O delegado da Polícia Civil, Guilherme Bertoli, afirmou que a “dor maior” de Gustavo Benedito, um dos envolvidos na morte de Heloysa Alencastro, não foi a prisão em si, mas o fato de ter sido chamado de “mentiroso” pelo próprio pai, Benedito Anunciação — apontado como autor intelectual do crime e responsável por pedir ao filho que ajudasse na execução da adolescente. Ainda assim, o pai negou qualquer envolvimento no assassinato, contrariando a versão do filho e o deixando isolado na responsabilidade.
Bertoli disse ao HNT TV que o arrependimento só "bateu" quando Gustavo entrou na viatura com destino à Penitenciária Central do Estado (PCE). O jovem, assim como o pai, está no Raio 8, de segurança máxima. Ambos estão afastados dos demais presos por terem sofrido ameaças.
"Lógico que, com a prisão, eles demonstraram arrependimento, aí vai caindo a ficha, praticou um crime grave e tal. Mas a dor maior do filho foi em relação a conduta do pai em ter negado, ter imputado ao filho que ele seria um mentiroso", disparou o delegado.
LEIA MAIS: HNT TV: Delegado detalha momentos de horror vividos por Heloysa durante crime brutal
ABANDONADO DUAS VEZES
A dor maior do filho foi em relação a conduta do pai em ter imputado que ele seria um mentiroso
Para Bertoli é nítido que Benedito manipulou o rapaz. A ideia inicial era eliminar Heloysa e a mãe da adolescente, Suellen Alencastro, ex-namorada de Benedito. Conforme Bertoli, o mandante da morte usou da fragilidade emocional de Gustavo por desejar ter de volta convívio com o pai para convencê-lo a participar da ação, dando a entender que ao tirar do seu caminho Heloysa e Suellen, Benedito estaria novamente com a família. O suspeito saiu de casa ao iniciar o namoro com Suellen, em dezembro de 2024.
Segundo o delegado, o sentimento de Gustavo é que Benedito o tinha "abandonado duas vezes", uma ao sair de casa e a segunda na delegacia ao contrariar seu depoimento.
BENEDITO CONTRARIOU "REGRA" DO CRIME
Benedito é faccionado ao Comando Vermelho, mas Bertoli observou que ele ignorou uma regra do crime, que é a de "poupar" familiares, sendo um agravante à segurança do acusado.
"Para mim, ele não é exemplo de pai, não é exemplo de homem, não é exemplo de nada. A gente sabe que até no mundo do crime os criminosos poupam os familiares de participar de uma atividade criminosa. Mas ele convidou o filho para um crime bárbaro. Ele não é inocente, sabia o buraco que estava entrando, só que era um rapaz que tinha uma vida toda pela frente", lamentou Guilherme Bertoli.
O criminoso não tem filtro moral igual a gente tem
Por outro lado, o delegado destacou que, mesmo no caso de suspeitos com histórico de crimes sem violência — como Gustavo e os dois adolescentes envolvidos —, não se pode aplicar uma lógica comum para entender suas motivações. Segundo ele, a mente de quem decide tirar a vida de alguém opera com filtros morais distintos, tornando impossível analisar tais decisões sob a ótica de valores convencionais.
"Apesar de já ter uma mente voltada para crimes sem violência, acabou praticando um crime dessa natureza. A gente questionar a mente do criminoso como filtro, como a nossa mente sendo filtro, a gente nunca vai entender, né? Então, a nossa lente tem que ser a mente do criminoso. E o criminoso não tem um filtro moral igual a gente tem", finalizou Bertoli.
VEJA VÍDEO
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.
