Israel confirmou a entrada de cinco caminhões com leite em pó e outros itens urgentes nesta segunda-feira, 19, enquanto avançava com uma nova operação terrestre na Faixa de Gaza.
O secretário-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom, alertou que o risco de fome em Gaza estava aumentando com o bloqueio deliberado à assistência. Ele disse que há 2 milhões de pessoas famintas enquanto toneladas de alimentos estão retidas na fronteira.
Por sua vez, chefe da ONU para assuntos humanitários, Tom Fletcher, disse que a ajuda é bem-vinda e deve ser mantida, mas representa apenas "uma gota no oceano".
Ele pediu ao governo israelense que abra pelo menos duas passagens (no norte e no sul da Faixa de Gaza), remova cotas e impedimentos de acesso e não realize ataques nos horários de entrega. "Precisamos ter permissão para ampliar nossa capacidade", apelou, destacando que os civis precisam de ajuda com urgência.
Fletcher disse que, ao todo, nove caminhões da ONU foram autorizados a entrar na Faixa de Gaza e expressou preocupação com roubos e saques, um problema crescente à medida que os recursos se tornam cada vez mais escassos. "Para reduzir os saques, é necessário um fluxo regular de ajuda", afirmou.
De acordo com Israel, os outros quatro caminhões com acesso liberado deve chegar ao território palestino amanhã.
O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, disse que decidiu retomar a ajuda "mínima" a Gaza após aliados alertarem que não poderiam apoiar uma nova ofensiva militar, caso houvesse "imagens de fome" no território palestino.
Logo após a entrada dos primeiros caminhões, Reino Unido, França e Canadá classificaram a ajuda como "totalmente inadequada". E ameaçaram adotar ações concretas contra Israel, incluindo sanções.
"Israel sofreu um atentado atroz em 7 de outubro. Sempre apoiamos o direito de Israel de defender os israelenses contra o terrorismo, mas esta escalada é totalmente desproporcional", escrevem Keir Starmer, Emmanuel Macron e Mark Carney, acrescentando que não ficariam de braços cruzados diante das "ações escandalosas" do governo Binyamin Netanyahu.
"Se Israel não puser fim à nova ofensiva militar nem levantar suas restrições à ajuda humanitária, adotaremos outras medidas concretas em resposta", segue a declaração. Macron, Carney e Starmer advertiram contra o deslocamento forçado de civis e disseram que estão decididos a reconhecer a um Estado palestino.
Reino Unido, França e Canadá também fazem parte do grupo de 22 países que exigiu a retomada completa e imediata da ajuda na Faixa de Gaza. A declaração critica o novo modelo proposto por Israel e defende que o apoio seja organizado pelas Nações Unidas.
Sem a presença dos Estados Unidos, o grupo disse que a ONU e as organizações humanitárias não podem aceitar o formato que "relaciona a ajuda humanitária a objetivos políticos e militares".
"A ajuda humanitária nunca deve ser politizada e o território palestino não deve ser reduzido ou submetido a nenhuma mudança demográfica", afirma o comunicado.
Segundo Netanyahu, a ajuda a Gaza seria "mínima" e funcionaria como ponte para o lançamento de um novo sistema de assistência no território. Uma organização apoiada pelos EUA seria responsável por fazer a entrega em centros protegidos pelo Exército israelense.
Israel alega que o plano visa impedir o Hamas de ter acesso à assistência. A ONU, por outro lado, afirma que a proposta é insuficiente para atingir as necessidades urgentes dos palestinos e alerta contra o uso da ajuda humanitária como arma.
Autoridades familiarizadas com as discussões disseram que o plano envolverá a criação de pontos de distribuição principalmente no sul de Gaza, forçando o deslocamento dos palestinos.
No fim de semana, Israel iniciou uma extensiva operação terrestre apoiada por ataques aéreos. E o Exército emitiu alertas para que os civis se retirem de Khan Younis, a maior cidade no sul da Faixa de Gaza.
Israel diz estar pressionando o Hamas a libertar o restante dos reféns sequestrados no ataque terrorista que desencadeou a guerra, em 7 de outubro de 2023. O Hamas declarou que só os libertará em troca de um cessar-fogo duradouro e a retirada israelense.
Binyamin Netanyahu reiterou nesta segunda-feira que Israel pretende "tomar o controle de toda Gaza." Ele afirmou que o país incentivará o que chama de emigração voluntária de grande parte da população de Gaza para outros países - o que os palestinos rejeitam.
A declaração pareceu uma tentativa de acalmar os extremistas de direita na base do governo, que pressionaram contra a ajuda humanitária na Faixa de Gaza. A assistência havia sido bloqueada há 11 semanas, quando Israel rompeu o cessar-fogo.
No vídeo, Netanyahu disse ter ouvido dos principais aliados israelenses: "Não podemos aceitar imagens de fome, fome em massa. Não podemos tolerar isso. Não poderemos apoiá-los."
O governo americano, que declarou total apoio a Israel e culpa o Hamas pelas mortes na Faixa de Gaza, demonstrou crescente preocupação com a fome. O presidente Donald Trump disse que muitas pessoas em Gaza estão morrendo de fome durante viagem ao Oriente Médio, que não incluiu Israel. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
(Com Agência Estado)
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