Com a pressão para a alta da moeda vinda do exterior, o Banco Central ficou novamente de fora do mercado de câmbio, marcando o 13º dia seguido sem ofertas extraordinárias de novos contratos de swap (venda de dólar no mercado futuro). A instituição fez nesta quarta, assim como vem fazendo nos últimos dias, apenas a rolagem de contratos, em operação que somou US$ 700 milhões. Exportadores que na terça venderam dólares e ajudaram a moeda cair 1,71%, para R$ 3,80, nesta quarta reduziram suas operações, enquanto os importadores intensificaram as compras, segundo operadores de câmbio.
"O governo Trump mais uma vez abalou os mercados de câmbio", afirma o diretor em Nova York da área de moedas da BK Asset Management, Boris Schlossberg. Para ele, a reação dos mercados nesta quarta só não foi pior porque a decisão de Trump de mais tarifas ainda é uma proposta, não uma medida efetiva. "Os mercados esperam que o estilo característico de negociação de Trump, 'de fazer muito barulho e depois recuar', possa resultar em menos danos do que se pensava inicialmente", avalia ele.
"Estamos nos movendo para um estágio onde as tarifas podem começar a ter um efeito mais palpável na atividade dos emergentes", ressalta o economista de mercados emergentes da consultoria Capital Economics, William Jackson.
Em meio à piora do humor no mercado financeiro internacional, o Bank of America Merrill Lynch apontou Brasil, Turquia e África do Sul como os três mercados emergentes mais frágeis entre os dez maiores países deste grupo. O estudo leva em conta indicadores fiscais, do balanço de pagamento e a evolução do Produto Interno Bruto (PIB), entre outros indicadores. O Brasil tem bons números nas contas externas, mas o lado fiscal é um dos piores na comparação com outros mercados. Como reflexo, o real é uma das moedas que mais perderam o valor ante o dólar este ano. A divisa dos EUA acumula alta de 17% até hoje.
(Com Agência Estado)
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