente coisas que não são verdadeiras”, pediu Viviane no vídeo.
LEIA MAIS: Esposa de Pivetta nega agressão e pede respeito à intimidade do casal

A advogada Viviane Cristina Kawamoto Pivetta e o esposa, o vice-governador de Mato Grosso, Otaviano Pivetta (sem partido)
“A nota que fizemos foi antes do vídeo (da advogada). Não muda o que dissemos (na nota). Esperamos que seja apurado (as supostas agressões). O estado e o município precisam adotar conduta sobre o que fazer em casos assim”, disse Gláucia.
A conselheira citou ainda a importância dos trabalhos preventivos contra a violência doméstica, que gera “abalos” físicos e psicológicos nas vítimas. Além disso, Gláucia explica que agressões contra mulheres podem se tornar, em algum momento, em crimes de feminicídio.
“É inadmissível, considerando os profundos abalos não apenas físicos, mas psicológicos e emocionais que provoca nas vítimas. E ainda mais, porque pode redundar em feminicídio”, diz outra parte do comunicado.
Outro caso
Gláucia pediu investigação rigorosa também de uma denúncia feita nas redes sociais pela ex-esposa do humorista Justino Astrevo Aguiar, conhecido como Lau, da dupla com Nico e Lau.
A mulher utilizou as redes sociais para denunciar agressões que teria sofrido de Astrevo durante o relacionamento de cerca de 30 anos. O humorista ocupa cargo de secretário-adjunto de Cultura de Cuiabá desde 2020.
“Entretanto, quando esses atos são cometidos por pessoas que nos governam e, que são, inclusive, responsáveis por implementar políticas para coibir esse problema seríssimo que tem vitimado tantas mulheres, temos um agravante que impõe providências imediatas”, completou a conselheira.
Veja a nota na íntegra
É com grande perplexidade que o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso, CEDM/MT, recebe a notícia de que dois homens ocupantes de cargos públicos de relevância social, um do âmbito da gestão do município de Cuiabá,, outro no governo do Estado, estão envolvidos em denúncias de violência doméstica e familiar.
Muito embora a violência contra a mulher ainda seja quotidiana, notícias envolvendo autoridades públicas transmitem uma ideia negativa para o restante da população.
Tratam-se, os referidos agentes públicos, de Justino Astrevo Aguiar, Secretário Adjunto de Cultura de Cuiabá, e Otaviano Pivetta, vice-governador de Mato Grosso. Ambos foram denunciados por suas esposas (no caso de Justino Astrevo foi a ex-esposa) por relacionamento abusivo e agressões físicas.
Em primeiro lugar, esperamos rigor nas investigações que, provocadas pela lavratura de boletim de ocorrência, devem concluir pela ocorrência ou não dos crimes à eles imputados.
A violência é uma prática extremamente grave e condenável que destrói vidas e famílias, seja ela praticada por um cidadão comum, ou por um agente público. É um crime que deve ser investigado e punido nos termos da lei em qualquer caso. É inadmissível, considerando os profundos abalos não apenas físicos, mas psicológicos e emocionais que provoca nas vítimas. E ainda mais, porque pode redundar em feminicídio.
Entretanto, quando esses atos são cometidos por pessoas que nos governam e, que são, inclusive, responsáveis por implementar políticas para coibir esse problema seríssimo que tem vitimado tantas mulheres, temos um agravante que impõe providências imediatas.
Embora saibamos que um dos acusados está no exercício do mandato eletivo e só poderia ser afastado por decisão judicial, é preciso que não naturalizemos permanência em cargos públicos de acusados de violência contra a mulher.
Para o CEDM/MT é urgente que repensemos uma sociedade na qual é tão difícil as mulheres ocuparem os espaços de poder (nunca tivemos uma mulher governadora, por exemplo), mas que naturaliza que agentes públicos que estão sendo acusados de um crime extremamente grave permaneçam nos seus cargos. O exemplo e a mensagem que estamos transmitindo às futuras gerações ainda é permissivo com o comportamento de objetificação e submissão da mulher.
Vale ressaltar que Mato Grosso ocupa os primeiros lugares no triste ranking da violência contra as mulheres, sendo que a presença de possíveis agressores no governo não coopera para a superação desse mal. Mais do que isso um péssimo exemplo para a população! Um desserviço!
Violência contra a mulher é um crime de gênero, com raizes culturais, e a população não pode ver na máquina pública que a governa, como um exemplo de permissividade ou de impunidade para esse tipo de ato.
Diante disso, o que se espera é que tanto o prefeito, quanto o governador do Estado, no cumprimento de suas atribuições, tomem providências para intensificar o combate à violência, e elaborem regramentos ou códigos de conduta, a serem adotados pelos respectivos poderes executivos, em casos de denúncia de agressão contra as mulheres.
Essa é uma medida importante para demonstrar que o respeito aos direitos das mulheres é uma prioridade das gestões e, não apenas mero discurso de campanha.
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.