O delegado Lindomar Tofoli afirmou na manhã desta quinta-feira (26) que foi afastado da Delegacia Especializada de Crimes Fazendários e Contra Administração Pública (Defaz) por um ato de pressão política do Governo do Estado, já que estava investigando a atual gestão, deputados aliados e o prefeito de Cuiabá. Ao chegar à Corregedoria da PJC na manhã desta quarta para prestar depoimento no inquérito aberto a pedido do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), Lindomar disse que o seu perfil não agrada o “pessoal poderoso”.
“Eu estava investigando esse Governo. Eu não coloquei na petição, mas eu estava investigando esse Governo. Tem o número do inquérito que eu vou passar [para Corregedoria], está em segredo de Justiça. Então, eu acho que esse é mais um motivo pelo qual eu sai. Provavelmente, de alguma forma isso chegou ao conhecimento dele, quando eu falo dele, eu falo do Governo do Estado. Um pouco antes disso teve aquela situação que caiu para mim [denúncia contra Emanuel Pinheiro]. Se foi designado para mim, eu vou apurar. Tanto que aquilo do Emanuel Pinheiro, da Sangria [operação] veio para mim, eu apurei”, afirma o delegado.
O prefeito Emanuel Pinheiro acusa o Estado de usar a corporação para prejudicá-lo. Tofoli nega ter recebido qualquer pedido especial para investigar e prejudicar o prefeito.
Segundo Tofoli, ele e sua equipe investigavam deputados aliados do Governo, e também o irmão da deputada estadual Janaina Riva (MDB), o que resultou em uma pressão ao governador Mauro Mendes (DEM) para que pedisse sua saída. Em um ato político, o delegado-geral, Mario Demerval, o transferiu para uma unidade em Várzea Grande.
Tofoli chegou de cumprir um mandado de busca e apreensão contra o irmão de Janaina, que é médico e estaria usando um documento falsificado para trabalhar no Detran.
“A Janaina é aliada do Governo. Ano passado eu estava investigando o pessoal que era aliado do Governo. Aí pressionaram o governador, e o governador pressiona o cargo de confiança que é o delegado-geral, já tem um histórico. Quando você lida com pessoal poderoso, o meu jeito, o meu perfil, desagrada. Teve essa situação, o mandado de busca saiu um pouco antes”, argumenta.
O delegado Lindomar Tofoli está em uma briga judicial com o Estado desde 2019. Depois de sua transferência, ele ingressou com uma ação no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) questionando a motivação do ato.
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A transferência coincidiu com entrega de um documento para os deputados Eduardo Botelho (DEM) e Janaina Riva (MDB), por parte de Emanuel Pinheiro, relatando que os dois delegados [Tofoli e Anderson Veiga] teriam a “missão” de incriminá-lo, diante de um boletim de ocorrência feito pela servidora da Secretaria Municipal de Saúde, Elizabete Almeida.
De acordo com a defesa do delegado, o mandado foi protocolado pois o diretor não citou o motivo da mudança da autoridade policial, como prevê a Lei 12.830/13.
OUTRO LADO
Procurado pela reportagem, o gabinete do governador Mauro Mendes disse que mandaria um posisionamento por escrito, o que não aconteceu até a puplicação da reportagem. A reportagem também aguarda o posicionamento da deputada Janaína Riva, citada pelo delegado.
A Polícia Civil disse que não irá comentar o caso.
Além de Lindomar Toffoli, o delegado Flávio Stringuetta já foi ouvido pela Corregedoria na última terça (24). Já o delegado Anderson Veiga será interrogado nesta sexta-feira (27).
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