O Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) afirmou nesta terça-feira que vai manter a taxa de juros "excepcionalmente baixa" até meados de 2013, em um esforço para apoiar a frágil economia em um momento de lenta recuperação e temores de uma recessão.
Atualmente, a taxa de juros dos EUA está no menor nível da história, entre 0% e 0,25%. A ideia é dar confiança aos investidores de que o Fed continua ajudando a economia.
Não está claro, no entanto, se a decisão será suficiente para reverter a tendência de queda das Bolsas americanas, que caíram mais de 15% nas últimas duas semanas.
O Fed ressaltou ainda que o crescimento econômico dos EUA está consideravelmente mais fraco do que o esperado, sugerindo que a inflação vai continuar contida no futuro próximo.
Três membros do conselho do Fed, Richard Fisher de Dallas, Narayana Kocherlakota de Minneapolis, e Charles Plosser da Filadélfia, votaram contra a medida.
"O comitê antecipa que as condições econômicas --incluindo as baixas taxas de utilização de recurso e as expectativas de inflação no médio prazo-- devem garantir níveis excepcionalmente baixos para os juros dos fundos federais até ao menos meados de 2013", disse o órgão, em comunicado.
O Fed reiterou ainda sua política de reinvestir os lucros dos títulos em seu portfólio, apesar de não ter definido um prazo para tal.
RECOMPRA
O comunicado decepcionou os economistas, que esperavam ver medidas concretas para influenciar na economia americana, como um possível novo relaxamento, com a injeção, por parte do governo, de dinheiro para fazer girar a economia.
Há três semanas, o presidente do Fed, Ben Bernanke, disse estar preparado para oferecer mais estímulos à economia se fosse necessário.
A expectativa da imprensa americana era que o Fed divulgasse nesta terça-feira uma nova rodada de recompra de títulos do Tesouro, uma prática de compra de títulos do Tesouro que equivale na prática à impressão de moeda.
O relaxamento, chamado de "quantitative easing", tem como objetivo declarado aumentar a liquidez do sistema econômico --o que pode animar investidores e consumidores a voltar a gastar.
Na primeira vez, o Fed chegou a investir no auge da crise econômica mundial, entre 2008 e 2009, US$ 1,75 trilhão na compra de títulos. Sua segunda versão foi adotada por oito meses, até junho de 2011 e injetou US$ 600 bilhões na economia americana --sem grandes resultados no crescimento dos EUA.
Uma segunda opção de interferência na economia, segundo o próprio Bernanke afirmou, seria reduzir os juros pagos aos bancos pelas reservas bancárias, o que iria encorajar essas instituições a aumentar o crédito.
PÂNICO
Em meio ao pânico mundial dos mercados acionários --que amargaram quedas nas Bolsas semelhantes ao do auge da crise, em 2008--, os investidores ignoraram o rebaixamento da nota dos EUA e correram para títulos do Tesouro americano e para o dólar. O rendimento desses papéis caiu para o menor nível desde 2009.
A fuga de capital das Bolsas derrubou índices pelo mundo. A Bovespa despencou 8,08%, e o dólar foi a R$ 1,61. Petrobras, Vale e Marfrig amargaram forte desvalorização. A presidente Dilma Rousseff recomendou às pessoas cautela na hora de gastar.
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER e acompanhe as notícias em primeira mão.