Daniel Graham e Adam Carruthers partiram com uma motosserra em uma noite escura e tempestuosa de 2023 para realizar o que um promotor chamou de "missão idiota" e derrubaram a majestosa árvore sobre a Muralha de Adriano.
Graham, 39, e Carruthers, 32, foram condenados cada um por duas acusações de danos criminais - uma por destruir a árvore e a outra por danificar a antiga muralha que é Patrimônio Mundial da UNESCO.
A juíza Christina Lambert condenou a dupla no Tribunal de Newcastle a quatro anos e três meses de prisão por haver um alto grau de premeditação e planejamento para destruir a árvore e porque o ato irritou e entristeceu muitas pessoas. Lambert concluiu que os dois fizeram isso principalmente por "pura bravata".
"Derrubar a árvore no meio da noite e no meio de uma tempestade deu a vocês uma espécie de emoção", disse ela. "Vocês se deleitaram com a repercussão, demonstrando orgulho evidente pelo que tinham feito, sabendo que eram responsáveis pelo crime sobre o qual tantos estavam falando."
Novidade em um crime contra uma árvore
Sarah Dodd, advogada especializada em legislação sobre árvores, disse que foi a primeira vez no Reino Unido que alguém foi preso por derrubar ilegalmente uma árvore.
"Hoje me senti profundamente triste. Não há vencedores", disse Sarah. "A árvore Sycamore Gap não era apenas madeira e folhas. Era um marco de memória, história, pertencimento", afirmou.
A árvore, localizada em uma depressão entre duas colinas, era conhecida pelos moradores locais, mas se tornou famosa após uma aparição no filme "Robin Hood: Príncipe dos Ladrões", de Kevin Costner, de 1991. Ela atraiu turistas, casais, fotógrafos de paisagens e aqueles que espalham as cinzas de entes queridos. Foi eleita a "Árvore do Ano" inglesa em 2016.
No julgamento, os dois homens testemunharam que estavam em suas casas na noite em questão e não tiveram nada a ver com a destruição da árvore.
Mas, diante da possibilidade de passar até 10 anos atrás das grades, mudaram de depoimento quando interrogados por um agente de condicional antes da sentença, embora tenham procurado minimizar sua culpa, disse a juíza.
Depoimentos
Carruthers disse que bebeu uma garrafa de uísque depois de um dia difícil e que tudo ficou confuso, afirmou a juíza Christina Lambert. Embora Graham tenha admitido que se juntou a Carruthers na jornada, ele disse que ficou "chocado" ao saber que seu ex-amigo havia de fato cortado a árvore.
"Embora possa haver grãos de verdade no que cada um de vocês disse, não aceito que suas explicações aos agentes de condicional sejam totalmente honestas ou que a história toda seja contada", disse Lambert.
A queda da árvore no Parque Nacional de Northumberland, em 28 de setembro de 2023, causou fúria e condenação, à medida que a notícia se espalhou rapidamente para além da antiga muralha construída pelo Imperador Adriano em 122 d.C. para proteger a fronteira noroeste do Império Romano.
Mensagens de pesar chegaram do mundo todo, disse Andrew Poad, gerente geral da organização de caridade de preservação do patrimônio e da natureza National Trust.
"Esta árvore icônica jamais poderá ser substituída", disse Poad em um comunicado lido por um promotor. "Ela pertencia ao povo. Era um símbolo totêmico para muitos; um destino para visitar enquanto caminhava pela Muralha de Adriano, um lugar para criar memórias, tirar fotos em todas as estações; mas também era um lugar de santuário", afirmou.
Provas digitais conectaram os homens ao crime
Os promotores disseram que o valor da árvore foi estimado em cerca de US$ 615 mil, enquanto o advogado de Graham disse que ela foi avaliada em cerca de US$ 200 mil.
Graham, que tinha uma pequena empresa de construção, e Carruthers, um mecânico que às vezes trabalhava com ele, eram amigos próximos. Mas os dois, que compareceram juntos à primeira audiência com os rostos mascarados, tiveram um desentendimento à medida que o caso avançava.
Graham disse que Carruthers era culpado e afirmou que seu amigo tentou incriminá-lo. O advogado de Carruthers disse que a história de Graham era implausível e o acusou de tentar se esquivar da culpa. Os jurados rapidamente condenaram ambos em maio, com base em um conjunto de provas digitais.
O Range Rover de Graham foi rastreado até um local próximo à árvore no momento em que ela caiu. Um vídeo granulado da derrubada foi encontrado em seu celular - com metadados mostrando que foi gravado no local da árvore.
Enquanto dados digitais mostravam o veículo de Graham voltando para onde os dois moravam, a cerca de 40 minutos de distância, Carruthers recebeu uma mensagem de texto de sua namorada com imagens do filho de 12 dias. "Tenho um vídeo melhor que esse", disse Carruthers.
"Estupidez embriagada"
O vídeo em preto e branco mostrou uma única figura ao lado da silhueta da árvore enquanto uma motosserra ganhava vida. A pessoa se inclinou sobre o tronco e, em menos de três minutos, a árvore, que existia havia cerca de 150 anos, cambaleou e caiu.
Os promotores não puderam dizer no julgamento quem cortou a árvore e quem registrou o ato insensato, mas disseram que ambos eram igualmente culpados.
Christina Lambert concordou que ambos compartilhavam a mesma responsabilidade. Mas ela disse que as recentes admissões dos homens deixaram claro que Carruthers empunhava a serra enquanto Graham gravava o vídeo. Graham enviou o vídeo para Carruthers.
"Infelizmente, não passa de estupidez embriagada", disse o advogado de defesa Andrew Gurney. "Ele derrubou aquela árvore e é algo do qual se arrependerá pelo resto da vida. Não há explicação melhor do que essa."
(Com Agência Estado)
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