“Não me sentiria confortável presidir essa investigação e acho também que não seria ético”. Assim o promotor Mauro Zaque explicou, em entrevista ao programa Resumo do Dia exibido nesta quinta-feira (19), o pedido de afastamento do inquérito que apura denúncia de pagamento de propina pelo empresário Willians Mischur, dono da Consignum. Na mesma ocasião, o promotor garantiu que irá à Assembleia Legislativa prestar os esclarecimentos solicitados pelo deputado Emanuel Pinheiro (PMDB).
A Consignum foi pivô da Operação Sodoma 2, que apura suposto pagamento de propina por parte da empresa para que mantivesse contratos com o Governo do Estado durante a gestão Silval Barbosa (PMDB). Contudo, os investigadores encontraram indícios de que a propina continuou sendo paga a membros do governo Pedro Taques (PSDB).
“Fizemos uma reunião com todos os promotores e como as investigações estavam caminhando no sentido de que pode haver atos praticados nesta gestão, e eu fiz parte do governo até ano passado, por uma questão ética não me senti confortável em presidir essa investigação”, explicou Zaque, que foi secretário de Segurança de Taques.
Segundo Zaque, poderia ser cogitado algum tipo de perseguição ao governo atual caso ele instaurasse ação, já que ele fez parte da gestão. Ao contrário, se pedisse o arquivamento do caso, haveria a possibilidade de que fosse entendido que ele estaria beneficiando o investigados.
De acordo com o promotor, seu afastamento já foi oficializado e quem assumirá o caso é o promotor Roberto Turin.
Ao saber do pedido de afastamento do promotor, o deputado Emanuel Pinheiro, apresentou um requerimento durante a sessão desta quarta-feira (18), solicitando a presença de Zaque na Assembleia Legislativa para prestar esclarecimentos sobre seu desligamento do caso à Comissão de Trabalho e Administração Pública. A votação do pedido de Emanuel acontecerá na terça-feira (24).
“Me sinto confortável em colaborar com qualquer órgão que esteja em busca da verdade dos fatos”, respondeu o promotor, garantindo que comparecerá à Assembleia Legislativa caso o requerimento seja aprovado pelo plenário.
Abertura de inquérito
O inquérito foi aberto pelo Ministério Público Estadual (MPE) no começo de abril e tem como objetivo investigar uma suposta fraude na contratação e gerenciamento de empréstimos consignados a servidores do Estado.
As investigações começaram a partir de uma denúncia anônima que relatava o pagamento de propina a agentes públicos estaduais a fim de manter a Consignum como operadora do esquema.
Sodoma 2
A operação 2 apura conduta dos membros da organização criminosa na utilização de recursos provenientes do pagamento de propina e lavagem de dinheiro. Os trabalhos são desdobramentos das investigações relacionadas à concessão fraudulenta de incentivos fiscais do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso, o Prodeic.
As investigações apuraram que parte dos cheques repassados como pagamento de propina a servidores públicos foram utilizados para aquisição de um imóvel localizado na Avenida Beira Rio, bairro Grande Terceiro, em Cuiabá.
Foram cumpridos mandados de prisão contra os ex-secretários Pedro Jamil Nadaf (Indústria e Comércio), Marcel Sousa de Cursi (Fazenda), César Roberto Zílio (Administração); Willian Paulo Mischur (Consignum – empresa de empréstimo consignado para servidores públicos); e Karla Cecília de Oliveira Cintra, assessora direta de Pedro Nadaf, que na primeira fase da operação Sodoma teve medida cautelar para uso de tornozeleira eletrônica decretada e agora foi expedida ordem de prisão.
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