Além do leilão, o cenário externo de maior aversão ao risco ajuda também a explicar a abertura da curva, com os investidores mais inseguros sobre a política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) e seus efeitos na economia.
A taxa do DI para janeiro de 2023 fechou em 13,72% (máxima), de 13,71% no ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2024 voltou aos 13%, encerrando em 13,01%, de 12,86%, e a do DI para janeiro de 2025, ficou novamente acima dos 12%, em 12,02% (máxima), de 11,87%. A taxa do DI para janeiro de 2027 terminou em 11,71%, de 11,59%.
A oferta grande de NTN-B vista na terça-feira já prenunciava o que seria o leilão de prefixados nesta quinta, mas ainda assim os 23 milhões de LTN lançados surpreenderam - na semana passada foram 11 milhões. Já a oferta de NTN-F, de 650 mil, foi bem menor do que os 2 milhões da anterior.
De todo modo, segundo a Renascença DTVM, o DV01 de ambas, de US$ 926 mil, foi o maior desde a operação de 10/06/2021, quando ficou em US$ 981 mil. Houve demanda integral pelas LTN 1/10/2023 (1 milhão), 1/10/2024 (2 milhões) e 1/1/2026 (20 milhões). O mercado também absorveu ambos os lotes de NTN-F 1/1/1029 (500 mil) e 1/1/2033 (150 mil).
Para o gestor de renda fixa da Sicredi Asset, Cassio Andrade Xavier, alguns fatores explicam a agressividade das ofertas recentes. Segundo ele, entre meados de julho e começo de agosto, a curva do DI abriu bastante, dificultando as colocações, num cenário de muita incerteza com a inflação tanto aqui quanto no exterior. Porém, desde então, houve alívio nos prêmios de risco abrindo caminho para o Tesouro retomar os lotes mais expressivos. "Além disso, entramos numa janela de vencimento de papéis bastante forte, com dinheiro na praça. Então o Tesouro aproveitou essa liquidez, o momento em que as taxas baixaram e também porque tinha ficado um pouco para trás", afirma, destacando que o segmento de renda fixa está "captando bem" e tem condições de absorver grandes quantidades.
Os DIs abriram o dia sem tendência definida, mas se firmaram em alta e batendo máximas no momento de divulgação do edital do leilão. Passada a operação, devolveram parcialmente a pressão, embora parte das taxas tenha retomado o fôlego no começo da tarde. A quinta-feira foi de cautela nos mercados em geral com os investidores avaliando como exagerada a leitura "dovish" feita na quarta-feira da ata do Federal Reserve. Com isso, a busca pela segurança dos Treasuries e do dólar deu o tom aos negócios.
No Brasil, o mercado monitorou a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no painel no Macro Day 2022, organizado pelo BTG Pactual. No evento, afirmou que o mercado entende que "o trabalho do BC em juros está praticamente feito" e repetiu que o BC fez o ajuste "mais cedo e mais rápido".
As declarações foram lidas como mais um sinal da intenção do Banco Central de parar de subir a Selic, apesar dos reiterados alertas na seara fiscal e do reconhecimento de que os núcleos da inflação e a inflação de serviços estão rodando em níveis elevados
(Com Agência Estado)
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER e acompanhe as notícias em primeira mão.