Há quase um mês do desaparecimento do empresário e ex-policial penal Valderson Wilson Guimarães, de 45 anos, conhecido como ‘Caveirinha’, e do ex-presidiário Ronalth de Sousa Oliveira, de 23 anos, que sumiram no dia 25 de abril, a polícia ainda não encontrou pistas que pudessem levar ao paradeiro da dupla. Isso porque a população está com medo de informar às autoridades e sofrer represálias da facção criminosa Comando Vermelho, cujo domínio avança sobre o estado de Mato Grosso.
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Segundo o delegado Roberto Amorim, que lidera as investigações do caso, o temor é pela perda do assistencialismo promovido pelo grupo criminoso aos moradores dos bairros onde atua fortemente, uma vez que o Comando Vermelho promove uma série de serviços, como doação de cestas básicas, e faz a ‘segurança’ nas regiões em que está inserido.
“Muitas vezes, como a facção dá um apoio total à comunidade com relação à segurança, com relação a gás, à alimentação, à saúde, a comunidade fica um pouco refém da facção. Então, eles deixam de comunicar, de informar, de passar alguma informação para a polícia”, pontuou o delegado.
Até o momento, as investigações apuraram que Caveirinha e Ronalth foram jurados de morte pelo CV, depois que os dois balearam um dos ‘disciplinas’ do grupo por causa de uma dívida de drogas.
Os disciplinas são membros da facção responsáveis por ordenar as sessões de tortura patrocinadas pelo Comando Vermelho, também conhecidas como 'salves'.
Conforme apurado pelo HNT, Ronalth e Valderson são amigos de longa data e se conheceram no bairro Paiaguás. Ocorre que Ronalth, que chegou a ser preso por tráfico de drogas e foi solto poucos dias antes de sumir, estava devendo dinheiro ao Comando Vermelho. Por isso, sofria ameaças da facção.
Foi então que o ex-presidiário chamou o amigo para ‘dar uma prensa’ no cobrador. Na ocasião, os dois balearam o faccionado. Então, eles foram ‘decretados’ de morte pelo grupo criminoso.
Ciente da promessa feita pelas lideranças do Comando Vermelho, Caveirinha chegou a mandar um áudio no grupo dos moradores do Paiaguás, onde afirma que estava andando armado e com colete a prova de balas.
“Eu estou andando só daquele jeito mesmo: de colete e tem que andar com dois. Eu meti bala em um disciplina lá do Paiaguás. O cara queria invocar comigo que quem manda lá no Paiaguás, Nova Fronteira, é ele”, diz ele na gravação.
No entanto, apesar de Caveirinha afirmar que baleou o ‘disciplina’, não há registros oficiais demonstrando que o ferido deu entrada no Hospital e Pronto-Socorro de Várzea Grande.
O DESAPARECIMENTO
Os dois sumiram no dia 25 de abril, quando foram vistos pela última vez em suas casas, localizadas nos bairros Santa Isabel e Paiaguás, ambas em Várzea Grande. Os sumiços foram registrados com uma hora de diferença.
No sábado, 26 de abril, dia seguinte ao desaparecimento, o veículo Ford Fiesta de Caveirinha foi encontrado abandonado, batido e com marca de tiro no para-brisa. O carro estava num matagal, nos fundos do bairro João Baracat, em Várzea Grande. Não havia sinais de sangue no veículo ou no local.
Em uma análise preliminar, a polícia acredita que os dois tenham sido atraídos para o local, uma vez que não há sinais de luta corporal, resistência ou vestígios de sangue no veículo. Além disso, a investigação trabalha com a hipótese de que os tiros foram feitos para despistar as autoridades e dificultar a elucidação do caso.
A polícia continua as buscas para localizar Ronalth e Valderson, mas também estuda a possibilidade de que eles tenham sido assassinados pela facção criminosa.
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