Após a queda dos títulos no começo da semana e dos temores que o país fosse atingido por uma crise como a da Grécia, o Parlamento da Itália vota a partir desta quinta-feira (14) uma série de medidas para tentar reduzir o déficit publico e dar um sinal forte ao mercado internacional.
O plano econômico prevê uma redução de gastos públicos, ajustes e cortes no setor previdenciário, redução dos subsídios do governo para administrações regionais, liberalização do mercado, taxação de ganhos em operações financeiras e proibição de que funcionários acumulem cargos públicos.
O corte previsto no orçamento é de 79 bilhões de euros (cerca de R$ 180 bilhões), de forma progressiva num prazo de quatro anos, com o objetivo de reduzir o déficit italiano para 3% em 2012 e para zero até 2014, em comparação com os 3,9% em relação ao PIB registrados neste ano.
Sindicatos e oposição criticam as medidas alegando que elas vão atingir a faixa mais pobre da população com cortes sobretudo em aposentadorias e serviços médicos públicos.
PLANO SUFICIENTE
Na avaliação do presidente do Banco Central italiano, Mario Draghi, no entanto, a contenção de gastos traçada pelo plano econômico do governo não é suficiente.
Draghi, que a partir de novembro será o novo presidente do Banco Central Europeu, sugere cortes em outros setores, caso contrário será preciso aumentar os impostos, medida impopular que não é bem vista pelo governo do premiê Silvio Berlusconi.
'É preciso definir rapidamente o conteúdo das próximas medidas que visam obter o equilíbrio de orçamento em 2014. É para isso que a atenção dos mercados está voltada hoje. Há o risco de essas medidas deturparem o sistema de correções baseado sobretudo em cortes de gastos', afirmou. Analistas também criticaram o pacote pela ausência de medidas para incentivar o crescimento econômico.
BAIXO CRESCIMENTO
Quarta maior economia da União Européia e terceira maior da zona do euro, a Itália registra um dos menores crescimentos no continente.
Em 2010 o PIB italiano cresceu 1,2% e perdeu o posto de sétima maior economia do mundo para o Brasil.
A enorme dívida pública italiana, de 120% do PIB, foi uma das principais causas do temor que afetou os mercados financeiros na última segunda-feira. Entre os países da zona do euro, esse percentual só é menor que o da Grécia, cujo endividamento atinge 150% da riqueza nacional.
Apesar disso, a Itália tem um dos menores déficits públicos da zona do euro, de 3,9% do PIB, menos que a metade de países mais afetados pela crise como Grécia, Espanha e Irlanda, reduzindo a necessidade de captação de recursos para o pagamento de suas dívidas.
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