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Justiça Segunda-feira, 18 de Julho de 2022, 15:01 - A | A

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Segunda-feira, 18 de Julho de 2022, 15h:01 - A | A

MORTE NA LAGOA TREVISAN

Mãe de Rodrigo Claro pede justiça durante audiência que pode levar Ledur a novo julgamento

Esta é a segunda vez que Ledur é denunciada pelo crime de tortura. Em setembro de 2021, a Justiça Militar a condenou pelo crime de maus-tratos contra o soldado Rodrigo Claro, de 21 anos, embora a denúncia tenha sido pelo crime mais grave.

AMANDA DIVINA
Da redação

Jane Claro, mãe do soldado Rodrigo Claro, que morreu durante um treino de instrução também na Lagoa Trevisan em Cuiabá, comemorou a audiência de instrução que pode levar a tenente do Corpo de Bombeiros Izadora Ledur de Souza Dechamps novamente a julgamento. O Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) denunciou a tenente pelo crime de tortura contra o aluno Maurício Júnior dos Santos. A audiência, que acontece nesta segunda-feira (18), está sendo presidida pelo juiz da 11ª Vara Criminal de Cuiabá, Marcos Faleiros.

Reprodução

jane

 

"Está acontecendo neste exato momento a primeira audiência do caso Maurício, ex-aluno do Corpo de Bombeiros de MT, vítima também das malditas mãos da tenente Isadora Ledur, a mesma que com suas atitudes tirou a vida de meu filho Rodrigo Claro em novembro de 2016. Que Deus possa colocar suas mãos e fazer sua justiça. Senhor, eu confio e espero em vós", disse a mãe em uma rede social.

O caso de Rodrigo aconteceu em novembro de 2016. O jovem fazia aula de instrução de salvamento quando passou mal. Rodrigo ficou em coma na Unidade de Tratamento Intensiva (UTI) de um hospital particular de Cuiabá e morreu cinco dias depois.

Desde a morte do aluno, a oficial foi afastada dos trabalhos e apresentou vários atestados médicos alegando problemas psicológicos. No entanto, em 2019, Ledur retomou ao trabalho no setor administrativo da corporação. Em 2021, Ledur foi condenada pelo crime de mau-tratos e a um ano de detenção, pena cumprida em regime aberto. Com isso, ela não perdeu a patente.

CASO MAURÍCIO

De acordo com o documento assinado pelo promotor Paulo Henrique Amaral Motta, entre os meses de janeiro e fevereiro de 2016, durante o treinamento de salvamento aquático em ambiente natural do 15º Curso de Formação de Soldado do Corpo de Bombeiros, realizado na Lagoa Trevisan, em Cuiabá, Ledur submeteu o aluno Maurício a intenso sofrimento físico e mental como forma de lhe aplicar castigo pessoal.

Apesar de apresentar bom condicionamento físico, bem como ter sido aprovado em todas as fases do concurso público para compor o quadro de servidores do Corpo de Bombeiros, incluindo a etapa TAF (teste de aptidão física), Maurício demonstrou dificuldades na execução das atividades aquáticas, o que era visível a todos os alunos e instrutores.

Durante o treinamento, Maurício precisou percorrer 40 metros na lagoa e, em certo momento, ele começou a sentir câimbras. O rapaz chegou a receber uma boia ecológica de um tenente. Porém, o promotor ressaltou que Ledur determinou que os demais alunos seguissem com a travessia da lagoa e abandonassem o aluno.

"A partir daí, como forma de aplicar castigo pessoal, a denunciada passou a torturar física e psicologicamente a vítima, quando, além de proferir palavras ofensivas, utilizando a corda da boia ecológica iniciou uma sessão de afogamentos, submergindo-a por diversas vezes", afirmou.

Após ter recebido alguns "caldos", Maurício começou a gritar por socorro e segurou os braços da tenente Ledur. Neste momento, Ledur teria dito para o aluno “Você está louco? Aluno encostando em oficial”. Em seguida, o aluno acabou perdendo a consciência e acordou somente quando estava às margens da lagoa.

O promotor Paulo Motta reforçou que a autoria do crime de tortura encontra-se robustamente demonstrada, por força do contido nos documentos, e pediu a condenação da oficial pelo crime de tortura.

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